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Reforma do setor elétrico pode impulsionar cooperativas de energia no Brasil
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A reforma no setor elétrico brasileiro, que foi aprovada pelo Congresso com conquista para o cooperativismo, prevê mudanças significativas e estratégicas que devem impactar não apenas o segmento, mas a economia brasileira como um todo. O setor de energia do Brasil já é um dos mais limpos do mundo. Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2025, a energia eólica e solar representam 23,7% da eletricidade do país em 2024. No mesmo ano, a energia por fontes renováveis foi de 88,2%, acima da média mundial. A reforma abre espaço para o cooperativismo, que se destaca pela sustentabilidade e pode trazer ainda mais impulso para a transição energética do Brasil. Atualmente, 906 coops já produzem sua própria energia, e estão presentes em todas as regiões brasileiras promovendo o uso de fontes renováveis. No aspecto do consumidor, as indústrias e meios de transporte são os maiores usuários de energia do país, acumulando 64,8%, segundo o BEN de 2024. As residências representam 10,7% do uso. Esses valores são significativos e, com a abertura dos mercados proposta pela reforma, a influência de novos agentes, incluindo o cooperativismo, deve aumentar. Após aprovação do Senado Federal, as mudanças da MP seguem, agora, para sanção do Executivo e devem ser validadas até 7 de novembro para não perder validade. O que é a reforma do setor elétrico A MP que instituiu a reforma do setor elétrico deve ter reflexos sobre a economia, o meio ambiente e a relação com consumidores. Motivada pelos avanços tecnológicos que permitem fortalecer as energias limpas e pela necessidade de abertura do mercado, algumas das principais mudanças trazidas pela MP são: 1. Mais famílias terão acesso à Tarifa Social Um dos pontos de destaque da reforma do setor elétrico é a implementação do desconto social de energia elétrica para famílias de baixa renda, que deve atingir mais de 60 milhões de pessoas. Esse desconto, que vem para ampliar a Tarifa Social, determina que famílias do Cadastro Único, com renda per capita de até meio salário mínimo e consumo de até 80 kWh mensais, não precisarão pagar conta de energia. A regra também delimita que as famílias cuja renda está entre meio e um salário-mínimo per capita, que gastam até 120 kWh por mês, poderão ter acesso direto a descontos graduais. Na economia, o impacto da Tarifa Social, que já é grande, vai se expandir. Em 2024, o programa movimentou R$ 6,4 bilhões em abatimentos nas faturas de consumidores e beneficiou 17,4 milhões de famílias. 2. Mercado Livre de Energia se abre a demais consumidores A abertura do mercado livre de energia aos consumidores residenciais e pequenos comércios é mais um ponto importante da reforma do setor elétrico. Atualmente, apenas grandes empresas conseguem ter acesso ao Ambiente de Contratação Livre, podendo escolher livremente quem são seus fornecedores. Com a nova proposta, a ideia é que a partir de 2027/2028 todos possam ter liberdade para tomar essa decisão, o que deve impactar o mercado e aumentar a concorrência, viabilizando o surgimento de novos agentes - como as cooperativas de energia. Essa medida também possibilita condições mais vantajosas para os consumidores, que poderão escolher de acordo com suas preferências - um modelo que já existe com o segmento de internet e telefonia, por exemplo. As operações bilaterais reduzem impactos negativos em momentos de crise e fortalecem a confiança na relação entre consumidores, comerciantes e geradores de energia. Modificações em encargos para gerar equilíbrio A proposta também prevê ajustes nos encargos, propondo mudanças nos benefícios concedidos a instituições de geração própria de energia, com o objetivo de tornar o setor mais equilibrado e justo, inclusive para as cooperativas. Estão sendo consideradas mudanças na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um fundo que ajuda a financiar políticas públicas no setor elétrico - como a Tarifa Social, acima citada, e projetos de expansão do acesso à energia para lugares distantes. Os custos atuais da CDE estão nas contas de luz de todos os consumidores de forma desbalanceada, ou seja, sem levar em consideração a capacidade financeira de cada consumidor. A reforma busca melhorar a distribuição desses encargos, deixando os custos financeiramente viáveis para todos. Oportunidades para o cooperativismo Uma das principais transformações da reforma é a expansão do Mercado Livre de Energia. Com a mudança, o consumidor terá liberdade de escolha de fornecedor, visando os melhores custos-benefícios e qualidade da geração e distribuição de energia. Essa ação abre espaço para novos players entrarem ou crescerem no setor, e as cooperativas encontram uma grande oportunidade para se destacar como fornecedoras de energia limpa e acessível. O mercado é promissor, em especial por atrair olhares do exterior. O setor elétrico brasileiro se tornou o preferido dos investidores chineses, sendo o segmento que mais recebeu alocação de recursos do país em 2024. No total, o Brasil recebeu US$ 1,43 bilhão de capital da China no último ano, marcando um aumento de mais de 100% em comparação a 2023. Com 22 empreendimentos, maior volume desde 2007, esse segmento representa altas possibilidades de crescimento e sucesso. Cenário de cooperativas de energia atual - e o que pode mudar O cooperativismo já está presente no setor de energia elétrica, seja pelas cooperativas de infraestrutura que realizam a geração e comercialização de energia ou por cooperativas de outros ramos que têm produção para uso da própria e de seus cooperados. Só em 2024, esse segmento contou com 73 usinas em operação, somando mais de 385 MW de potência instalada, segundo AnuárioCoop 2025. Com a chegada da reforma e o incentivo à