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Como a inteligência artificial impacta os negócios de cada Ramo do cooperativismo
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A inteligência artificial já ocupou um espaço de destaque na economia e é uma realidade em todos os ramos do cooperativismo. Diversas atividades, do atendimento à análise de dados, são potencializadas pelas ferramentas de IA. Nesse contexto, diversas cooperativas de vários ramos e tamanhos já estão aplicando a tecnologia. Neste artigo, vamos conhecer como cada um dos ramos do cooperativismo pode empregar as ferramentas de inteligência artificial com as mais variadas finalidades, assim como casos práticos que mostram na prática a utilidade da tecnologia para os negócios das cooperativas, proporcionando eficiência e inteligência de mercado. Boa leitura! Ramo Crédito: do atendimento ao backoffice O cooperativismo financeiro é pioneiro na adoção das ferramentas de inteligência artificial. A tecnologia ocupa um papel importante para o atendimento e a interação com os cooperados. Chatbots automatizam o atendimento inicial e resolvem problemas simples, liberando os colaboradores para lidar com tarefas complexas. Mas o uso da IA no atendimento pode ser ainda mais profundo, como mostra o próprio Sicredi. Em 2024, a cooperativa decidiu apostar no Microsoft Copilot, o assistente de inteligência artificial generativa da Microsoft. A tecnologia foi responsável pelo aumento na porcentagem de atendimentos resolvidos: 11% na área de Cartões, 17% em Consórcios, e 26% em Seguros. Mas nem toda aplicação de IA é visível para os cooperados. O Sicoob incorporou o modelo de IA chinês DeepSeek a fim de apoiar o seu backoffice. A ferramenta foi integrada ao Sisbr, plataforma core do Sicoob, para aprimorar a interação com documentos. Desse modo, processos administrativos, como a análise de documentos, são realizados mais rapidamente e com maior precisão. Na prática, os colaboradores do Sicoob podem interagir com os documentos de forma conversacional, de maneira a obter as informações necessárias com maior agilidade e precisão. Análise de crédito A inteligência artificial também está ocupando um papel cada vez mais importante em processos de análise de crédito. O próprio Sicoob implementou um sistema que sugere pareceres a partir de dados fornecidos, acelerando a análise de crédito e proporcionando decisões com melhor embasamento. De acordo com a consultoria KPMG, modelos tradicionais - como regressões lineares e scorecards - já não são suficientes para lidar com o volume de dados disponíveis atualmente e com o novo cenário regulatório. Nesse contexto, a inteligência artificial está tornando a gestão de risco de crédito mais eficiente, precisa e ágil. Agropecuário: mapeamento e análise de qualidade A inteligência artificial chegou ao campo para auxiliar tarefas como análise de solo, controle de qualidade e automação operacional em um processo de transformação digital do setor. Cooperativas agropecuárias já estão aplicando a inovação de forma a impulsionar a produtividade da produção e, consequentemente, seus negócios. A IA é muito eficaz em análises avançadas de dados geoespaciais. No Paraná, a Integrada utiliza uma constelação de satélites europeus com imagens atualizadas a cada cinco dias para monitorar áreas agricultáveis. Já a inteligência artificial contribui para aprimorar e acelerar as análises das imagens. Com isso, um trabalho que levava trinta dias para ser realizado passou a demorar apenas 20 minutos. A tecnologia também é uma aliada do controle de qualidade da produção agrícola. É o que faz a mineira Cooxupé. Em sua jornada de expansão no mercado de cafés especiais, a cooperativa utiliza inteligência artificial para classificar os grãos adequados. A ferramenta é capaz de identificar a qualidade do grão e seu sabor, gerando a uniformidade dos produtos premium. Automação operacional A automação de tarefas é uma das grandes aplicações de IA no ambiente agroindustrial. Em conjunto com maquinário moderno, a inteligência artificial realiza processos como plantio e colheita com grande precisão e economia de tempo. Além disso, atividades como o transporte e acondicionamento de produtos são outras que vêm sendo automatizadas. A Coopavel, do Paraná, emprega a tecnologia para automatizar a inspeção do abate de frangos. A inteligência artificial realiza o processamento de imagens para fiscalizar o processo de sangria dos animais. Desde que implementou a inovação, a cooperativa registrou queda no percentual de frangos com sangria inadequada e eliminou as multas sanitárias por falhas nesse processo. Saúde: foco no paciente e combate às fraudes O setor de saúde é outro que já encontrou uma série de aplicações para os avanços da inteligência artificial. Os usos da tecnologia