Blog
Resiliência organizacional: como preparar as cooperativas para crises e desafios inesperados
Inteligência de Mercado
Mercado Nacional
Inteligência de Mercado
Inteligência de Mercado
VEJA TODAS AS MATÉRIAS
Mesmo as maiores e mais bem-sucedidas cooperativas estão sujeitas a passar por desafios inesperados e momentos de crise. Diversos fatores podem afetar os negócios e para se manter firme é necessário ter resiliência organizacional. Não é possível prever todos os obstáculos que atrapalharão as operações e o funcionamento de uma cooperativa. A chegada de eventos climáticos extremos, o cenário geopolítico instável, transformações na economia e no perfil do consumidor podem exigir uma mudança de rota, que sempre vem acompanhada de dificuldades e necessidade de adaptação. Com resiliência organizacional, esses entraves podem se tornar oportunidades. Saiba como construir uma cooperativa resiliente e aberta para o crescimento contínuo! O que é resiliência organizacional nas cooperativas? O termo resiliência organizacional se refere a um conjunto de habilidades que uma instituição precisa ter para conseguir se adaptar, enfrentar e crescer diante de desafios e obstáculos que fazem parte dos negócios. Momentos de crise, mudanças externas ou internas e eventos imprevisíveis são parte da rotina de uma organização. Para que as cooperativas consigam ter longevidade e sucesso, é preciso que os colaboradores e líderes estejam em constante adaptação, sabendo trabalhar com o inesperado e prontos para se recuperar de períodos de instabilidade. Assim se constrói o que chamamos de resiliência corporativa. O cenário atual do mercado é cheio de incertezas e volatilidade. Com uma economia vulnerável, avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, um contexto geopolítico complexo por conta da globalização e um consumidor de perfil incerto, saber navegar na onda de mudanças não é apenas o que diferencia uma marca no mercado, mas o que a mantém em pé. 4 pilares da resiliência organizacional Antes de saber como fazer a construção de uma organização resiliente, é preciso entender os pilares da resiliência organizacional. Para se manter competitivo no mercado apesar das turbulências, uma cooperativa deve se atentar a: Antecipação dos riscos. Capacidade de respostas rápidas. Monitoramento contínuo. Adaptação constante. Entenda como esses fundamentos funcionam na prática: Antecipação e gestão de riscos O primeiro e mais importante passo para tornar uma cooperativa resiliente é estar preparado para situações diversas. Para isso, é necessário desenvolver a capacidade de antecipar e identificar riscos. Estar em constante alerta, conseguindo perceber os erros e vulnerabilidades antes que tomem grandes dimensões, é crucial para evitar cenários de crises e situações críticas. Para isso, construir uma gestão de riscos operacionais, desenvolvendo planos de ação para analisar e mitigar os riscos, é uma tarefa essencial. Além disso, é preciso que os colaboradores e líderes tenham uma mentalidade de constante atenção e preparo. Capacidade de resposta e ação rápida a desafios inesperados Além de se prevenir de possíveis riscos, saber agir em momentos de turbulência é outra característica que define uma cooperativa com resiliência organizacional. Quando chegam as adversidades, é preciso que os gestores e os times tenham capacidade para prover respostas rápidas e eficientes, a fim de mitigar ou controlar os impactos da situação. Cooperativas resilientes são aquelas compostas por uma cultura organizacional preparada para agir sob pressão, que saibam manter a qualidade das operações mesmo em momentos de maior tensão. Monitoramento contínuo do trabalho e resultados O acompanhamento constante do trabalho é outra prática que garante a resiliência organizacional de uma cooperativa. Fazer o monitoramento das operações e dos seus resultados assegura que os gestores conheçam com profundidade o contexto interno e externo da organização, a fim de evitar problemas antes que aconteçam. A supervisão com um olhar atento é importante, possibilitando fazer mudanças quando necessário, melhorar processos e evitar vulnerabilidades. Adaptação e capacidade de mudanças em crises Adaptação é uma palavra-chave em cooperativas com resiliência organizacional. Imprevistos e mudanças fazem parte dos negócios e do mercado, e quando uma organização consegue aprender e se adaptar a esse contexto, ela evolui constantemente. Cada obstáculo e transformação pode se tornar um aprendizado que fortalece a cooperativa, seus cooperados e seus colaboradores. Uma cultura organizacional aberta a mudanças é uma cultura que tem espaço para inovação, melhorias e crescimento. Como construir resiliência na sua cooperativa? Uma vez entendido o que estrutura a resiliência de uma cooperativa, é hora de descobrir os passos e hábitos essenciais para desenvolver uma cooperativa pronta para lidar com momentos conturbados. A seguir, algumas práticas que podem auxiliar nesse processo: Invista no