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    Tarifas e oportunidades: o xadrez geopolítico do comércio internacional em 2025

    Três meses são muito ou pouco tempo? Quando o assunto é geopolítica, pode ter certeza de que é muito tempo. 2025 precisou de apenas 90 dias para ser um ano altamente significativo nas relações internacionais. Este início de ano é marcado por decisões nacionais que geram ramificações por todo o planeta. Algumas medidas, especialmente atreladas à taxação de importações, podem rapidamente transformar o cenário do comércio internacional. Ao mesmo tempo em que as novidades colocam interrogações, também podem significar o surgimento de oportunidades. Leia este artigo do NegóciosCoop para se inteirar sobre decisões geopolíticas relevantes tomadas em 2025 e entenda seus impactos para o comércio internacional. Boa leitura! Movimentando a geopolítica: as novas tarifas nos EUA Tudo que acontece na grande potência econômica do planeta reverbera na geopolítica e na atividade econômica do resto do mundo. Não é surpresa nenhuma, portanto, que o início do mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos afete o comércio internacional. E, ao que tudo indica, só vimos até agora os primeiros passos de seu projeto. O presidente norte-americano anunciou e reiterou em diversas ocasiões que divulgará, no dia 2 de abril, um pacote de tarifas aduaneiras “recíprocas”. A ideia, conforme tem declarado a Casa Branca, é impor tarifas proporcionais às cobradas por outros países sobre os produtos dos EUA. Segundo os posicionamentos de Trump, a medida é uma forma de proteger a economia nacional e equilibrar a balança comercial. A aplicação de novas tarifas a outros países é uma tendência que já está em curso no segundo mandato de Trump à frente da Casa Branca. Em março deste ano, entrou em vigor a taxação de 25% a todas as importações de aço e alumínio, outra tentativa de fortalecer a indústria norte-americana. A decisão tende a impactar de maneira significativa o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA em 2024, atrás somente do Canadá. A China também foi alvo de novos impostos aduaneiros norte-americanos. A Casa Branca dobrou as tarifas sobre todos os produtos chineses importados, saindo de 10% para 20%. Segundo o governo estadunidense, a taxação é uma resposta ao fornecimento chinês de produtos químicos utilizados ​​na produção da droga fentanil. A China, por sua vez, nega qualquer envolvimento. Trump ainda apresentou uma proposta para taxar navios chineses que entrem em portos nos EUA. Respostas ao movimento norte-americano Diante de decisões que impactam severamente relações comerciais previamente estabelecidas e importantes para diferentes economias, é natural que os países respondam às medidas de Trump com suas próprias taxações. Conversas sobre medidas recíprocas ou até mesmo a aplicação de tarifas já são vistas ao redor do planeta. A China, por exemplo, rapidamente anunciou tarifas retaliatórias após os impostos criados por Trump. O país asiático passou a taxar frango, trigo, milho e algodão vindos dos EUA em 15%, assim como sorgo, soja, carne de porco, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios em 10%. Além disso, 25 empresas americanas entraram em lista de restrições sobre exportação e investimento. Por fim, China, Japão e Coreia do Sul anunciaram em 31 de março que responderão conjuntamente ao novo pacote americano de 2 de abril. Já o Canadá, histórico parceiro comercial dos EUA, parece se distanciar do país vizinho. Trump chegou a anunciar tarifas de 25% a produtos canadenses e mexicanos, mas adiou sua aplicação para 2 de abril. Mesma data prevista para que entre em vigor um imposto de 25% sobre importação de carros e peças automotivas – o Canadá é lar de operações de montadoras norte-americanas e está entre seus cinco maiores fornecedores de carros. Diante desse cenário, o novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, disse que o relacionamento de cooperação entre as nações “acabou” e que responderá com tarifas retaliatórias. A União Europeia também avalia com atenção o movimento protecionista norte-americano. O bloco chegou a anunciar um pacote de decisões, mas recuou. Agora, aguarda o anúncio de Trump, previsto para 2 de abril, para tomar contramedidas se julgar necessário. O presidente norte-americano prometeu aplicar tarifas em “larga escala” à UE caso os europeus trabalhem em conjunto com o Canadá para “causar danos econômicos aos EUA”. Movimentos da geopolítica: portas se fecham, oportunidades se apresentam A imposição de tarifas aduaneiras abrangentes a todo o planeta, como algumas das medidas recém-adotadas pelos EUA, naturalmente pode afetar as exportações brasileiras. Espera-se que o impacto seja sentido no ramo siderúrgico, por exemplo, onde as transações de aço e alumínio com norte-americanos são essenciais. A troca internacional de tarifas e retaliações, no entanto, pode abrir novas oportunidades para as organizações brasileiras. Ao fecharem portas entre si, os países envolvidos nessa guerra comercial abrem portas para outras parcerias. Esse fenômeno tende a ganhar força especialmente no