vão desde questões operacionais até o apoio para a realização de diagnósticos médicos. A Unimed Grande Florianópolis é precursora no emprego da IA no Ramo Saúde. Após identificar riscos aos pacientes causados pela descentralização das informações, a equipe de inteligência da cooperativa deu início ao projeto da Robô Laura, que integra as informações de prontuário em uma plataforma de inteligência artificial para processamento das informações e monitoramento dos beneficiários. A segurança e o combate a fraudes é mais uma maneira de utilizar a inteligência artificial nos serviços de saúde. Em parceria com uma startup, a Unimed Nacional usa inteligência artificial para identificar recibos fraudulentos. Com menos de um ano em funcionamento, o projeto analisou inúmeros recibos de reembolso e evitou um gasto de quase R$ 9 milhões. Diagnósticos Olhando para o futuro, a IA desponta como uma ferramenta que irá melhorar a medicina clínica. Capaz de analisar dados complexos, a tecnologia pode auxiliar os médicos a identificarem doenças com mais agilidade e precisão, reforça artigo publicado pelo MIT Technology Review. Já existe, por exemplo, uma ferramenta de IA que auxilia no diagnóstico de doenças neurodegenerativas como a esclerose múltipla e o Alzheimer. Conforme a quantidade de dados biométricos segue crescendo graças a aparelhos como relógios inteligentes, a IA terá mais dados para identificar problemas de saúde de forma precoce. Transporte: planejamento eficiente e segurança Dentro do Ramo Transporte, a inteligência artificial é capaz de otimizar as operações de cooperativas de transporte ao automatizar processos e analisar dados. Isso resulta em redução de custos, aumento de produtividade e melhoria na prestação de serviços. A tecnologia permite que as cooperativas tomem decisões baseadas em informações concretas, fortalecendo sua posição no mercado. No roteamento e planejamento, a IA cria as rotas mais eficientes. O sistema analisa variáveis como trânsito, clima, janelas de entrega e capacidade do veículo para definir o melhor trajeto. O objetivo é reduzir o consumo de combustível e o tempo de viagem. Em casos de imprevistos, como congestionamentos, as rotas são recalculadas automaticamente para evitar atrasos. Para a segurança, sistemas de IA monitoram o motorista por meio de câmeras e sensores. A tecnologia identifica sinais de cansaço ou distração e emite alertas para prevenir acidentes. Ademais, o reconhecimento facial pode ser utilizado para verificar a identidade do condutor, garantindo que apenas pessoal autorizado opere o veículo e aumentando a proteção contra roubos. Consumo: atendimento e personalização Já nas cooperativas de consumo, as ferramentas de inteligência artificial cumprem o papel de modernizar operações e aprimorar a experiência do cooperado. Esse movimento se traduz em melhorias de atendimento digital e maior personalização da jornada de compra. No atendimento digital, a IA viabiliza a automação da comunicação por meio de chatbots e assistentes virtuais. Essas ferramentas funcionam 24 horas por dia, respondendo a dúvidas comuns sobre produtos, status de pedidos, horários de funcionamento e programas de fidelidade. Em relação à predição de compras, por sua vez, algoritmos de IA analisam o histórico de consumo e o comportamento de navegação dos cooperados. Com base nesses dados, o sistema consegue prever quais produtos um membro provavelmente comprará no futuro, permitindo o envio de ofertas, cupons e recomendações de produtos de forma direcionada e personalizada para cada cliente. Infraestrutura: automação e manutenção preditiva As cooperativas que atuam no setor de infraestrutura também encontram caminhos para aplicar a inteligência artificial em seus negócios. A união entre dados e IA é muito produtiva. A Coprel, cooperativa de eletrificação, percebeu isso e adotou um processo de registro da leitura do medidor de energia, criando uma ferramenta que simplifica a informação com inteligência artificial. O novo processo foca em consumidores que vivem em áreas rurais e, portanto, precisam enviar o número da leitura para a Coprel. Antes, esse processo precisava de atendimento humano. Agora, basta que o cooperado faça uma foto dos dados no medidor e envie para a cooperativa para que sejam interpretados pela IA. Além da otimização de processos administrativos, a IA é fundamental na manutenção preditiva de ativos. Sensores instalados em redes de distribuição, transformadores e outros equipamentos críticos coletam dados de operação continuamente. Algoritmos de IA analisam essas informações para identificar padrões anormais ou sinais sutis de desgaste que antecedem uma falha, permitindo a realização efetiva de manutenção preventiva. Trabalho, Produção de Bens e Serviços: marketing e gestão As cooperativas de