treinamento de lideranças e equipe A resiliência deve fazer parte da cooperativa como um todo. Por isso, promover a formação de gestores e da equipe é fundamental. Líderes resilientes conseguem levar essa habilidade para seus times, coordenando seus colaboradores com inteligência emocional, atenção e cuidado, o que ajuda a construir relacionamentos fortes. Assim, em crises internas, fica mais fácil liderar e conduzir os funcionários. Além das lideranças, é importante que todos os membros da cooperativa tenham acesso a treinamentos e cursos que promovam resiliência. Para saber lidar com o inesperado, os colaboradores devem ser ensinados como fortalecer suas soft skills e desenvolver suas habilidades de comunicação e espírito de equipe. Trabalhe com uma comunicação transparente e eficaz Um aspecto essencial para manter a resiliência de uma cooperativa em momentos tensos é a comunicação. É preciso uma escuta ativa dos líderes, para ouvir colaboradores e cooperados e entender suas queixas, além de uma comunicação organizacional estruturada, para garantir que a mensagem chegue de forma clara e assertiva. É comum, em períodos conturbados, que haja rumores e boatos acerca dos problemas, o que pode gerar ansiedade e dificultar a condução de resoluções. Por isso, ter meios de se comunicar de forma direta com os colaboradores é crucial. Tenha uma gestão de mudanças efetiva Quando obstáculos e imprevistos acontecem, é preciso mudar. Para que os colaboradores e cooperados estejam abertos a transformações, a cooperativa deve construir uma gestão de mudanças efetiva. Essa prática assegura a confiança dos times na cooperativa, fortalecendo a implementação de novas estratégias, tecnologias e estruturas. Quando a mudança ocorre de forma detalhada, faseada e envolvendo todos os funcionários, é mais fácil que ocorra de maneira eficaz e rápida. Tome decisões baseadas em dados Em momentos de crise, é normal que o nervosismo e a ansiedade tomem conta. Para não agir por impulso, o que pode levar a cooperativa a situações ainda piores, é preciso usar informações concretas como base. É nesse cenário que os dados se tornam relevantes. Se basear em dados internos e externos ajuda a desenvolver estratégias que fazem sentido, mantendo a análise de mercado e a qualidade das decisões mesmo em situações delicadas. Para isso, é importante que a cooperativa esteja constantemente fomentando sua base, coletando e organizando dados de forma contínua. Invista em tecnologia e fomente a inovação Os avanços tecnológicos podem se tornar grandes aliados na construção da resiliência organizacional, uma vez que ferramentas auxiliam a otimizar operações e automatizar processos. Dessa maneira, as adaptações podem ocorrer de forma mais ágil e eficiente. Além disso, desenvolver uma mentalidade de inovação entre os colaboradores ajuda a cooperativa a passar por transformações de maneira mais leve, já que os times podem enxergar os desafios como oportunidades de negócios e novas chances de inovar. Promova o bem-estar dos colaboradores e fortaleça as relações no trabalho Quando uma cooperativa passa por tempos difíceis, a união entre as pessoas se torna ainda mais importante. Para que todos trabalhem de forma coletiva para encontrar soluções e achar uma saída, é preciso que as relações de trabalho sejam saudáveis e baseadas em confiança. É preciso garantir o bem-estar dos colaboradores, tanto físico quanto mental. Os cooperados e colaboradores devem ter suporte emocional, programas de saúde e um ambiente seguro para se sentirem acolhidos e prontos para lidar com as mudanças repentinas. Construa uma gestão de riscos Os riscos operacionais são aqueles que podem causar perdas financeiras, operacionais e sistemáticas em uma cooperativa, prejudicando seu funcionamento e sua reputação no mercado. Eles podem causar problemas repentinos, e uma cooperativa resiliente deve estar preparada para contornar essas situações. É essencial que a organização construa uma gestão de riscos, ou seja, um planejamento para identificar, avaliar e mitigar as possíveis falhas. Diversifique as receitas da cooperativa Um dos principais fatores que tornam uma cooperativa resiliente é sua capacidade financeira de lidar com os altos e baixos dos negócios. Para evitar que crises prejudiquem excessivamente as contas, é importante que a receita da cooperativa não dependa de apenas um único mercado ou cliente. Ter fontes de renda diversificadas pode ajudar na estabilidade financeira de uma cooperativa e fortalecer seu espaço no mercado, ajudando na durabilidade e sustentabilidade da marca. Conclusão: características de uma cooperativa resiliente Uma cooperativa resiliente se fortalece e trabalha com algumas características, como agilidade, lideranças fortes e empáticas, comunicação aberta entre os times, inovação e aprendizado contínuo. Para começar a construção da resiliência corporativa na sua cooperativa, confira a reportagem “Gestão de riscos operacionais: como identificar, avaliar e mitigar”.