geração distribuída, as cooperativas de energia podem ganhar ainda mais espaço e vantagem competitiva no mercado. A atuação das cooperativas incentiva a sustentabilidade Sendo a sustentabilidade um princípio inegociável do cooperativismo, essas coops fomentam a energia hidráulica, solar fotovoltaica, biomassa e outras oriundas de fontes renováveis. Com sua ampliação no segmento, o cooperativismo se posiciona como um modelo que impulsiona a energia limpa, ao mesmo tempo que garante acesso à energia barata para comunidades e pequenos produtores. Fontes renováveis, que já são um destaque do Brasil, podem se ampliar graças à energia cooperativa. Esse modelo, afinal, engaja os cooperados no processo de descentralização e distribuição. No cooperativismo, os cooperados são mais do que consumidores passivos. Eles também ganham um papel crucial na transição energética do país, o que se alinha com o aumento do protagonismo que será reflexo da abertura do mercado. Subvenção mantém coops competitivas Graças à movimentação do Sistema OCB, a MP mantém subvenção para pequenos geradores, uma medida de extrema importância para a competitividade das cooperativas. A proposta inicial da Fazenda previa acabar com a subvenção que beneficia cooperativas de áreas rurais e de baixa densidade populacional, regiões que precisam ter grandes redes de energia para atender poucos consumidores. Ao manter o apoio financeiro, o cooperativismo segue se destacando na sua missão de garantir a inclusão energética e desenvolvimento regional no interior do Brasil. A manutenção da subvenção mostra a importância desse modelo para assegurar tarifas acessíveis para todas as regiões do país. Conclusão: próximos passos A abertura total do mercado será um processo gradual com resultados a longo prazo. Mas as cooperativas já devem estar atentas, pois, ao mesmo tempo que a reforma do setor elétrico traz oportunidades, também exige adaptação e preparo para garantir a competitividade e crescimento. Investindo em inovação e tecnologia, sem deixar de lado o aspecto humano e as preocupações sociais que mantêm a essência do modelo, o cooperativismo pode se tornar um modelo promissor para democratizar a transição energética no Brasil. Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, o resultado é uma vitória coletiva: “As cooperativas de energia cumprem um papel essencial na inclusão energética e no desenvolvimento regional. A manutenção da subvenção é um reconhecimento de que esse modelo funciona, garante tarifas acessíveis e leva qualidade de vida ao interior do Brasil. Essa conquista é fruto da união do movimento cooperativista e da sensibilidade dos parlamentares que compreenderam a relevância do tema”, destacou.
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A comunicação efetiva com diferentes gerações consiste em um desafio relevante para as marcas modernas. Cada público traz consigo valores, referências culturais e hábitos de consumo moldados pelo seu contexto histórico. Para as cooperativas, que têm como essência a proximidade com seus associados, compreender essas diferenças é fundamental para construir vínculos duradouros. Dos Baby Boomers à Geração Z, a diversidade de perfis exige estratégias adaptadas para atrair e engajar cooperados. Conheça a seguir as principais características de cada geração e descubra práticas que ajudam sua cooperativa a se conectar com públicos de diferentes idades, fortalecendo a pluralidade e a perenização do cooperativismo. Boa leitura! O perfil das diferentes gerações Analisar e classificar grupos de pessoas dentro de gerações específicas é uma prática amplamente difundida nos debates contemporâneos. O conceito se popularizou a partir da teoria geracional Strauss-Howe, divulgada por William Strauss e Neil Howe nos anos 1990. O estudo, centrado nas realidades estadunidense e ocidental, define gerações como um grupo nascido em intervalos de aproximadamente 20 anos que interage com determinados eventos históricos, compartilha características e valores em comum e possui um senso de pertencimento à geração. O trabalho dos teóricos abrange um período de cerca de seis séculos, porém as gerações mais debatidas são as que habitam o planeta e movimentam a economia atualmente. Conheça a seguir mais detalhes sobre o perfil de cada geração – há informações divergentes entre os anos que demarcam a transição de uma geração para a outra, então priorize contexto ao invés de datas exatas ao pensar sobre o tema. Baby boomers Comumente citados como aqueles que nasceram entre 1946 e 1964, os Baby Boomers são a geração que nasceu no período posterior à Segunda Guerra Mundial, um momento de recuperação econômica. Em geral, esta geração tende a priorizar a estabilidade, tanto no mundo do trabalho quanto em relacionamentos pessoais. As constantes mudanças tecnológicas costumam ser um desafio para os Baby Boomers. Geração X Composta pelas pessoas nascidas entre 1965 e 1980, a Geração X vivenciou um período marcado pela Guerra Fria, movimentos sociais e rupturas com paradigmas de gerações anteriores. Dessa forma, os membros da Geração X normalmente buscam independência e são menos adeptos a uma rotina estruturada que seus predecessores. Eles ainda costumam se adaptar melhor a mudanças. Millennials Também conhecidos como Geração Y, os Millennials compreendem aqueles nascidos entre 1981 e 1996. Eles presenciaram os primeiros passos e o início da consolidação da internet, evolução tecnológica essencial para consolidar a globalização pós-Guerra Fria. Orientados por conquistas, os Millennials buscam sucesso e conhecimento. Entretanto, os resultados não são tudo para eles: esta geração também preza pela conexão entre valores pessoais e profissionais. Geração Z Caracterizados como os primeiros nativos digitais, a Geração Z nasceu entre 1997 e 2012. É a primeira geração a crescer com acesso à internet e tecnologias digitais