trabalho, que reúnem profissionais para a prestação de serviços, podem utilizar a Inteligência Artificial para otimizar a captação de clientes e a gestão interna. No marketing, essas cooperativas podem usar a IA para entender seu público-alvo e criar campanhas segmentadas. Um outro caminho está na automação de rotinas, em que a IA simplifica tarefas administrativas e operacionais que consomem tempo dos cooperados. Sistemas inteligentes podem gerenciar agendamentos, distribuir tarefas entre os cooperados com base na disponibilidade e nas competências de cada um, e automatizar processos financeiros como a emissão de faturas e o controle de pagamentos. Seguros: atender e analisar Por fim, o mais novo Ramo Seguros, criado este ano após autorização para que as cooperativas possam atuar nesse novo mercado. Dentro do segmento, as ferramentas de inteligência artificial apoiam o atendimento, a análise de dados e análises de risco. A Seguros Unimed, braço segurador e financeiro do Sistema Unimed, já antecipa as oportunidades. Em uma parceria com uma plataforma de IA generativa, a seguradora implementou a tecnologia em sua central de atendimento, permitindo que os colaboradores tenham acesso rápido a dados completos sobre os produtos, coberturas e benefícios. Além disso, a inteligência artificial potencializa a análise de dados no setor de seguros, tornando-a mais rápida e precisa. As seguradoras, que operam com grandes bases de informações sobre históricos de bens e pessoas, utilizam a IA para analisar esses dados em larga escala, identificar padrões e criar modelos preditivos. Desse modo, é possível calcular preços de apólices, de forma mais adequada ao risco, ajustar as condições de cobertura e personalizar a avaliação de cada cliente enquanto considera fatores específicos como hábitos de direção ou localização geográfica para uma precificação mais precisa. Riscos e fraudes Na avaliação de riscos e fraudes, a IA atua como uma ferramenta estratégica para a prevenção de perdas. Os algoritmos são capazes de analisar o perfil e o histórico dos clientes para prever comportamentos fraudulentos, identificar tendências e detectar padrões suspeitos em tempo real. A tecnologia pode ajudar as cooperativas de seguros a verificar a autenticidade de documentos e apontar sinistros falsos ou com valores exagerados. Essa capacidade de análise permite que as seguradoras ajam de forma preventiva, tomando medidas antes mesmo que a fraude aconteça, de forma a aumentar a segurança e a eficiência operacional. Conclusão A inteligência artificial está transformando os negócios nos mais diversos segmentos da economia e, portanto, nos Ramos do cooperativismo. A tecnologia, que chegou para ficar e deve ganhar ainda mais força nos próximos anos, precisa ser considerada na estratégia de gestão e inovação do setor cooperativista. Quer entender mais sobre esse fenômeno? Confira a análise econômica de agosto do NegóciosCoop, que explora como dados e inteligência artificial estão moldando uma nova era na gestão e na comunicação das organizações, com foco especial no cooperativismo!
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Organizações que tomam suas decisões a partir de dados têm um diferencial competitivo valioso em mãos. Por meio da gestão orientada por dados é possível reduzir custos, aprimorar produtos e serviços e responder com agilidade às mudanças do mercado. Mais do que uma ferramenta de apoio, os dados se consolidaram como um ativo estratégico. Eles fortalecem a capacidade de gestão, ampliam a eficiência operacional e entregam mais valor ao cliente ou cooperado, a depender do público-alvo da organização. Para mostrar na prática os benefícios dessa jornada, reunimos neste artigo oito exemplos de sucesso. As iniciativas de cooperativas e de companhias de referência ilustram como a cultura orientada por dados pode gerar ganhos reais em produtividade, inovação e relacionamento. Boa leitura! A força da gestão orientada por dados: como ser uma cooperativa data driven Ser orientado por dados é uma verdadeira vantagem competitiva. Uma organização que adota este comportamento tende a tomar decisões mais acertadas, otimizar custos e compreender melhor o mercado – tanto os problemas quanto as oportunidades. Entretanto, se abraçar essa forma de gestão fosse simples, mais do que apenas 11% dos negócios brasileiros se considerariam data driven – dado obtido na pesquisa IT Forum Series, publicada em 2024. Ser verdadeiramente orientado por dados exige uma transformação na cultura organizacional, instaurando o modo de pensar em todas as fases da operação. Um dos incentivos mais efetivos à cultura data driven é tornar os dados acessíveis. Todos os colaboradores da cooperativa devem ter acesso à totalidade ou à maioria das informações. Investimentos em comunicação interna