13 min de leitura
A relevância da sustentabilidade para os negócios nunca foi tão grande quanto agora. A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança, em inglês) ganha evidência, o consumidor está cada vez mais consciente e os posicionamentos institucionais em relação ao meio ambiente estão sob o interesse da sociedade. Promover iniciativas sustentáveis é, portanto, um ótimo negócio tanto para as cooperativas quanto para o planeta. Não somente do ponto de vista reputacional, como também do financeiro. Mas é justamente esse aspecto que trava ótimas ideias: a falta de recursos. Captar recursos é, portanto, uma ótima alternativa para tirar iniciativas verdes do papel sem prejudicar as finanças da cooperativa. Conheça formas de captar financiamento sustentável para dar vida a projetos e veja exemplos de cooperativas que se beneficiaram dessas oportunidades. Por que iniciativas sustentáveis são bom negócio Antes de nos aprofundarmos em formas de obter financiamento para viabilizar iniciativas sustentáveis e em exemplos de cooperativas que operam dessa forma, vamos nos ater à pergunta que toda cooperativa já se fez ou questionará em algum momento: direcionar esforços para conduzir projetos verdes traz resultados? A resposta é, inquestionavelmente, sim. Claro que o argumento ambiental é fundamental para justificar essa resposta, tendo em vista o papel destes projetos para a preservação dos recursos naturais e pela construção de um mundo melhor para as gerações futuras. O impacto, porém, também é válido para os negócios da cooperativa. Sustentabilidade é uma vantagem competitiva que ajuda empresas a crescerem. De acordo com estudo da McKinsey divulgado em 2019, organizações com propostas ESG bem definidas são melhor avaliadas financeiramente, têm acesso facilitado a entidades governamentais e podem conquistar a preferência do público a partir de seus valores. O mesmo artigo aponta também que ser sustentável é uma forma de reduzir custos. Reformular a produção, recorrer a materiais reciclados e investir em energias limpas e eficientes são exemplos de como o ecologicamente correto também é saudável para o orçamento das organizações. A reputação da cooperativa também está em jogo. A imagem de uma organização preocupada com o desenvolvimento sustentável atrai pessoas e instituições, tanto para trabalhar em conjunto quanto para fechar negócios. Todos esses fatores demonstram que transformar a preocupação com o meio ambiente em medidas efetivas é um investimento e tanto para qualquer cooperativa. Como práticas ESG facilitam o acesso a financiamento sustentável Agora que você já tem diversos motivos para apoiar a implementação de projetos verdes na sua cooperativa, é hora de pensar em como executá-los. E, seja qual for a sua ideia, há algo necessário para fazê-la sair do papel: recursos financeiros. Este é um problema real do qual não há escapatória, afinal, a falta de recursos é a principal barreira para a inovação em cooperativas. É preciso, portanto, encontrar formas de contornar este empecilho. Uma alternativa viável para captação de recursos é através de linhas de crédito. Encontrar a melhor alternativa e acessar esses recursos demanda análise de risco por parte do tomador. O aspecto ambiental precisa entrar na análise. Segundo estudo da Bain & Company, o financiamento ligado a projetos ESG está correlacionado ao desempenho consistente e à menor inadimplência. Sustentabilidade e saúde financeira parecem realmente caminhar lado a lado. Um estudo da Brazilian Business Review verifica que o desempenho ESG reduz o custo de capital e as restrições financeiras para empréstimos mais baratos em países do BRICS. Linhas de crédito verde O desempenho e as facilidades encontradas para empréstimos atrelados a iniciativas sustentáveis ocorrem porque as instituições financeiras consideram o impacto ambiental em suas avaliações. Também preocupadas com o meio ambiente e atentas à própria reputação, essas organizações têm mostrado seu lado ESG através de linhas de crédito especiais. O BNDES, banco federal que é parceiro do cooperativismo, possui vasto portfólio de produtos sustentáveis. O BNDES Finem apresenta diversas alternativas de financiamento para projetos verdes e geração de energia renovável, por exemplo. O Fundo Clima é uma alternativa com várias modalidades de financiamento de projetos para redução de gases aceleradores do efeito estufa. Há, ainda, os Debêntures em