
O que o Censo Demográfico revela sobre as mudanças no perfil do consumidor brasileiro
O Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é responsável por contabilizar os habitantes do território nacional, identificando características de como vivem. As informações são utilizadas para o desenvolvimento de políticas públicas municipais, estaduais e federais, e para a tomada de decisão acerca de investimentos - e ainda ajudam a entender o perfil do consumidor brasileiro.
Normalmente, a pesquisa acontece a cada dez anos. No entanto, devido à pandemia de Covid-19, o censo, que deveria ser realizado em 2020, atrasou dois anos. Os resultados trazem uma série de insights sobre o perfil do consumidor brasileiro e suas mudanças com o passar dos anos.
Quando comparado aos dados de 2010, o Censo Demográfico 2022 evidencia o crescimento da população em 6,45%, indo de 190 milhões para 203 milhões, aproximadamente. Mas, apesar do aumento na quantidade de brasileiros, a taxa de crescimento anual foi a mais baixa da história do país: 0,52%.
Esses dados refletem diretamente nas tendências de consumo e no perfil do consumidor brasileiro, influenciando a mudança das estratégias de mercado e das demandas. Vamos entender mais sobre a população brasileira e como ela influencia o consumo?
A nova demografia do Brasil
Em 12 anos, a demografia brasileira passou por diversas mudanças. Em 2021, o IBGE estimou que a população brasileira chegaria a 213 milhões de habitantes, e em 2022 ajustou a estimativa para 207,7 milhões.
Apesar da população não ter atingido a marca especulada pelo órgão, o Censo Demográfico 2022 mostrou outros dados importantes e positivos sobre os brasileiros. Vamos conferir os destaques da pesquisa?
Divisão da população: regiões, estados e municípios
O aumento da população brasileira aconteceu, majoritariamente, na Região Sudeste, indo de 80 para 84 milhões de habitantes. A Região Sul ficou em segundo lugar, crescendo de 27 para mais de 29 milhões de residentes. Mas quando falamos nas regiões mais populosas, o ranking fica diferente, confira:
Região Sudeste: 41,8%
Região Nordeste: 26,9%
Região Sul: 14,7%
Região Norte: 8,5%
Região Centro-Oeste: 8%
A pesquisa também apontou os estados com mais habitantes. Quem está no topo do pódio é São Paulo, com mais de 44 milhões de residentes. O estado paulista é seguido por Minas Gerais, com 20 milhões, e pelo Rio de Janeiro, com 16 milhões de pessoas. Já o último lugar é ocupado por Roraima, que conta com 636 mil habitantes.
Centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Fortaleza, ocupam os quatro primeiros lugares quando o assunto é a quantidade de residentes por município. No entanto, o Censo Demográfico 2022 aponta que 66% dos novos habitantes estão no interior, e não nas capitais e centros urbanos.
Domicílios
A quantidade de domicílios aumentou, indo de 67 para 90 milhões, aproximadamente, em 12 anos. Junto a isso, o IBGE identificou que a porcentagem de residências com apenas um morador foi de 12,2% para 18,9%.
Uma das causas para esse aumento é o envelhecimento da população. Segundo a pesquisa, 29% dos domicílios eram comandados por pessoas com mais de 60 anos.
Outra causa para o aumento de lares com uma pessoa é a mudança geracional. Atualmente, adultos não desejam se casar, ou preferem conquistar a independência financeira antes do matrimônio e, por conta disso, vivem sozinhos.
Junto com o crescimento dos lares com apenas uma pessoa, temos a diminuição das famílias. Em 2010, o número médio de moradores era de 3,3 pessoas, já em 2022, o indicador caiu para 2,8.
Liderança dos lares
O Censo Demográfico 2022 também analisou a liderança dos domicílios, ou seja, buscaram saber quem é o responsável por manter o imóvel. A pesquisa apontou que as mulheres ocupam, cada vez mais, posições de chefia nos lares.
Em 2022, cerca de 35,6 milhões de brasileiras estavam no comando, o que equivale a 49,1%. Já a porcentagem de homens liderando os domicílios caiu de 61,3% para 50,9%, aproximadamente 36,9 milhões de brasileiros.
Crescimento do agronegócio
Quando analisada mais detalhadamente, a taxa de crescimento de 0,52% por ano não é dividida igualmente entre as regiões brasileiras. Ao observarmos os dados, vemos que as regiões e os estados com maior crescimento estão ligados ao agronegócio.