e segurança digital são essenciais para assegurar que os dados permaneçam sob controle da organização. Também é essencial contar com a infraestrutura tecnológica adequada para implementar uma cultura orientada por dados. Soluções de big data viabilizam armazenamento e acesso a grande volume de informações. A inteligência artificial pode ser uma ferramenta preditiva poderosa, e diversos softwares podem facilitar o fluxo de trabalho. Por fim, uma cooperativa só pode se considerar data driven se monitorar resultados com frequência. Relatórios e indicadores de desempenho mostrarão se a organização está no caminho certo, mostrando se a transformação cultural tem gerado valor e quais são os pontos onde é possível evoluir. Gestão orientada por dados nos processos internos Para mostrar na prática por que ser uma organização orientada a dados é uma boa ideia, o NegóciosCoop traz para você oito exemplos de sucesso, dentro e fora do cooperativismo, em que gestão orientada por dados trouxe ganhos palpáveis. Confira a seguir os quatro primeiros exemplos, centrados em otimização de processos internos. Indicadores de desempenho aumentam eficiência na Unimed do Sudoeste Conforme explicamos anteriormente, toda cooperativa que deseja ser orientada por dados precisa medir seu desempenho. Decidida a adotar de vez esse modo de operar, a Unimed do Sudoeste – sediada em Vitória da Conquista, na Bahia – implementou dashboards de gestão, a fim de criar uma cultura de avaliação e aprimoramento contínuo. As ferramentas estratégicas possuem indicadores de qualidade (identificam inconsistências e previnem problemas) e de produtividade (comparam as horas de trabalho disponíveis com as rotinas executadas pelos trabalhadores). A Unimed do Sudoeste identificou ganhos com a implementação dos dashboards, como melhores comunicação e feedback com os colaboradores, maior motivação para apresentar bons resultados e melhor compreensão sobre o desempenho. Com os benefícios verificados, a cooperativa pretende avançar e explorar novas oportunidades de otimização. Fábrica conectada eleva produtividade da Aurora Coop Até mesmo as instalações físicas de uma organização podem refletir a sua cultura data driven. A Aurora Coop, uma das principais cooperativas alimentícias do país, inaugurou em 2024 uma fábrica 100% conectada em Chapecó, Santa Catarina. A cooperativa implantou uma rede de wi-fi de alta capacidade na unidade dedicada à produção de alimentos cozidos e empanados. As antenas são projetadas para resistir a ambientes extremos, funcionando até mesmo nas câmaras frias da fábrica. A infraestrutura é complementada por tecnologia de inteligência artificial, que monitora o funcionamento da rede em tempo real e realoca capacidade de conexão de acordo com a demanda. A fábrica 100% conectada permitiu à Aurora Coop migrar processos de apontamento de produção e coleta de dados para os dispositivos implementados, com acesso instantâneo a informações estratégicas sobre a produtividade. Isso gera decisões mais ágeis e ações mais eficientes. Sicoob adota IA integrada aos sistemas para otimizar tarefas Uma das principais tendências tecnológicas do momento é a integração da IA generativa ao dia a dia de trabalho. Essa implementação não deve ser feita por modismo, e sim para gerar valor real à organização. É por isso que o Sicoob, uma das principais cooperativas de crédito do país, investe e desenvolve continuamente suas ferramentas de IA. O processo de adoção de inteligência artificial começou em 2017, auxiliando na gestão de documentos e no processamento de dados desde então. Atualmente, o Sicoob aposta em modelos LLM open source, estratégia que mitiga riscos, reduz custos e garante que a IA esteja treinada com dados relevantes ao cotidiano da cooperativa. Dentre os constantes aprimoramentos colocados à disposição de seus colaboradores, o Sicoob lançou neste ano um chat conversacional integrado ao core bancário e uma solução de consulta semântica a documentos. As tecnologias garantem interações simples e intuitivas, e o usuário possui a liberdade de escolher o modelo de IA mais adequado para cada tarefa. Analytics orientam decisões da maior empresa de bebidas do Brasil Um exemplo externo ao universo cooperativista que mostra o potencial da cultura data driven vem da Ambev, maior empresa brasileira do setor de bebidas. A organização possui um hub próprio de tecnologia, o Ambev Tech, que produz e fornece soluções para os outros setores da companhia. O analytics tem conquistado importância na cultura organizacional da Ambev ao longo dos últimos anos. Em 2019, foi criado um data lake centralizado que consolidou informações estratégicas para o desenvolvimento de modelos preditivos – dando mais robustez e confiabilidade às decisões. Os dashboards e as ferramentas analíticas passaram a