portáteis. Devido a esse mundo acelerado em que se desenvolveram como pessoas, eles tendem a priorizar flexibilidade no trabalho em detrimento da estabilidade. Eles também buscam por propósito em suas carreiras, e utilizam as redes sociais para expressar seus valores. Já há duas gerações posteriores à Z: a Alfa e a Beta (os nascidos a partir de 2025). Esses grupos de pessoas ainda não adentraram no mercado de trabalho e estão se desenvolvendo como indivíduos. Portanto, é necessário mais tempo para compreender melhor seus comportamentos e valores. Evolução tecnológica geração a geração Com certeza já deu para notar que as tecnologias da comunicação cumprem um papel fundamental para moldar os comportamentos de cada geração. Os diferentes canais criados e aprimorados desde a Segunda Guerra reduziram distâncias, aceleraram processos comunicacionais e construíram um ambiente mais complexo e integrado. A primeira geração do nosso recorte, os Baby Boomers, cresceu em um contexto onde a comunicação de massa era o padrão. A televisão chegou ao Brasil nos anos 1950, tornando-se ao longo dos anos a principal fonte de informação e entretenimento para a população. O rádio e as mídias impressas (jornal, revista etc.) já eram canais de comunicação consolidados e exerceram grande influência na vida dessa geração. Foi a partir da década de 1990 que ocorreu um fenômeno transformador, que reverbera até hoje: a popularização da internet. A rede mundial de computadores passou a conectar pessoas e disseminar informações em velocidade inédita até então, afetando a vida das pessoas e os ambientes de trabalho. A Geração X, recém-ingressada no mercado de trabalho, e os Millenials precisaram se adaptar ao novo contexto. A vida digital da Geração Z Já os membros da Geração Z são denominados como os primeiros nativos digitais justamente porque nasceram nesse mundo conectado. Acessar a internet virou parte do seu cotidiano desde jovens, incluindo em dispositivos móveis, uma novidade para outras gerações. A popularização das primeiras redes sociais nos anos 2000 e a consolidação de plataformas como Facebook, Instagram e Twitter (atualmente X) nos anos 2010 moldaram sua forma de interagir com pessoas e obter informações, além de possibilitar uma plataforma para o compartilhamento de seus valores individuais. Assim como as gerações, os diferentes meios de comunicação coexistem e se complementam. A popularização da internet não significa que a TV ou o rádio estão com os dias contados, por exemplo. Mas é fato que as experiências de consumo se transformaram, sendo idealmente mais interativas e conectadas. Comunicação com todas as idades De maneira geral, as diferentes gerações têm preferências por canais de comunicação distintos. Enquanto os nativos digitais se sentem confortáveis em contatos 100% virtuais, por exemplo, os Baby Boomers valorizam mais os contatos presenciais e formas de atendimento que não exijam novos aprendizados tecnológicos. Atendimento com experiências integradas As diferenças geracionais são mais um motivo pelo qual as cooperativas devem apostar em experiências omnichannel. O conceito já é uma tendência amplamente difundida no marketing: é a estratégia de criar uma experiência do cliente ou cooperado unificada e contínua, independentemente do ponto de contato. Isso significa uma jornada sem interrupções, onde o indivíduo pode resolver suas demandas em um só lugar ou navegar entre diferentes canais. Mesmo que cada cooperativa tenha um público-alvo específico, é importante proporcionar meios de interação diversificados e aderentes às preferências de cada geração. Essa estratégia permite que o cooperado comece, por exemplo, um atendimento via autoatendimento digital e continue o processo em um contato presencial no espaço físico da cooperativa, sem perda de informações ou necessidade de repetir dados. A linguagem ideal para cada público Uma comunicação eficaz não se resume apenas a escolher os canais corretos: também é preciso adaptar a linguagem ao perfil de cada público. A construção de um relacionamento sólido entre cooperativa e cooperado depende de mensagens que transmitam clareza, proximidade e relevância, levando em conta as características de cada geração ou grupo atendido. Adotar diferentes tons de voz ao comunicar-se com públicos distintos é uma prática essencial. Enquanto os mais jovens podem preferir uma linguagem mais direta e conectada a referências digitais, gerações anteriores tendem a valorizar abordagens mais formais, que transmitam segurança. Essa diferenciação não significa fragmentar a identidade da cooperativa, mas sim ajustar sua forma de expressão para gerar maior impacto. Ao mesmo tempo, é possível aproveitar-se das tecnologias para promover atendimento humanizado em escala. Ferramentas digitais, como chatbots inteligentes e centrais de autoatendimento, já são capazes de simular diálogos personalizados e compreender as necessidades dos cooperados. Quando combinadas com o suporte humano em momentos estratégicos, essas soluções garantem eficiência sem perder a proximidade típica do movimento. Quem interage com o público em larga escala entende a necessidade de investir e desenvolver soluções inovadoras para construir relacionamentos duradouros. De acordo com a mais recente Pesquisa de Inovação no Cooperativismo, divulgada pelo Sistema OCB em 2024, os setores de atendimento ao cliente e marketing e comunicação externa são os que inovam com maior frequência dentro das cooperativas (53%), superando até mesmo a área de tecnologia (48%). Como engajar diferentes gerações Em cada ramo do cooperativismo, ser cooperado significa um relacionamento diferente com a organização – enquanto no crédito todo cliente é um cooperado, por exemplo, na agropecuária o termo se refere aos produtores. Entretanto, independente da conexão, espera-se que esse indivíduo se engaje para construir uma cooperativa melhor e mais