Ofertas Públicas, títulos de dívida que têm como um de seus principais objetivos investir em sustentabilidade. O cooperativismo manifesta seu interesse pela comunidade através de linhas verdes com condições favoráveis. Ao longo dos últimos anos, o setor fomentou, por exemplo, o acesso a água tratada e a rede de esgoto, a instalação de fontes de energia renováveis e a redução das emissões de carbono no agronegócio. Instituições como Sicredi, Unicred e Viacredi são protagonistas nessa missão. Plano Safra e a sustentabilidade no campo Já é de conhecimento das cooperativas e de organizações agropecuárias em geral que o Plano Safra é o principal instrumento governamental de apoio a este importante ramo da economia brasileira. Lançado em 2002, o projeto seguirá ativo para a safra 2025/2026. Na safra 2024/2025, mais de R$ 107,3 bilhões foram destinados a linhas de financiamento para investimentos, programas que viabilizam a inovação e a modernização das atividades produtivas. Nesse cenário, a produção amigável ao meio ambiente entra na balança na hora de buscar acesso a tais recursos. De acordo com o Governo Federal, incentivar sistemas de produção ambientalmente amigáveis é uma prioridade. Ter o Cadastro Ambiental Rural (CAR) regularizado e analisado é um critério para contemplar os pedidos de produtores rurais. A adoção de práticas sustentáveis pode, inclusive, proporcionar redução de até um ponto percentual na taxa de juros de custeio. O Plano Safra já é capaz, portanto, de impulsionar o agronegócio rumo à produtividade ecologicamente sustentável. Porém o Sistema OCB enxerga potencial ainda maior para contemplar as necessidades das cooperativas. Por isso, a entidade apresentou propostas ao Ministério da Agricultura e Pecuária, incluindo um pedido por redução nas taxas de juros. Outras opções de financiamento sustentável O crédito é, certamente, a forma mais consagrada para uma cooperativa obter recursos para o financiamento sustentável para seus projetos. O aspecto sustentável abre caminhos e diminui entraves, mas o crédito nem sempre é uma opção viável. Caso contrair novas dívidas não seja possível dentro do atual contexto da organização, não desista: é possível encontrar alternativas para alavancar iniciativas verdes. Um meio para captação de recursos é a entrada no mercado de créditos de carbono. Foi sancionada em dezembro do ano passado a lei que institui um mercado regulado, no qual empresas e cooperativas com projetos que reduzem emissões de carbono podem vender créditos para aquelas que ficam acima da meta. O agronegócio não está incluído nas obrigatoriedades, mas pode participar do mercado voluntário através de atividades como recomposição e manutenção de vegetação nativa. Outra opção para financiar projetos sustentáveis é através de editais de fomento. Diversas instituições ligadas ao Governo promovem editais de recursos reembolsáveis – nos quais o capital precisa ser devolvido – e até mesmo os não reembolsáveis – quando o capital não precisa ser devolvido. Para saber mais detalhes sobre como funciona esta forma de captação de recursos, confira este artigo do NegóciosCoop. Cooperativas e o financiamento sustentável na prática Agora que você já sabe diversas possibilidades de captação de recursos para iniciativas verdes e entende formas de acessá-las, é hora de conhecer exemplos de cooperativas que conquistaram apoio financeiro para executar seus projetos sustentáveis – um caso é no ramo agropecuário e o outro é em infraestrutura. Intercooperação viabiliza hidrelétrica da Certel A Certel, cooperativa gaúcha do ramo de infraestrutura, sempre busca formas de impulsionar o desenvolvimento regional através do fornecimento de energia elétrica. Ao identificar os benefícios que uma hidrelétrica traria, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental, a cooperativa decidiu se esforçar para tirá-la do papel. A grande questão passou a ser a captação de recursos: eram necessários R$ 50 milhões. Devido à familiaridade com o sistema Sicredi, a Certel procurou a instituição de crédito em busca de soluções. Como o projeto era grande demais para uma cooperativa financiar sozinha, outras singulares se uniram à iniciativa, constituindo um grande grupo: Certel, Sicredi Região dos Vales, Sicredi Ouro Branco, Sicredi Integração RS/MG e Sicredi Botucaraí. As cinco cooperativas dividiram igualmente os custos para a construção da estrutura, com o Sicredi fornecendo