apoiar processos com maior agilidade. A Ambev Tech também avançou na automação da logística, com sistemas preditivos que orientam a gestão de estoque e o atendimento a pontos de venda, otimizam rotas e até preveem inadimplência. Os investimentos geraram ganhos em integração operacional, agilidade e antecipação de problemas. Gestão orientada por dados em relacionamento com pessoas Para quem não está habituado a uma gestão orientada por dados, orientar-se por dados pode parecer um caminho focado apenas em números e eficiência. Entretanto, a realidade não poderia ser mais distante desse cenário: dados são essenciais para conhecer as pessoas do público-alvo, sejam clientes ou cooperados, entender suas necessidades e entregar iniciativas que geram valor real. Conheça exemplos de dentro e fora do cooperativismo. Dados climáticos e IA ajudam cooperados da Cocamar a tomarem melhores decisões A cooperativa paranaense Cocamar, uma das principais do ramo agropecuário no Brasil, atua na produção de diversas culturas, como soja, milho, trigo, café, laranja e pecuária. Em todos esses segmentos, um dos principais desafios para o cooperado é lidar com as mudanças climáticas e seus impactos na produção. Diante desse desafio inerente à atividade agropecuária, a Cocamar decidiu combater a imprevisibilidade com dados. A cooperativa desenvolveu um projeto de previsão climática que conta com 55 estações capazes de coletar informações sobre solo, temperatura, umidade, vento e precipitação. A captura e o processamento de informações são apoiados por uma inteligência artificial que fornece previsões meteorológicas a cada 12 horas. A cooperativa planeja expandir a rede, proporcionando a ativação do serviço em tempo real. Com assertividade de 90% em previsão de chuvas, a rede meteorológica da Cocamar facilita a vida dos cooperados e viabiliza melhores decisões. A ideia da cooperativa é expandir o acesso à tecnologia para a população geral, proporcionando ganhos baseados na coleta e análise de dados. App agiliza coleta de dados e aproxima Nater Coop do cooperado Cooperativa de ampla atuação no mercado agropecuário, a Nater Coop criou em 2009 o Programa Leite Certo, pensado para modernizar a produção de leite e torná-la mais sustentável. Por mais benefícios que gerasse ao cooperado, havia lacunas no processo: a coleta de dados ocorria de maneira mensal, e as devolutivas demoravam até 40 dias. Ciente da necessidade de modernização do programa, a Nater Coop desenvolveu, em 2023, um aplicativo acessível aos técnicos e aos cooperados participantes. Os dados sobre as propriedades rurais coletados ao longo dos anos foram transferidos para a interface do app, tornando-os mais acessíveis. Ao permitir que o associado insira informações sobre suas vacas, o aplicativo torna a coleta de dados mais ágil e eficiente, ajudando o produtor a ter melhor compreensão sobre o comportamento da fazenda. O app também se tornou um canal de comunicação ágil entre cooperado e cooperativa. Sicredi utiliza dados do Open Finance para oferecer soluções únicas O Open Finance, o sistema regularizado de compartilhamento de dados entre instituições financeiras, é uma das principais tendências no ramo de crédito. Para as organizações, é positivo contar com informações mais abrangentes e atualizadas. A partir disso, seu papel é transformar os dados em valor para seus clientes. E essa é uma das principais preocupações do Sicredi. A cooperativa de crédito aprimora com frequência os recursos disponíveis ao cooperado em suas plataformas digitais. Dentre as novidades, estão o compartilhamento facilitado do histórico financeiro – que pode ser feito até pelo WhatsApp – e a movimentação do saldo de outras contas. O Sicredi utiliza os dados para gerar ofertas personalizadas para cada cooperado, entregando soluções mais adequadas ao seu perfil e suas necessidades. Mais um exemplo de como uma estratégia orientada por dados pode culminar em tratamento individualizado ao cliente. Cultura de CX da C&A é baseada em dados e personalização A personalização também é tendência entre as principais empresas de outros ramos além do financeiro. A C&A, uma das principais marcas de roupas no Brasil, aposta em uma cultura de customer experience (CX) apoiada em dados para construir relacionamentos duradouros com seus clientes. Cléa Hasegava, head de Clientes da C&A Brasil, detalhou como a cultura de CX da organização é baseada em sistema, símbolos e sinais. O principal programa de relacionamento entre empresa e cliente é o C&A&VC, programa que oferece experiências personalizadas e benefícios progressivos. A personalização em escala é o pilar da estratégia, sendo viabilizada por uma robusta estrutura de dados. A C&A visa proporcionar uma experiência integrada, independentemente do canal, e utiliza modelos de propensão para