próspera. As assembleias são um dos pontos de contato mais tradicionais entre cooperativa e cooperados, uma plataforma para a tomada de decisões sobre o futuro da organização. O caráter democrático do modelo cooperativista só se materializa quando os cooperados estão engajados e utilizam as reuniões para construir ideias em conjunto. Os quadros associativos, principalmente das grandes cooperativas, costumam ser integrados por pessoas de diferentes faixas etárias, dos Baby Boomers à Geração Z. É fundamental conhecer o perfil dos cooperados para compreender suas preferências, quais canais lhes engajam melhor. Porém é possível adotar práticas que tornem as assembleias espaços convidativos para as diferentes gerações. Durante a pandemia, as cooperativas foram forçadas a transferir suas assembleias dos espaços físicos para as plataformas digitais. Passadas as restrições daquele contexto, deve-se apreender o melhor dos dois mundos para realizar reuniões híbridas e integradas. Nesse cenário, tanto o cooperado mais tradicional, que não abre mão de interagir com seus pares, quanto o mais moderno, que prefere o dinamismo das videochamadas, devem receber a plataforma necessária para participar ativamente do futuro da cooperativa. Planejamento geracional no ambiente de trabalho Em alguns segmentos, como o de saúde, cooperado é o indivíduo que trabalha para a cooperativa. O mundo do trabalho também traz desafios para as organizações que reúnem colaboradores de faixas etárias distintas. De acordo com o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great People & GPTW, 55% dos gestores de recursos humanos relatam dificuldades ao lidar com as expectativas de diferentes gerações – e 76% consideram a Geração Z a mais desafiadora, apontando falta de comprometimento e pessimismo. Um dos recursos possíveis para integrá-los ao ambiente de trabalho é através de programas de sucessão e atração. Algumas cooperativas já têm se destacado nesse campo, como a Coplacana, que promoveu a criação de um núcleo jovem e revitalizou a participação em suas atividades. A Cresol, por sua vez, ensinou o modelo cooperativista para mais de 1.200 jovens e estimulou o planejamento sucessório em negócios familiares. Já para as gerações mais antigas, como os baby boomers, o conhecimento acerca das novas tecnologias pode ser um desafio maior que a integração à cultura organizacional. Nesse caso, a resposta é investir em capacitação, a exemplo do que fez a Sicredi Sudoeste MT/PA. A cooperativa de crédito criou o Programa Geração Diamante, projetado para dar oportunidades profissionais a pessoas de 55 anos ou mais. O case da Sicredi Sudoeste MT/PA almeja o que toda cooperativa deve ambicionar: um ambiente de trabalho diversificado, que promove a interação entre pessoas diferentes e fomenta uma organização pronta para abraçar os desafios de cada geração. Por que o cooperativismo combina com a Geração Z A Geração Z pode ser apontada como difícil de gerenciar, ansiosa ou desinteressada em vínculos formais, mas a realidade é que toda organização depende dessa camada da população. Esses jovens já estão no mercado de trabalho, ocuparão cada vez mais postos e, consequentemente, elevarão seu poder de consumo. As organizações que terão sucesso no médio e longo prazo serão aquelas que compreendem os desejos e as necessidades deste público. Uma das características fundamentais da Geração Z é a busca por propósito, tanto no consumo quanto no trabalho. Os jovens preferem interagir com marcas que carregam valores. Nesse cenário, o cooperativismo surge como a alternativa ideal: um modelo de negócio que carrega valores intrínsecos, visando o bem-estar de seus membros ao invés do lucro. A prosperidade gerada pelo movimento vai além das próprias fronteiras – as cooperativas têm como princípio abraçar a comunidade e frequentemente agem em prol de causas ligadas à sua identidade. A Geração Z tende a pensar no impacto social de suas ações e, portanto, enxerga esse tipo de postura com bons olhos. Até mesmo o modelo de gestão cooperativista está alinhado às características da Geração Z. Se os jovens não gostam das estruturas rígidas do trabalho formal, por que não integrar um ambiente de gestão participativa? A possibilidade de atuar ativamente nas decisões de uma cooperativa tem tudo para gerar senso de pertencimento nas novas gerações. Conclusão: um modelo de negócios para as diferentes gerações Atender e engajar cooperados de diferentes gerações exige reconhecer as particularidades de cada público, equilibrando tradição e inovação. Ao combinar linguagem adequada, experiências integradas e canais diversos, as cooperativas criam relacionamentos sólidos e sustentáveis, capazes de unir Baby Boomers à Geração Z em torno de um propósito comum. Talvez a sua cooperativa precise compreender melhor o contexto geral do mercado antes de tomar decisões direcionadas a cada geração. Se esse for o caso, o curso Análise de Mercado, do NegóciosCoop, pode orientar seus próximos passos! Aprimore sua capacidade de coletar, interpretar e utilizar dados, informações e conhecimento. Clique aqui e se inscreva!