boas condições de crédito, garantias adequadas e conta reserva nula. A Hidrelétrica Vale do Leite pode atender a 19.200 pessoas e gera eletricidade de forma renovável. Cooabriel leva energia renovável à sua comunidade A Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) atua há 61 anos no Espírito Santo e tem como seu carro chefe a produção de café conilon. A cooperativa também tem como foco estimular o desenvolvimento de sua região, e detectou a necessidade de apoiar a geração de energia elétrica. O telhado do armazém da Cooabriel abrigará um complexo de usinas de geração de energia fotovoltaica em São Miguel da Palha. O projeto, lançado em 2023, tem potência suficiente para atender mais de 300 residências de forma sustentável. Para o projeto ganhar vida, a Cooabriel contou com aporte da cooperativa Ciclos, que concedeu recursos na ordem de R$ 3 milhões. O Sicoob ES também faz parte da operação, atuando como agente financeiro que permite aquisição de cotas da usina. Conclusão: a jornada pelo financiamento sustentável Com detalhes sobre os modelos e exemplos práticos, fica fácil de perceber que projetos sustentáveis podem ser viáveis financeiramente e trazer incontáveis benefícios para a cooperativa, seja nos negócios ou na reputação perante a sociedade. Se sua cooperativa já tem um projeto verde e só precisa encontrar uma fonte de recursos, não perca tempo e acesse já o Radar de Financiamento do InovaCoop! Nesta plataforma você terá acesso a um painel exclusivo e poderá encontrar os recursos mais adequados à sua realidade.
14 min de leitura
O consumo de proteínas está aumentando cada vez mais. Podendo vir em diferentes formatos, como cortes de carne, snacks proteicos e shakes com whey, esses produtos apresentam uma grande oportunidade de investimento - e um potencial enorme para cooperativas que souberem embarcar na onda. Diferentemente dos outros dois macronutrientes, a gordura e o carboidrato, a proteína se destaca e tem ganhado um espaço sem igual no mercado de alimentos. Ela deixou de ser apenas uma parte da refeição para virar uma peça essencial, um sinônimo de comer bem e ter um estilo de vida saudável. Economicamente falando, o mercado está abundante e há abertura para quem conseguir inovar, trazer novos produtos e atender à demanda alimentar. Veja os dados e confira dicas de como entrar nesse setor! A proteína virou tendência mundial A preferência dos consumidores pelas diferentes formas de proteína transformou o mercado dos Estados Unidos. A pesquisa The 2025 Protein Profile, promovida pela empresa de agronegócio Cargill, apontou que 61% da população estadunidense ampliou o consumo de proteína em 2024, se comparado ao ano anterior. Para os entrevistados, a proteína deixou de ser apenas uma peça principal do almoço e jantar para ganhar espaço também em outras refeições, como lanches e snacks. Opções de fácil consumo, como barras proteicas, shakes e whey protein têm se tornado uma escolha de muitos americanos. Ao todo, 63% deles responderam que buscam o macronutriente em suas comidas rápidas. Cenário global O aumento do consumo da proteína, fenômeno ligado à busca por um estilo de vida com mais saúde e bem-estar, já saiu do horizonte americano e se tornou um movimento mundial. A pesquisa Global Animal Protein Market, da Mordor Intelligence, apontou que o valor do mercado de proteína animal em 2024 era de US$ 9,41 bilhões, e a estimativa é que chegue a US$ 11,97 bilhões até 2029, com uma taxa de crescimento anual de 4,93%. Esses números comprovam que o mercado de alimentação proteica está em seu auge. No cenário global, a região Ásia-Pacífico é a principal fonte de consumidores desse mercado, com destaque para a China, que representou 33,8% do consumo em 2022. A procura por alimentos e bebidas ricos em proteínas é grande, graças ao mercado fitness que vem também avançando. Na China, a mesma pesquisa mostra que cerca de 80% da comunidade fitness opta por alimentos ricos em proteínas como sua principal fonte de energia e fortalecimento de músculos. A proteína no mercado brasileiro Na América Latina, o cenário é parecido. Dados da consultoria Kantar mostram que quase 70% dos latinos têm intenção de manter ou até aumentar a ingestão de proteínas. Nesse continente, a carne vermelha segue sendo a favorita do público: no Brasil, Argentina e Chile, mais de 75% da população afirma que não pretende reduzir o seu consumo. Além disso, informações da Associação