prever o comportamento do cliente e personalizar a comunicação. O C&A&VC tem apresentado resultados positivos – os clientes que participam do programa compram duas vezes mais e têm frequência de visita 75% maior. A ideia é continuar aprimorando o projeto através de testes e medições, e espera-se que a IA generativa colabore para tornar a comunicação hiperpersonalizada. Conclusão: gestão orientada por dados em ação Os oito cases apresentados neste artigo são diversificados, abrangendo diferentes realidades, segmentos e modelos de negócio. Mas há algo em comum que une todos: a tomada de decisão apoiada por dados gera benefícios concretos para a organização e, potencialmente, para o cliente. Se a sua cooperativa ainda precisa aprender para se tornar uma gestão verdadeiramente data driven, o curso Análise de Mercado, do NegóciosCoop, é um ótimo primeiro passo! Aprimore sua capacidade de coletar, interpretar e utilizar dados, informações e conhecimento sobre o mercado. Clique aqui e se inscreva!
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Oscilações no cenário econômico, mudanças regulatórias e alta concorrência: diversos são os riscos operacionais que podem prejudicar o sucesso de uma cooperativa. Mesmo com uma equipe organizada e preparada, sempre há espaço para imprevistos que afetam negativamente o negócio. Ter uma cultura organizacional proativa possibilita que a cooperativa saiba lidar com os empecilhos do dia a dia. Para se manter forte no mercado, é preciso saber identificar, avaliar e mitigar as potenciais ameaças. Neste artigo, confira o que são os riscos operacionais e como a sua cooperativa pode agir para se proteger deles. Boa leitura! Riscos operacionais: o que são e quais tipos de riscos No setor financeiro, o Banco Central do Brasil definiu, na Resolução 3.380 de 2006, que um risco operacional é “a possibilidade de ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou de eventos externos”. Sendo assim, nomeamos de riscos operacionais as falhas que podem causar perdas financeiras, atrasos nos processos e outros problemas. Eles afetam as operações e as finanças de uma cooperativa, prejudicando também seu posicionamento no mercado e sua reputação. Os riscos são divididos em dois grupos: internos e externos. Os internos são aqueles oriundos de dentro da própria cooperativa, como um erro cometido por um colaborador ou uma falha em um sistema de gestão interna, por exemplo. Quando as ameaças são causadas por fatores independentes da cooperativa, chamamos de riscos externos. Alguns exemplos seriam mudanças regulatórias, desastres naturais ou instabilidades no mercado econômico. A importância de se preparar para riscos operacionais Ter uma abordagem proativa é crucial para mitigar riscos e se manter protegido de ameaças. Cooperativas bem estruturadas para lidar com riscos podem ter diversos benefícios, como ganhar credibilidade, adaptar-se a mudanças, ter um time preparado e evitar perdas financeiras. Esse preparo possibilita que a cooperativa esteja em constante crescimento e estabilidade, o que fortalece a reputação da marca junto aos consumidores, parceiros e ao público em geral. Uma cooperativa de crédito, por exemplo, precisa ganhar a confiança da comunidade em que está inserida para conquistar e manter seus cooperados. Riscos operacionais fazem parte do cotidiano de qualquer cooperativa, gerando desde pequenas falhas até grandes prejuízos. Assumir e lidar com essa realidade é o melhor caminho para a construção de uma marca consolidada e duradoura. Técnicas para identificar, avaliar e mitigar riscos operacionais Algumas práticas permitem identificar, avaliar e mitigar riscos operacionais. Confira o que fazer em cada fase. Identificação A primeira etapa para lidar com riscos operacionais é a identificação. Deve-se entender, dentro do contexto em que a marca está inserida, quais são as falhas que podem trazer prejuízos. Para isso, a cooperativa pode: Realizar a análise SWOT: a metodologia SWOT avalia as Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças de uma organização. Esse parâmetro serve de base para identificar os pontos fortes e fracos da cooperativa, auxiliando a enxergar possíveis riscos. Estudar incidentes passados: aprender com os erros é de extrema importância para as cooperativas. As falhas do passado se tornam valiosas lições se estudadas e analisadas com atenção. Apenas assim a cooperativa poderá evitar a repetição dos erros ou, pelo menos, se planejar. Consultar especialistas: uma visão de fora da cooperativa pode ajudar a enxergar gargalos e detalhes que os colaboradores não percebem. Nesse contexto, consultar especialistas do setor é uma prática indispensável na identificação de riscos operacionais. Avaliação Após identificar quais riscos tornam uma cooperativa vulnerável, é o momento