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Em um mercado cada vez mais competitivo, tomar decisões baseadas em dados deixou de ser um diferencial e se tornou uma necessidade que garante assertividade e agilidade. A cultura data-driven coloca as informações no centro da gestão, permitindo que as escolhas sejam guiadas por informações concretas. Para garantir um lugar no mercado e manter a competitividade, as cooperativas precisam agir com base em dados. Ao adotar a prática, podem reduzir custos, gerar receita, identificar oportunidades e tomar decisões com mais rapidez. É nesse contexto que entram os sistemas de gestão. Eles reúnem, estruturam e conectam diversas informações de toda a cooperativa em uma única plataforma e em tempo real. Entenda mais sobre os sistemas de gestão, como funcionam e quais as opções disponíveis no mercado! Sistema de gestão: o que é? O sistema de gestão é um software capaz de gerenciar e organizar a operação administrativa da sua cooperativa, independentemente do porte. A tecnologia automatiza tarefas, criando atalhos para os processos serem realizados com mais agilidade e segurança. A implementação traz diversas vantagens e benefícios à cooperativa e aos colaboradores. É possível observar melhora no atendimento ao cliente, manter as informações e dados centralizados e atualizados em tempo real, aumentar a produtividade e diminuir as falhas. Com uma gestão mais estratégica e focada em melhorar os resultados da cooperativa de maneira organizada, o processo de tomada de decisão torna-se mais fácil e assertivo. Então, vamos entender mais sobre os tipos de sistema de gestão e escolher o melhor software para sua cooperativa? Tipos de sistema de gestão Atualmente, existem diversos sistemas de gestão, desenvolvidos para acomodar as diferentes necessidades de cada organização. Os mais comuns e utilizados são: o ERP (Enterprise Resource Planning), CRM (Customer Relationship Management), e BPM (Business Process Management). O ERP foca em automatizar processos internos, enquanto o CRM coloca o cliente no centro, com o objetivo de construir e manter relacionamentos duradouros. Já o BPM engloba diversos softwares e visa a otimização contínua de todos os processos da cooperativa. Como escolher o melhor sistema de gestão Para escolher o sistema de gestão ideal se atente às necessidades da cooperativa. Em um primeiro momento, elenque e analise as dores e os objetivos da organização, identificando as áreas que necessitam de melhorias e o que a organização carece para progredir. Com as prioridades definidas, é hora de olhar para os inúmeros sistemas de gestão disponíveis. A escolha deve ser feita com base na facilidade do uso pelos colaboradores, a possibilidade de customização e a integração com outros sistemas já existentes. Não esqueça de considerar a parte financeira e técnica ao selecionar o sistema que mais se adequa às necessidades da cooperativa e dos colaboradores. Faça uma avaliação detalhada do custo-benefício comparando as vantagens oferecidas com o investimento na ferramenta. Se atente também à disponibilidade de suporte técnico de qualidade para auxiliar e resolver problemas com rapidez e facilidade, sem afetar o trabalho dos colaboradores. Junto ao auxílio externo, o sistema de gestão deve oferecer atualizações regulares que garantem segurança e novas funcionalidades. Com uma ideia de como escolher o melhor sistema de gestão para as dores e desejos da sua cooperativa, vamos conhecer mais sobre os sistemas ERP e CRM! Sistema de gestão ERP O sistema de gestão ERP tem o objetivo de melhorar os processos internos da cooperativa, além de integrar diferentes setores. O software centraliza todas as informações e as disponibiliza com facilidade, tornando o fluxo de dados mais ágil e com menos duplicidade. Além de melhorar o gerenciamento de informações de todos os setores, o sistema de gestão ERP também fornece uma visão ampla e realista do que está acontecendo na cooperativa, auxiliando na tomada de decisões. Como funciona O sistema ERP salva todos os dados da cooperativa, compartilhando-os entre os setores. A ideia é conectar informações, sem a necessidade de repeti-las. Por exemplo, no momento que uma venda é realizada o setor a computa no sistema, atualizando as informações do estoque. Com informações disponíveis e atualizadas em tempo real, o time de materiais pode consultar a necessidade de adquirir mais matéria-prima e iniciar a fabricação do produto. Esse processo também funciona com outras combinações de setores, como marketing e financeiro. Para isso acontecer, o sistema de gestão ERP conta com diversos módulos, que podem fazer parte do software padrão, ou serem adicionados conforme necessidade. Os principais módulos são: estoque, faturamento, financeiro, fiscal, produção, compras, gerenciamento de projetos e RH. Vantagens A adoção desse sistema traz inúmeros benefícios para quem busca eficiência e organização nos processos. Ao centralizar os dados em um software único atualizado em tempo real, é possível integrar áreas e times, eliminando barreiras na comunicação, reduzindo retrabalhos e garantindo o acesso de todos os colaboradores. Além de agilizar o fluxo de trabalho, o sistema ERP automatiza tarefas manuais, contribuindo para a otimização de recursos, e a diminuição de erros operacionais. Com informações atualizadas, os líderes também conseguem tomar decisões assertivas mais rapidamente, acompanhando as mudanças do mercado. Sistema de gestão CRM O sistema de gestão CRM foca na jornada do cliente durante o ciclo de venda, desde a primeira interação até o pós-venda. Ao invés do time de vendas adicionar dados de clientes e possíveis leads em planilhas ou blocos de anotação isolados, todas as informações ficam concentradas em uma plataforma disponível a todos. Além de reunir contatos de assinantes de newsletter, clientes, cooperados, colaboradores e possíveis leads, o sistema auxilia na automatização de processos. Atividades como primeiro contato e follow-up podem ser automatizadas, deixando os profissionais com tarefas mais importantes. Vantagens Com um bom sistema CRM implementado, observa-se uma melhoria na comunicação com os clientes, já que os atendimentos são mais rápidos e personalizados. Isso acontece, pois o colaborador consegue acessar o histórico de interações e entende melhor as necessidades e dores de cada um. O CRM é capaz de identificar oportunidades de negócio com precisão, acompanhando os leads desde o primeiro contato até o pós-venda. Essa operação garante que a experiência de cada cliente seja única, além de reconhecer os consumidores mais promissores e criar ações direcionadas. Diante de tantas funcionalidades focadas na jornada de venda, o sistema de gestão CRM auxilia os gestores na tomada de decisões estratégicas, planejamento de ações de marketing, além de aumentar as taxas de conversão e outras métricas. Diferenças entre ERP e CRM Embora ambos sejam ferramentas essenciais para o desenvolvimento do seu negócio, o sistema ERP e o CRM têm objetivos distintos. O ERP está voltado para a gestão interna da cooperativa, englobando diversos setores, desde o RH até o estoque de produtos, e oferecendo uma visão completa e ampla da organização. Já o CRM foca no relacionamento com clientes e cooperados, buscando melhorar a experiência, aumentar a receita e impulsionar a retenção e a fidelização. E além de ser um sistema de gestão, o CRM também é uma estratégia, ou seja, um plano de ação repleto de processos e práticas que visam a construção de um bom relacionamento com os clientes. 