Brasileira de Proteína Animal apontam que a demanda por proteína de aves aumentou no país. Ao mesmo tempo, houve um avanço histórico na ingestão de ovos: foram cerca de 288 unidades por habitante em 2025, com perspectiva de subir para 306 em 2026. As proteínas de origem vegetal e as híbridas também ganharam força graças à exigência crescente por sustentabilidade e produtos com baixo impacto ao meio ambiente. Tais mudanças de hábito são um reflexo da busca em alta dos brasileiros por um estilo de vida mais saudável e sustentável. Se antes as comidas com um alto valor proteico eram a preferência apenas de atletas, agora elas são populares para uma parcela muito maior e mais difusa da população. Oportunidades para o cooperativismo O crescimento do mercado de produtos proteicos, que é amplo e diverso, apresenta muitas oportunidades para os negócios. As cooperativas devem se preparar, estudando o mercado e suas demandas, para conseguir acompanhar o movimento e ganhar espaço. Para se destacar com competitividade, é preciso inovar e entregar aquilo que os clientes solicitam: comidas rápidas, saudáveis, ambientalmente responsáveis e proteicas. Veja algumas oportunidades: Carne vermelha, peixe e aves possibilitam diversificação de mercados Uma vantagem do mercado de proteínas é a quantidade abrangente de cortes e tipos de carne que um produtor pode investir. Cooperativas agropecuárias têm a possibilidade de trabalhar com diferentes animais, oferecendo produtos como frangos, suínos, bovinos e peixes. Essa robustez ajuda a construir uma diversificação de catálogo e das fontes de receita. Assim sendo, é possível explorar diversos mercados nacionais e internacionais, de acordo com tendências locais mais específicas. Aumento no consumo de suplementos, whey e bebidas proteicas A busca por uma vida mais equilibrada tem gerado efeito nas prateleiras. Produtos fitness de alto valor proteico se tornaram os queridinhos dos consumidores. O mercado brasileiro de bebidas com proteína, por exemplo, já tem seu valor estimado em R$ 2,1 bilhões, com previsão de atingir R$ 3,1 bilhões em até três anos. As academias são outro setor em expansão, com um crescimento anual de 13,97%, segundo pesquisa “Mercado de Academias no Brasil: Dados e Tendências”, do Sebrae. O público que treina costuma adaptar sua alimentação para ganho de massa muscular, e assim o consumo de whey e suplementos proteicos também aumenta. Tudo isso leva a um contexto favorável para investimento. As cooperativas podem criar ou adaptar seus produtos para ter um maior valor proteico, atingindo um público que busca nutrição em primeiro lugar, vão encontrar vantagem estratégica. A CCGL, por exemplo, está atenta à tendência e lançou um leite em pó proteico desnatado. Oportunidades com diferentes fontes de proteína: animal e vegetal Quando o assunto é proteína, é importante ter um olhar amplo e fora do senso comum: existe muito desse macronutriente fora de alimentos de origem animal. Apesar de as carnes serem conhecidas como a principal fonte de proteína, é possível investir na criação de produtos proteicos de base vegetal. O estudo “O consumidor brasileiro e o mercado plant-based 2024”, do Good Food Institute, mostrou que, em 2024, os brasileiros já estão abertos para esse tipo de proteína: 26% dos entrevistados consomem carne animal pelo menos uma vez ao mês. Pensando em versões vegetais alternativas ao leite, o número é maior ainda. Atualmente, 48% consomem esse tipo de bebida. Em relação à dieta, 21% afirmam estar reduzindo, sem eliminar completamente, o consumo de carne - são os chamados flexitarianos. Além disso, 8% consomem apenas pescados e 5% se declaram veganos ou vegetarianos, alimentando-se apenas de produtos sem origem animal. Esse grupo representa uma brecha de inovação, e novos mercados pensados para proteínas oriundas de vegetais se tornam uma aposta de investimento. Conclusão: é hora de investir em proteína Com inovação e investimento em produtos proteicos, as cooperativas podem crescer em um mercado promissor e com grande potencial. É preciso atender às demandas dos consumidores, seguindo as tendências de sustentabilidade e alimentação saudável. Sendo assim, as proteínas devem entrar no radar do cooperativismo e adentrar seus catálogos. Para se atentar a outras tendências e estar na frente do mercado com soluções inovadoras, confira o e-book “Mapear tendências: dicas para planejar o futuro da sua cooperativa”.