ramo agropecuário, segmento onde o cooperativismo brasileiro se destaca. O Brasil já é consolidado internacionalmente como o principal exportador de commodities agropecuárias do planeta. Segundo estudo do Insper Agro Global, o país ultrapassou os EUA para se tornar o maior exportador do mundo em 2023 e 2024, comercializando US$ 137,7 bilhões apenas em 2024. Após um ano de ligeira redução no crescimento das vendas, o agronegócio brasileiro pode se aproveitar do contexto geopolítico para amplificar sua participação em diversos mercados. Entre eles está a China, que passou a taxar diversos produtos americanos. Diante da possível diminuição da oferta dos EUA, a demanda por culturas como carne de porco, algodão, milho e soja tende a crescer, segundo especialistas na área de exportação. Como o embate aduaneiro ainda está em seus estágios iniciais, não é possível precisar o quão grande pode ser a abertura para o agronegócio brasileiro. Extensão de parceria comercial à vista? De acordo com dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil exportou U$ 11,24 bilhões em fevereiro de 2024, valor superior ao apresentado em janeiro. Dentre esses números, uma tendência chama a atenção: o aumento de vendas para o México. Parceiro comercial relevante, mas de volume reduzido em comparação a potências econômicas – responsável por 1,78% das exportações em 2024 –, o México tem estreitado relações comerciais com o agronegócio nacional. Em fevereiro, por exemplo, os destaques ficam para o aumento de 4.130,2% nas importações de café solúvel, 265,2% em carne de frango e 100,8% em carne bovina. Assim como o Canadá, o México também é um histórico parceiro comercial dos EUA que tende a repensar sua economia caso as tarifas norte-americanas de 25% sejam realmente aplicadas. Portanto, a relação comercial ascendente com o Brasil tende a crescer ainda mais. Oportunidades para a pecuária O agronegócio brasileiro teve um ano de 2024 histórico na produção e venda de carne bovina. O país exportou 2,89 milhões de toneladas e movimentou US$ 12,8 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e quebrou recordes nacionais. A expectativa é que a tendência positiva se mantenha em 2025. A China já é a principal importadora de carne brasileira, recebendo 1,33 milhão de toneladas apenas em 2024. A demanda do país asiático pode aumentar, tendo em vista que a carne bovina está entre os produtos norte-americanos que passaram a ser taxados em 10%. Ao mesmo tempo em que a questão tarifária se desenrola, o Brasil busca viabilizar a exportação de carne bovina para outro mercado asiático: o Japão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, viajaram ao Japão para tratativas que incluíam negociações pela abertura deste mercado. O processo envolve certificação de qualidade da carne e inspeções sanitárias de técnicos japoneses no Brasil. Já há comércio de proteínas de frango entre os dois países. Atualmente, o Japão tem os EUA e a Austrália como principais parceiros na importação de carne bovina. Inquietação geopolítica: o mundo vive uma guerra comercial? Bastaram apenas três meses para ficar evidente que 2025 é um ano de transformações geopolíticas no relacionamento entre países. O cenário de medidas unilaterais, em geral através de novas taxas, e respostas retaliatórias marca o início do que pode ser considerada uma guerra comercial. Diante do tamanho das medidas restritivas e do desejo de proteção às próprias economias, não é exagero usar o termo “guerra” ao se referir ao atual contexto internacional. O cenário dá indícios de enfraquecimento do multilateralismo comercial. A Organização Mundial do Comércio (OMC), criada com o objetivo de supervisionar as relações entre países, perdeu poder de decisão em resoluções internacionais desde o bloqueio à nomeação de novos juízes ao Órgão de Apelação, em 2019. Ou seja, não há um mediador com voz realmente ativa, e o protecionismo encontra menos barreiras. Resta saber até onde vai a aplicação de medidas tarifárias e retaliações. Os EUA, protagonistas nesta tendência protecionista, conseguirão fortalecer a própria economia através do incentivo a produtos internos? Qual será o impacto para as nações que passaram a ser tarifadas? Perguntas que terão respostas mais claras no futuro próximo. Fato é que, se a escalada protecionista seguir em curso, o comércio internacional pode diminuir. A imposição de tarifas tem potencial de forçar uma reconfiguração da cadeia de suprimentos global, com diversificação de fornecedores e foco na produção regional. A guerra comercial impõe um cenário volátil, repleto de desafios e marcado por novas oportunidades. Conclusão: por que a geopolítica importa para as cooperativas Diante de um cenário geopolítico volátil além das novas tarifas, é essencial que sua cooperativa encare as mudanças fora de seu controle como janelas de oportunidades. Foi justamente pensando nisso que o NegóciosCoop preparou o artigo Guerras e instabilidade geopolítica: como afetam os negócios das cooperativas! Leia e saiba mais sobre como incorporar o risco geopolítico ao planejamento da organização, adaptando-se a novos contextos e demonstrando resiliência.