E quem lidera nesse ramo é o Centro-Oeste, com um crescimento de quase 16%. A população do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul cresceram, respectivamente, 20,55%, 14,55% e 12,56%.
Vale lembrar que o crescimento do agro não beneficia somente as regiões produtoras. Estados e municípios que também fazem parte da cadeia produtiva, seja no processamento, distribuição ou exportação, também se desenvolvem com o protagonismo do agronegócio.
O que o Censo de 2022 revela sobre o perfil do consumidor brasileiro
Diante de tantas mudanças na demografia, o perfil do consumidor brasileiro foi diretamente afetado. O censo revela uma nova composição etária, famílias menores e um deslocamento do crescimento da população para cidades médias e o avanço do agronegócio.
Esse cenário reflete uma transformação nas prioridades de consumo, com maior foco em saúde, habitação compacta e adaptação ao aumento do custo de vida em novas regiões de destaque.
Nova pirâmide etária e impacto no mercado de saúde
Diante de um envelhecimento populacional, vemos uma mudança na pirâmide etária brasileira. Sua base, composta por crianças e jovens, vai se afinando, enquanto o topo, que consiste na população adulta e idosa, segue aumentando.
Com uma nova dinâmica, as prioridades, necessidades e os comportamentos de consumo mudam, inclusive no setor de saúde. Por não necessitarem de procedimentos caros ou fazer consultas com frequência, os jovens subsidiam os idosos.
No entanto, com a diminuição dos usuários mais novos e o aumento da expectativa de vida, podemos esperar um encarecimento dos planos de saúde para os mais velhos. A alta nos preços também pode elitizar serviços de qualidade.
Organização familiar
A organização familiar também sofre mudanças desde 2010. O aumento de moradias com apenas um habitante evidencia uma tendência crescente de lares unipessoais e a formação de famílias menores, como mostrado pelos dados do censo.
Esse cenário reflete a influência dos jovens e adultos por fatores econômicos, como aumento do custo de vida, quanto por valores sociais. Diante dessa mudança, é possível observar uma reorganização na oferta de moradias, reforçando a busca por residências mais compactas e bem localizadas.
Isso incentiva o mercado imobiliário a investir em apartamentos menores e em configurações de moradia que atendam a novos perfis de consumidores, como jovens solteiros, idosos e pessoas que optam por viver sozinhas. A acessibilidade e a proximidade a serviços essenciais também deve ser fatores considerados.
Custo de vida e migração ao interior
No entanto, viver em áreas urbanas ou em grandes centros urbanos pode sair mais caro que o esperado. Com o alto preço dos imóveis, serviços e despesas gerais nas capitais, muitas pessoas buscam melhor qualidade de vida e um custo mais acessível em municípios menores.
O movimento de êxodo urbano é incentivado e facilitado pelo crescimento de trabalhos remotos ou híbridos, permitindo que os profissionais mantenham seus empregos, enquanto vivem uma vida mais tranquila.
Esse fenômeno reflete uma busca por equilíbrio entre qualidade de vida e oportunidades econômicas, tendência cada vez mais visível nos dados populacionais do país. Porém, as cidades médias devem se atentar ao planejamento urbano, tomando as melhores decisões para acomodar a população.
Fim do bônus demográfico e aposentadoria
O fim do bônus demográfico no Brasil representa um desafio significativo para a previdência social e para o consumo. Com a queda das taxas de natalidade e o envelhecimento populacional, esse período, caracterizado por uma maior proporção de pessoas em idade produtiva, está chegando ao fim.
Em um futuro próximo, haverá menos trabalhadores ativos para sustentar um número crescente de aposentados. Esse desequilíbrio pressiona o modelo previdenciário atual, podendo exigir ajustes como aumentos nas contribuições, elevação da idade de aposentadoria, ou outras reformas.
Conclusão: conhecendo o novo perfil do consumidor brasileiro
Fica claro, portanto, que as mudanças na demografia da população brasileira afetam diretamente o perfil dos consumidores, seja positiva, ou negativamente. É por isso que a sua cooperativa deve estar sempre preparada para mudanças e adequar os produtos e serviços às demandas e necessidades dos consumidores.
O Sistema OCB, em parceria com o Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), desenvolveu o estudo Tendências de mercado diante de um novo mundo. O material, que aborda as tendências de mercado e os possíveis cenários que podem surgir, auxilia a sua organização na tomada de decisões. Confira!
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