6 motivos para implementar um sistema de gestão na sua cooperativa Ter um sistema de gestão é um passo essencial para fomentar a organização e a estrutura da cooperativa e manter a competitividade. Com a tecnologia certa para suas necessidades, é possível agilizar processos, integrar setores, reduzir falhas e ter acesso aos dados da organização em tempo real. Ainda não está convencido? Então confira seis razões para investir em um sistema de gestão: 1. Centralizar informações Um dos maiores e melhores benefícios de qualquer sistema de gestão é sua capacidade de centralizar dados. Ter as informações da cooperativa em uma única plataforma é essencial para reduzir ruídos na comunicação entre os setores, além de evitar repetição de dados. Centralizar as informações da cooperativa também é ótimo para manter todas as áreas atualizadas do que está acontecendo, já que é possível ter acesso a qualquer mudança em tempo real. Com isso, o trabalho ganha fluidez e as decisões são tomadas com mais agilidade e assertividade. 2. Redução de erros Com a implementação de sistemas de gestão, inúmeras tarefas manuais e planilhas são substituídas por processos automatizados. Dessa maneira, há menos falhas humanas e inconsistências nas informações adicionadas. Além de automatizar a inserção e alteração de dados, os sistemas de gestão padronizam o processo, aumentando a confiabilidade e trazendo mais segurança para as operações. 3. Diminuição dos custos Ao monitorar com precisão os recursos e materiais, o sistema de gestão identifica desperdícios e gargalos que, por vezes, podem passar despercebidos. Ao corrigir essas falhas, a cooperativa reduz retrabalhos e evita gastos desnecessários. A integração de setores também auxilia na diminuição de custos ao facilitar o planejamento do orçamento. Essa visão ampla e detalhada de todas as operações da organização contribui para a saúde financeira da coop, abrindo espaço para investimentos rentáveis e estratégicos. 4. Otimização de processos A automatização de tarefas contribui para a otimização de processos da cooperativa, acelerando o fluxo de trabalho e reduzindo o tempo gasto com atividades burocráticas. Além disso, ao padronizar as demandas, o sistema de gestão torna o dia a dia dos colaboradores mais organizado, diminuindo atrasos. Com essas mudanças, a cooperativa consegue entregar resultados com mais agilidade e qualidade. Além disso, os trabalhadores aumentam sua produtividade e conseguem aproveitar melhor suas habilidades. 5. Redução de burocracia Digitalizar informações e integrar dados entre setores também auxiliam a cooperativa na eliminação de etapas lentas e burocráticas. Com as informações em um só lugar, fica fácil consultar dados e agilizar tarefas administrativas. A redução da burocracia é essencial para melhorar o trabalho e evitar que os colaboradores percam muito tempo em processos burocráticos demorados. Essa mudança cria um ambiente mais leve e eficiente, além de melhorar a experiência dos trabalhadores. 6. Tomar decisões baseadas em dados e com agilidade Informações atualizadas em tempo real, relatórios e planilhas organizadas e padronizadas, e indicadores precisos são essenciais para tornar a tomada de decisões mais rápida e assertiva. Diante das mudanças rápidas do mercado, essa vantagem é essencial para a cooperativa se manter relevante e competitiva. Além disso, com dados exatos e acessíveis para toda a coop, os líderes definem prioridades, alinham estratégias e antecipam riscos. Isso transforma a tomada de decisão em um processo colaborativo que fortalece a gestão da cooperativa e o sentimento de parceria da equipe. Conclusão A adoção do sistema de gestão, seja ERP, CRM ou BPM, representa um passo fundamental para as cooperativas crescerem e se manterem competitivas diante das mudanças do mercado. Esses sistemas, além de organizar e automatizar os processos da organização, fomentam uma cultura baseada em dados. Mas sabemos que reunir, analisar e interpretar dados não é uma tarefa fácil. Para iniciar a sua jornada no mundo data-driven, confira o curso de Desk Research do CapacitaCoop. A formação contém três módulos que abordam a parte teórica e prática da pesquisa.