10 min de leitura
Toda organização deve atuar em conformidade com leis, decretos, resoluções e toda a legislação vigente. Essa prática, conhecida como compliance, não apenas fortalece a imagem da marca e sua relação com cooperados e parceiros, mas também protege a organização de riscos legais e problemas judiciais. Para que a gestão de riscos legais seja bem-sucedida e o compliance se integre à cultura institucional, algumas etapas são fundamentais. A seguir, confira boas práticas para assegurar que a cooperativa opere em estrita conformidade com todas as leis e regulamentações necessárias. Antes de tudo, entenda o que é compliance O termo compliance deriva do verbo em inglês "to comply", que traduzido significa "agir de acordo com uma ordem, um conjunto de regras ou uma solicitação". No contexto corporativo, o termo se refere ao compromisso das organizações de estarem em conformidade com leis e regulamentos. Compliance é, portanto, uma estratégia para manter a adequação das operações e serviços às normas vigentes, sejam elas governamentais ou internas. Além de aprimorar o trabalho, essa prática é essencial para a segurança da cooperativa. O compliance auxilia na gestão de riscos legais, certificando a proteção jurídica da marca. Isso aumenta a confiança de cooperados e clientes e previne que a cooperativa enfrente ações judiciais. Como o termo surgiu e se consolidou? Compliance é um termo antigo, consolidado em resposta a diversos cenários que impactaram o mercado. A década de 1970 nos Estados Unidos foi marcada por corrupção e problemas que exigiam solução. A promulgação da Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), criada para proibir o suborno de autoridades estrangeiras por empresas americanas, foi um marco crucial. No Brasil, o termo evoluiu até o conceito atual. A Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013) é um exemplo de legislação vital para as práticas de compliance modernas. Ela dispõe sobre a responsabilização de empresas por corrupção e fraude contra a administração pública, nacional e estrangeira. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) (Lei nº 13.709/2018), que protege informações e dados pessoais, é outro exemplo de norma importante que garante que as organizações atuem sem ferir direitos ou a integridade do público. Estar atento a essas e outras regulamentações é indispensável para garantir o compliance. Elas ajudam a cooperativa a preservar o nome e a credibilidade, proporcionando segurança jurídica e operacional. Qual a importância do compliance e da gestão de riscos legais em uma cooperativa? As práticas de compliance são essenciais para manter uma gestão de riscos legais eficiente. Ao garantir a conformidade com as leis, a cooperativa reforça seu compromisso social e o respeito a cooperados, clientes e parceiros. Considerando que a legislação está em constante evolução, cooperativas precisam acompanhar as mudanças e a chegada de novas normas. De fato, só para citar como exemplo, algumas leis e regulamentos recentes que afetam o compliance devem estar no radar das cooperativas: A Lei Complementar 213/2025 regulamentou a participação das cooperativas no mercado de seguros. Sancionada em 15 de janeiro de 2025, a legislação reconheceu o papel das cooperativas na modernização e democratização do setor no Brasil. O programa de crédito consignado privado, em vigor desde março de 2025, também impactou o cooperativismo de crédito. As cooperativas precisaram se adaptar para garantir a competitividade com a chegada da nova lei. A LGPD, sancionada em 2018, continua sendo vital. Com o avanço das tecnologias e da inteligência artificial, o uso de dados e informações sensíveis deve seguir rigorosamente as regulamentações definidas para evitar riscos legais. Riscos de uma cooperativa sem compliance: Portanto, a falta de conformidade legal expõe cooperativas a sérios impactos negativos, como a perda de credibilidade e multas pesadas. Os principais riscos são: Impacto na reputação e credibilidade Estar envolvida em problemas jurídicos e descumprir leis prejudica a reputação da cooperativa de forma irreparável. Um único escândalo basta para manchar a marca e abalar a relação com cooperados e parceiros. O compliance protege a marca: Estrutura o trabalho de forma legal e transparente. Melhora a conduta dos colaboradores. Garante a integridade, blindando a cooperativa contra crises reputacionais. Prejuízos financeiros e riscos legais O compliance é essencial para blindar a cooperativa de riscos que geram perdas financeiras. Infrações como corrupção, vazamento de dados e processos trabalhistas podem resultar em multas pesadas e sanções judiciais. Além das penalidades, gastos com advogados e o tempo despendido na resolução desses problemas desviam recursos e foco do negócio. A conformidade legal evita despesas inesperadas e grandes transtornos. Erosão da confiança de cooperados e clientes O modelo de negócio cooperativo tem o aspecto humano como foco. A relação com cooperados e comunidades é sustentada por confiança e transparência, sendo