    Mercado Internacional 01/04/2025
    Tarifas e oportunidades: o xadrez geopolítico do comércio internacional em 2025

    Três meses são muito ou pouco tempo? Quando o assunto é geopolítica, pode ter certeza de que é muito tempo. 2025 precisou de apenas 90 dias para ser um ano altamente significativo nas relações internacionais. Este início de ano é marcado por decisões nacionais que geram ramificações por todo o planeta. Algumas medidas, especialmente atreladas à taxação de importações, podem rapidamente transformar o cenário do comércio internacional. Ao mesmo tempo em que as novidades colocam interrogações, também podem significar o surgimento de oportunidades. Leia este artigo do NegóciosCoop para se inteirar sobre decisões geopolíticas relevantes tomadas em 2025 e entenda seus impactos para o comércio internacional. Boa leitura! Movimentando a geopolítica: as novas tarifas nos EUA Tudo que acontece na grande potência econômica do planeta reverbera na geopolítica e na atividade econômica do resto do mundo. Não é surpresa nenhuma, portanto, que o início do mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos afete o comércio internacional. E, ao que tudo indica, só vimos até agora os primeiros passos de seu projeto. O presidente norte-americano anunciou e reiterou em diversas ocasiões que divulgará, no dia 2 de abril, um pacote de tarifas aduaneiras “recíprocas”. A ideia, conforme tem declarado a Casa Branca, é impor tarifas proporcionais às cobradas por outros países sobre os produtos dos EUA. Segundo os posicionamentos de Trump, a medida é uma forma de proteger a economia nacional e equilibrar a balança comercial. A aplicação de novas tarifas a outros países é uma tendência que já está em curso no segundo mandato de Trump à frente da Casa Branca. Em março deste ano, entrou em vigor a taxação de 25% a todas as importações de aço e alumínio, outra tentativa de fortalecer a indústria norte-americana. A decisão tende a impactar de maneira significativa o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA em 2024, atrás somente do Canadá. A China também foi alvo de novos impostos aduaneiros norte-americanos. A Casa Branca dobrou as tarifas sobre todos os produtos chineses importados, saindo de 10% para 20%. Segundo o governo estadunidense, a taxação é uma resposta ao fornecimento chinês de produtos químicos utilizados ​​na produção da droga fentanil. A China, por sua vez, nega qualquer envolvimento. Trump ainda apresentou uma proposta para taxar navios chineses que entrem em portos nos EUA. Respostas ao movimento norte-americano Diante de decisões que impactam severamente relações comerciais previamente estabelecidas e importantes para diferentes economias, é natural que os países respondam às medidas de Trump com suas próprias taxações. Conversas sobre medidas recíprocas ou até mesmo a aplicação de tarifas já são vistas ao redor do planeta. A China, por exemplo, rapidamente anunciou tarifas retaliatórias após os impostos criados por Trump. O país asiático passou a taxar frango, trigo, milho e algodão vindos dos EUA em 15%, assim como sorgo, soja, carne de porco, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios em 10%. Além disso, 25 empresas americanas entraram em lista de restrições sobre exportação e investimento. Por fim, China, Japão e Coreia do Sul anunciaram em 31 de março que responderão conjuntamente ao novo pacote americano de 2 de abril. Já o Canadá, histórico parceiro comercial dos EUA, parece se distanciar do país vizinho. Trump chegou a anunciar tarifas de 25% a produtos canadenses e mexicanos, mas adiou sua aplicação para 2 de abril. Mesma data prevista para que entre em vigor um imposto de 25% sobre importação de carros e peças automotivas – o Canadá é lar de operações de montadoras norte-americanas e está entre seus cinco maiores fornecedores de carros. Diante desse cenário, o novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, disse que o relacionamento de cooperação entre as nações “acabou” e que responderá com tarifas retaliatórias. A União Europeia também avalia com atenção o movimento protecionista norte-americano. O bloco chegou a anunciar um pacote de decisões, mas recuou. Agora, aguarda o anúncio de Trump, previsto para 2 de abril, para tomar contramedidas se julgar necessário. O presidente norte-americano prometeu aplicar tarifas em “larga escala” à UE caso os europeus trabalhem em conjunto com o Canadá para “causar danos econômicos