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A inteligência artificial já ocupou um espaço de destaque na economia e é uma realidade em todos os ramos do cooperativismo. Diversas atividades, do atendimento à análise de dados, são potencializadas pelas ferramentas de IA. Nesse contexto, diversas cooperativas de vários ramos e tamanhos já estão aplicando a tecnologia. Neste artigo, vamos conhecer como cada um dos ramos do cooperativismo pode empregar as ferramentas de inteligência artificial com as mais variadas finalidades, assim como casos práticos que mostram na prática a utilidade da tecnologia para os negócios das cooperativas, proporcionando eficiência e inteligência de mercado. Boa leitura! Ramo Crédito: do atendimento ao backoffice O cooperativismo financeiro é pioneiro na adoção das ferramentas de inteligência artificial. A tecnologia ocupa um papel importante para o atendimento e a interação com os cooperados. Chatbots automatizam o atendimento inicial e resolvem problemas simples, liberando os colaboradores para lidar com tarefas complexas. Mas o uso da IA no atendimento pode ser ainda mais profundo, como mostra o próprio Sicredi. Em 2024, a cooperativa decidiu apostar no Microsoft Copilot, o assistente de inteligência artificial generativa da Microsoft. A tecnologia foi responsável pelo aumento na porcentagem de atendimentos resolvidos: 11% na área de Cartões, 17% em Consórcios, e 26% em Seguros. Mas nem toda aplicação de IA é visível para os cooperados. O Sicoob incorporou o modelo de IA chinês DeepSeek a fim de apoiar o seu backoffice. A ferramenta foi integrada ao Sisbr, plataforma core do Sicoob, para aprimorar a interação com documentos. Desse modo, processos administrativos, como a análise de documentos, são realizados mais rapidamente e com maior precisão. Na prática, os colaboradores do Sicoob podem interagir com os documentos de forma conversacional, de maneira a obter as informações necessárias com maior agilidade e precisão. Análise de crédito A inteligência artificial também está ocupando um papel cada vez mais importante em processos de análise de crédito. O próprio Sicoob implementou um sistema que sugere pareceres a partir de dados fornecidos, acelerando a análise de crédito e proporcionando decisões com melhor embasamento. De acordo com a consultoria KPMG, modelos tradicionais - como regressões lineares e scorecards - já não são suficientes para lidar com o volume de dados disponíveis atualmente e com o novo cenário regulatório. Nesse contexto, a inteligência artificial está tornando a gestão de risco de crédito mais eficiente, precisa e ágil. Agropecuário: mapeamento e análise de qualidade A inteligência artificial chegou ao campo para auxiliar tarefas como análise de solo, controle de qualidade e automação operacional em um processo de transformação digital do setor. Cooperativas agropecuárias já estão aplicando a inovação de forma a impulsionar a produtividade da produção e, consequentemente, seus negócios. A IA é muito eficaz em análises avançadas de dados geoespaciais. No Paraná, a Integrada utiliza uma constelação de satélites europeus com imagens atualizadas a cada cinco dias para monitorar áreas agricultáveis. Já a inteligência artificial contribui para aprimorar e acelerar as análises das imagens. Com isso, um trabalho que levava trinta dias para ser realizado passou a demorar apenas 20 minutos. A tecnologia também é uma aliada do controle de qualidade da produção agrícola. É o que faz a mineira Cooxupé. Em sua jornada de expansão no mercado de cafés especiais, a cooperativa utiliza inteligência artificial para classificar os grãos adequados. A ferramenta é capaz de identificar a qualidade do grão e seu sabor, gerando a uniformidade dos produtos premium. Automação operacional A automação de tarefas é uma das grandes aplicações de IA no ambiente agroindustrial. Em conjunto com maquinário moderno, a inteligência artificial realiza processos como plantio e colheita com grande precisão e economia de tempo. Além disso, atividades como o transporte e acondicionamento de produtos são outras que vêm sendo automatizadas. A Coopavel, do Paraná, emprega a tecnologia para automatizar a inspeção do abate de frangos. A inteligência artificial realiza o processamento de imagens para fiscalizar o processo de sangria dos animais. Desde que implementou a inovação, a cooperativa registrou queda no percentual de frangos com sangria inadequada e eliminou as multas sanitárias por falhas nesse processo. Saúde: foco no paciente e combate às fraudes O setor de saúde é outro que já encontrou uma série de aplicações para os avanços da inteligência artificial. Os usos da tecnologia vão desde questões operacionais até o apoio para a realização de diagnósticos médicos. A Unimed Grande Florianópolis é precursora no emprego da IA no Ramo Saúde. Após identificar riscos aos pacientes causados pela descentralização das informações, a equipe de inteligência da cooperativa deu início ao projeto da Robô Laura, que integra as informações de prontuário em uma plataforma de inteligência artificial para processamento das informações e monitoramento dos beneficiários. A segurança e o combate a fraudes é mais uma maneira de utilizar a inteligência artificial nos serviços de saúde. Em parceria com uma startup, a Unimed Nacional usa inteligência artificial para identificar recibos fraudulentos. Com menos de um ano em funcionamento, o projeto analisou inúmeros recibos de reembolso e evitou um gasto de quase R$ 9 milhões. Diagnósticos Olhando para o futuro, a IA desponta como uma ferramenta que irá melhorar a medicina clínica. Capaz de analisar dados complexos, a tecnologia pode auxiliar os médicos a identificarem doenças com mais agilidade e precisão, reforça artigo publicado pelo MIT Technology Review. Já existe, por exemplo, uma ferramenta de IA que auxilia no diagnóstico de doenças neurodegenerativas como a esclerose múltipla e o Alzheimer. Conforme a quantidade de dados biométricos segue crescendo graças a aparelhos como relógios inteligentes, a IA terá mais dados para identificar problemas de saúde de forma precoce. Transporte: planejamento eficiente e segurança Dentro do Ramo Transporte, a inteligência artificial é capaz de otimizar as operações de cooperativas de transporte ao automatizar processos e analisar dados. Isso resulta em redução de custos, aumento de produtividade e melhoria na prestação de serviços. A tecnologia permite que as cooperativas tomem decisões baseadas em informações concretas, fortalecendo sua posição no mercado. No roteamento e planejamento, a IA cria as rotas mais eficientes. O sistema analisa variáveis como trânsito, clima, janelas de entrega e capacidade do veículo para definir o