de avaliar essas ameaças, entendendo o prejuízo que cada risco pode causar. Dois procedimentos são estratégicos nessa avaliação: Fazer a matriz de risco: a matriz de risco, também nomeada de matriz de probabilidade, é uma ferramenta que organiza, de forma visual, a probabilidade e os impactos dos riscos operacionais. Estudar interconexão dos riscos: muitas vezes, uma falha pode desencadear outras. Por conta disso, ao avaliar o quão crítico um risco pode ser, é preciso investigar quais outros problemas podem acompanhar o primeiro. Mitigação Uma vez que os riscos operacionais são identificados e analisados, é momento de se precaver. É utópico imaginar que uma cooperativa nunca passará por períodos de tensão, por isso, preparar-se é fundamental. Contratar seguros: os seguros servem para oferecer, como o próprio nome aponta, segurança. A seguradora atua para proteger a cooperativa contra prejuízos decorrentes de imprevistos, trazendo maior estabilidade. Ter uma reserva financeira: outra prática que aumenta a proteção da cooperativa é ter uma reserva financeira. Guardar uma parcela dos recursos para possíveis imprevistos pode ser essencial em momentos de crise. Fazer monitoramento constante: quanto mais cedo uma ameaça for detectada, menor será seu impacto. Pensando nisso, a cooperativa deve estimular que os colaboradores estejam constantemente em estado de alerta para os riscos operacionais. Desenvolva planos de ação Mesmo seguindo todos os passos e se preparando para os riscos operacionais, falhas sempre podem acontecer. Para cada tipo de risco, é importante ter um plano de ação, definindo atribuição de responsabilidades, primeiros passos e prazos. Os planos de ação estabelecem estratégias específicas para gerenciar os momentos de crise. O documento deve descrever como a cooperativa pode lidar com os riscos, diminuindo os impactos e guiando os colaboradores. Conclusão Prevenir é melhor do que remediar. Ao identificar, analisar e mitigar os riscos operacionais, é possível trabalhar com maior estabilidade e segurança. Essas práticas fortalecem a marca no setor e constroem uma organização mais potente. Sendo assim, cooperativas que se preparam para os riscos têm mais chances de se manter duradouras no mercado, pois ganham a confiança dos consumidores, cooperados e colaboradores. Como vimos, o planejamento é a melhor forma de lidar com a prevenção de riscos operacionais. Confira o nosso e-book que ensina como elaborar um plano de negócios para sua cooperativa e se antecipe aos desafios!
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Nos dias 6 a 8 de outubro, Brasília receberá a 8ª edição do Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo (EBPC). Organizado pelo Sistema OCB, o 8° EBPC apresenta pesquisas acadêmicas que abordam o cooperativismo, incentivando a produção de conhecimento científico para o setor. As pesquisas acadêmicas reconhecidas pelo projeto trazem debates que podem impulsionar o cooperativismo no mercado e aumentar a competitividade das cooperativas que atuam em mercados cada vez mais concorridos. Neste artigo, portanto, entenda a importância do investimento em pesquisa para a competitividade e saiba mais sobre os estudos selecionados para integrar o 8° EBPC. Boa leitura! 8º EBPC: A pesquisa como aliada da competitividade nos negócios Com o tema "Ano Internacional das Cooperativas: Integração, Impacto e Perspectivas para o Cooperativismo Brasileiro", o 8° EBPC traz estudos que podem servir de insumos para pensar em estratégias e fortalecer o cooperativismo. Entre os 211 textos submetidos, 72 foram selecionados e serão apresentados no evento. São artigos científicos, trabalhos de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso divididos em eixos temáticos que abordam os desafios e as oportunidades do setor. Mais de 30 instituições de ensino superior tiveram trabalhos aprovados no 8° EBPC. Tal reconhecimento impulsiona a produção de pesquisas e estimula a formação de profissionais preparados para trabalhar nesse modelo de negócios. Conhecimento que gera desenvolvimento Além de incentivar os profissionais, as pesquisas geram aumento na competitividade das cooperativas. Isso porque os estudos acadêmicos aprimoram a eficácia e eficiência dos processos cooperativos, se transformando em conhecimento para o desenvolvimento dos negócios. Segundo o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, “a pesquisa tem papel estratégico no desenvolvimento do cooperativismo. Por meio da ciência, conseguimos avançar na gestão, na inovação, na inclusão e na sustentabilidade das cooperativas”. Tais avanços ajudam a posicionar as cooperativas no mercado, se destacando frente a outros modelos de negócios. É por isso que o 8° EBPC é uma iniciativa tão importante para o setor. “O evento conecta saberes, inspira lideranças e projeta o futuro que queremos construir juntos”, conclui Lopes de Freitas. 