crucial para o sucesso. Nesse contexto, a integridade é indispensável. O compliance garante o respeito às normas e, consequentemente, preserva a lealdade, a segurança e a satisfação dos cooperados e clientes. Instabilidade e dificuldade para crescer Problemas judiciais resultam em crises, mudanças drásticas e perdas financeiras. Essas questões ameaçam a longevidade e a sustentabilidade da cooperativa no longo prazo. O compliance fortalece a marca e sua competitividade: Impulsiona a tomada de decisões mais seguras. Prepara a organização para lidar com o inesperado. Baixa eficiência operacional Manter-se em dia com normas e regulamentos garante que o trabalho seja eficiente e produtivo. Decisões organizacionais baseadas em leis e regulamentos asseguram a qualidade dos serviços e produtos. O compliance melhora o desempenho da cooperativa e fortalece o trabalho dos colaboradores, não apenas seguindo normas legais, mas também estabelecendo políticas internas e regras de conduta para aprimorar o ambiente de trabalho. Boas práticas de compliance e gestão de riscos Vimos os inúmeros benefícios que a conformidade normativa traz ao cooperativismo. Para que o compliance faça parte da rotina, listamos cinco práticas que facilitam esse processo e fortalecem a gestão de riscos – e ainda trouxemos uma dica extra. Confira! 1. Construa e divulgue políticas e códigos de conduta alinhados à legislação O primeiro passo é criar canais de denúncia seguros para funcionários, cooperados e consumidores. É fundamental que a cooperativa assegure que todos se sintam protegidos e atuem conforme as normas. Neste processo, a criação de um código de conduta e a definição de políticas internas são cruciais. Esse documento deve ser o guia para que as práticas da organização se alinhem às normas legais e institucionais. 2. Invista na capacitação contínua dos cooperados e colaboradores Regulamentações e legislações de mercado mudam constantemente. Para manter colaboradores e cooperados sempre alinhados e atualizados, é essencial investir em treinamentos e capacitações periódicas. A constância nos treinamentos constrói uma cultura sólida de compliance em todos os setores da organização, prevenindo possíveis riscos legais. 3. Trabalhe com auditorias e monitoramento constante Monitorar as práticas de compliance garante que elas sejam cumpridas da melhor forma possível. Para isso, a cooperativa pode contratar auditores externos ou estabelecer um processo de auditoria interna. A auditoria é uma ferramenta vital para manter a conformidade e o bom funcionamento das atividades, processos e sistemas. Ela examina a rotina da instituição para identificar falhas e sugerir mudanças operacionais. 4. Crie uma gestão de riscos proativa Diversos riscos operacionais podem impactar o sucesso do negócio. Os riscos legais são um deles, e a cooperativa precisa ter uma equipe preparada para lidar com esses imprevistos. Para tal, é essencial construir uma cultura organizacional que promova a proatividade entre os colaboradores. A gestão deve saber identificar, avaliar e mitigar as ameaças em potencial antes que elas se concretizem. 5. Defina os responsáveis por acompanhar as políticas de compliance Designar um colaborador ou uma equipe responsável pelas políticas de compliance assegura que o processo ocorra da melhor maneira. O representante deve se manter atualizado sobre as normas e leis vigentes, promover treinamentos para outros times e realizar o monitoramento em conjunto com as auditorias. Essa equipe também será responsável por verificar se as políticas internas e os códigos de ética estão sendo seguidos por toda a cooperativa. Dica extra: Programa Nacional de Compliance e Integridade O Programa Nacional de compliance e Integridade (PNCI), uma parceria do Sistema OCB com a Escola de Negócios da PUC/PR, oferece capacitação e prática para que cooperativas de grande porte dos ramos Agropecuário e Saúde tenham as ferramentas necessárias para criar seus programas internos de compliance e integridade. Com o auxílio do programa, a cooperativa mapeia e estuda os riscos de integridade e a falta de conformidade. A instituição também deve oferecer treinamentos para cooperados e colaboradores, monitorar as práticas e disponibilizar canais de denúncia para fortalecer o programa. Conclusão: compliance e gestão de riscos legais são essenciais para o cooperativismo Investir em compliance e gestão de riscos legais é investir na longevidade, reputação e segurança do negócio. Em um momento de crescimento acelerado, o cooperativismo precisa se blindar para manter sua competitividade e segurança no mercado. Visando auxiliar cooperativas nessa jornada, o Sistema OCB criou o curso específico sobre Compliance. Desenvolvido para cooperados ou colaboradores, o curso ajuda a compreender e a cumprir normas legais e regulamentares, políticas e diretrizes da cooperativa, além de auxiliar na detecção e correção de irregularidades. Para desenvolver ações de compliance no dia a dia da sua cooperativa, confira o curso Compliance na CapacitaCoop!
13 min de leitura