melhor trajeto. O objetivo é reduzir o consumo de combustível e o tempo de viagem. Em casos de imprevistos, como congestionamentos, as rotas são recalculadas automaticamente para evitar atrasos. Para a segurança, sistemas de IA monitoram o motorista por meio de câmeras e sensores. A tecnologia identifica sinais de cansaço ou distração e emite alertas para prevenir acidentes. Ademais, o reconhecimento facial pode ser utilizado para verificar a identidade do condutor, garantindo que apenas pessoal autorizado opere o veículo e aumentando a proteção contra roubos. Consumo: atendimento e personalização Já nas cooperativas de consumo, as ferramentas de inteligência artificial cumprem o papel de modernizar operações e aprimorar a experiência do cooperado. Esse movimento se traduz em melhorias de atendimento digital e maior personalização da jornada de compra. No atendimento digital, a IA viabiliza a automação da comunicação por meio de chatbots e assistentes virtuais. Essas ferramentas funcionam 24 horas por dia, respondendo a dúvidas comuns sobre produtos, status de pedidos, horários de funcionamento e programas de fidelidade. Em relação à predição de compras, por sua vez, algoritmos de IA analisam o histórico de consumo e o comportamento de navegação dos cooperados. Com base nesses dados, o sistema consegue prever quais produtos um membro provavelmente comprará no futuro, permitindo o envio de ofertas, cupons e recomendações de produtos de forma direcionada e personalizada para cada cliente. Infraestrutura: automação e manutenção preditiva As cooperativas que atuam no setor de infraestrutura também encontram caminhos para aplicar a inteligência artificial em seus negócios. A união entre dados e IA é muito produtiva. A Coprel, cooperativa de eletrificação, percebeu isso e adotou um processo de registro da leitura do medidor de energia, criando uma ferramenta que simplifica a informação com inteligência artificial. O novo processo foca em consumidores que vivem em áreas rurais e, portanto, precisam enviar o número da leitura para a Coprel. Antes, esse processo precisava de atendimento humano. Agora, basta que o cooperado faça uma foto dos dados no medidor e envie para a cooperativa para que sejam interpretados pela IA. Além da otimização de processos administrativos, a IA é fundamental na manutenção preditiva de ativos. Sensores instalados em redes de distribuição, transformadores e outros equipamentos críticos coletam dados de operação continuamente. Algoritmos de IA analisam essas informações para identificar padrões anormais ou sinais sutis de desgaste que antecedem uma falha, permitindo a realização efetiva de manutenção preventiva. Trabalho, Produção de Bens e Serviços: marketing e gestão As cooperativas de trabalho, que reúnem profissionais para a prestação de serviços, podem utilizar a Inteligência Artificial para otimizar a captação de clientes e a gestão interna. No marketing, essas cooperativas podem usar a IA para entender seu público-alvo e criar campanhas segmentadas. Um outro caminho está na automação de rotinas, em que a IA simplifica tarefas administrativas e operacionais que consomem tempo dos cooperados. Sistemas inteligentes podem gerenciar agendamentos, distribuir tarefas entre os cooperados com base na disponibilidade e nas competências de cada um, e automatizar processos financeiros como a emissão de faturas e o controle de pagamentos. Seguros: atender e analisar Por fim, o mais novo Ramo Seguros, criado este ano após autorização para que as cooperativas possam atuar nesse novo mercado. Dentro do segmento, as ferramentas de inteligência artificial apoiam o atendimento, a análise de dados e análises de risco. A Seguros Unimed, braço segurador e financeiro do Sistema Unimed, já antecipa as oportunidades. Em uma parceria com uma plataforma de IA generativa, a seguradora implementou a tecnologia em sua central de atendimento, permitindo que os colaboradores tenham acesso rápido a dados completos sobre os produtos, coberturas e benefícios. Além disso, a inteligência artificial potencializa a análise de dados no setor de seguros, tornando-a mais rápida e precisa. As seguradoras, que operam com grandes bases de informações sobre históricos de bens e pessoas, utilizam a IA para analisar esses dados em larga escala, identificar padrões e criar modelos preditivos. Desse modo, é possível calcular preços de apólices, de forma mais adequada ao risco, ajustar as condições de cobertura e personalizar a avaliação de cada cliente enquanto considera fatores específicos como hábitos de direção ou localização geográfica para uma precificação mais precisa. Riscos e fraudes Na avaliação de riscos e fraudes, a IA atua como uma ferramenta estratégica para a prevenção de perdas. Os algoritmos são capazes de analisar o perfil e o histórico dos clientes para prever comportamentos fraudulentos, identificar tendências e detectar padrões suspeitos em tempo real. A tecnologia pode ajudar as cooperativas de seguros a verificar a autenticidade de documentos e apontar sinistros falsos ou com valores exagerados. Essa capacidade de análise permite que as seguradoras ajam de forma preventiva, tomando medidas antes mesmo que a fraude aconteça, de forma a aumentar a segurança e a eficiência operacional. Conclusão A inteligência artificial está transformando os negócios nos mais diversos segmentos da economia e, portanto, nos Ramos do cooperativismo. A tecnologia, que chegou para ficar e deve ganhar ainda mais força nos próximos anos, precisa ser considerada na estratégia de gestão e inovação do setor cooperativista. Quer entender mais sobre esse fenômeno? Confira a análise econômica de agosto do NegóciosCoop, que explora como dados e inteligência artificial estão moldando uma nova era na gestão e na comunicação das organizações, com foco especial no cooperativismo!
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