8° EBPC: quais conhecimentos os estudos acadêmicos trazem para os negócios? Os trabalhos do 8° EBPC são divididos em cinco eixos temáticos com assuntos de extrema importância para as cooperativas. Todos carregam informações que podem ser usadas para aumentar a competitividade do modelo de negócios cooperativista. Confira, então, os principais assuntos estudados pelos estudos selecionados em cada um dos eixos: Eixo Contabilidade, Finanças e Desempenho As pesquisas do eixo Contabilidade, Finanças e Desempenho trazem análises valiosas sobre aspectos financeiros do cooperativismo, em especial dentro do cooperativismo de crédito. Esse eixo estuda as cooperativas como organizações híbridas que englobam duas entidades: uma associação de pessoas com interesses comuns, assim como um empreendimento econômico. A gestão contábil-financeira das cooperativas apresenta vários desafios e particularidades. As pesquisas desse eixo abordam essa realidade e os temas relacionados à eficiência e ao desempenho econômico, financeiro e social das cooperativas. Desse modo, o conhecimento produzido pelos estudos abrigados dentro deste eixo pode guiar decisões estratégicas para o setor financeiro e contábil de cooperativas, fortalecendo a gestão de recursos. Eixo Educação, Inovação e Diversidade As pesquisas do eixo Educação, Inovação e Diversidade mostram a relevância do aspecto social do cooperativismo, que não apenas é um dos pilares do modelo de negócios cooperativista, mas também um diferencial competitivo importante. Esse tema também será pautado no painel “Impacto social das cooperativas: qual prosperidade para redução de iniquidades?”, que acontece no segundo dia de evento com mediação do bacharel em Gestão de Cooperativas, Mateus de Carvalho Reis. Os trabalhos desse eixo abordam diversos tópicos para o desenvolvimento e competitividade de uma cooperativa, como tecnologias, tendências de inovação e ações para a promoção da equidade e da justiça socioambiental. Eixo Governança e Gestão O eixo de Governança e Gestão reúne pesquisas e estudos que evidenciam como a governança e a gestão de uma cooperativa influenciam os processos e os resultados dos negócios. As cooperativas têm características de gestão diferentes de outros modelos de negócios, e as pesquisas desse eixo estudam os desafios provenientes da heterogeneidade dentro do quadro de cooperados. Esses estudos, portanto, analisam como o setor cooperativista lida com essa realidade e aponta caminhos de aprimoramento nas tomadas de decisão de forma a gerar mais assertividade e competitividade nos negócios. Eixo Identidade Cooperativa e Direito Cooperativo Nos estudos dedicados ao eixo Identidade Cooperativa e Direito Cooperativo, os pesquisadores trazem insights sobre questões legislativas e jurídicas que envolvem o cooperativismo. Com base nas pesquisas, as cooperativas podem entender o que efetivamente torna as cooperativas diferentes das demais organizações em aspectos teóricos, identitários, legais e societários. Também é possível aprender com os trabalhos que tratam a legislação cooperativista no Brasil e no mundo, além das regras que influenciam o funcionamento das cooperativas. Com esse conhecimento, as cooperativas têm a capacidade de alinhar suas estratégias em busca de maior segurança jurídica e aptidão regulatória. Eixo Impactos e Contribuições Econômicas, Sociais e Ambientais O eixo de Impactos e Contribuições Econômicas, Sociais e Ambientais aborda temas essenciais para o setor: a sustentabilidade e a responsabilidade social dos negócios. As pesquisas desse ramo debatem os impactos econômicos e socioambientais gerados pelo cooperativismo, estudando as contribuições desse setor para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), impactos relacionados às práticas ESG e aos padrões GRI (Global Reporting Initiative). Com esse conhecimento, as cooperativas podem fortalecer suas ações e entender como soluções sustentáveis não são apenas uma tendência no mercado, mas uma exigência para construir um negócio competitivo. Conclusão: no 8° EBPC, fórum científico se torna espaço de conhecimento para negócios Reunindo pesquisadores, gestores de cooperativas, dirigentes, docentes e formuladores de políticas públicas, o 8º EBPC cria um ambiente de discussão e promoção de conhecimento cooperativista. Além de prestigiar as pesquisas, essenciais para o desenvolvimento do setor, o evento se torna um espaço de capacitação para as cooperativas que podem se beneficiar dos estudos acadêmicos. Inscreva-se 8° EBPC pelo site até o dia 3 de outubro para participar do evento e acompanhar o desenvolvimento de conhecimento acadêmico e científico do cooperativismo brasileiro!
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