aos EUA”. Movimentos da geopolítica: portas se fecham, oportunidades se apresentam A imposição de tarifas aduaneiras abrangentes a todo o planeta, como algumas das medidas recém-adotadas pelos EUA, naturalmente pode afetar as exportações brasileiras. Espera-se que o impacto seja sentido no ramo siderúrgico, por exemplo, onde as transações de aço e alumínio com norte-americanos são essenciais. A troca internacional de tarifas e retaliações, no entanto, pode abrir novas oportunidades para as organizações brasileiras. Ao fecharem portas entre si, os países envolvidos nessa guerra comercial abrem portas para outras parcerias. Esse fenômeno tende a ganhar força especialmente no ramo agropecuário, segmento onde o cooperativismo brasileiro se destaca. O Brasil já é consolidado internacionalmente como o principal exportador de commodities agropecuárias do planeta. Segundo estudo do Insper Agro Global, o país ultrapassou os EUA para se tornar o maior exportador do mundo em 2023 e 2024, comercializando US$ 137,7 bilhões apenas em 2024. Após um ano de ligeira redução no crescimento das vendas, o agronegócio brasileiro pode se aproveitar do contexto geopolítico para amplificar sua participação em diversos mercados. Entre eles está a China, que passou a taxar diversos produtos americanos. Diante da possível diminuição da oferta dos EUA, a demanda por culturas como carne de porco, algodão, milho e soja tende a crescer, segundo especialistas na área de exportação. Como o embate aduaneiro ainda está em seus estágios iniciais, não é possível precisar o quão grande pode ser a abertura para o agronegócio brasileiro. Extensão de parceria comercial à vista? De acordo com dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil exportou U$ 11,24 bilhões em fevereiro de 2024, valor superior ao apresentado em janeiro. Dentre esses números, uma tendência chama a atenção: o aumento de vendas para o México. Parceiro comercial relevante, mas de volume reduzido em comparação a potências econômicas – responsável por 1,78% das exportações em 2024 –, o México tem estreitado relações comerciais com o agronegócio nacional. Em fevereiro, por exemplo, os destaques ficam para o aumento de 4.130,2% nas importações de café solúvel, 265,2% em carne de frango e 100,8% em carne bovina. Assim como o Canadá, o México também é um histórico parceiro comercial dos EUA que tende a repensar sua economia caso as tarifas norte-americanas de 25% sejam realmente aplicadas. Portanto, a relação comercial ascendente com o Brasil tende a crescer ainda mais. Oportunidades para a pecuária O agronegócio brasileiro teve um ano de 2024 histórico na produção e venda de carne bovina. O país exportou 2,89 milhões de toneladas e movimentou US$ 12,8 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e quebrou recordes nacionais. A expectativa é que a tendência positiva se mantenha em 2025. A China já é a principal importadora de carne brasileira, recebendo 1,33 milhão de toneladas apenas em 2024. A demanda do país asiático pode aumentar, tendo em vista que a carne bovina está entre os produtos norte-americanos que passaram a ser taxados em 10%. Ao mesmo tempo em que a questão tarifária se desenrola, o Brasil busca viabilizar a exportação de carne bovina para outro mercado asiático: o Japão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, viajaram ao Japão para tratativas que incluíam negociações pela abertura deste mercado. O processo envolve certificação de qualidade da carne e inspeções sanitárias de técnicos japoneses no Brasil. Já há comércio de proteínas de frango entre os dois países. Atualmente, o Japão tem os EUA e a Austrália como principais parceiros na importação de carne bovina. Inquietação geopolítica: o mundo vive uma guerra comercial? Bastaram apenas três meses para ficar evidente que 2025 é um ano de transformações geopolíticas no relacionamento entre países. O cenário de medidas unilaterais, em geral através de novas taxas, e respostas retaliatórias marca o início do que pode ser considerada uma guerra comercial. Diante do tamanho das medidas restritivas e do desejo de proteção às próprias economias, não é exagero usar o termo “guerra” ao se referir ao atual contexto internacional. O cenário dá indícios de enfraquecimento do multilateralismo comercial. A Organização Mundial do Comércio (OMC), criada com o objetivo de supervisionar as relações entre países, perdeu poder de decisão em resoluções internacionais desde o bloqueio à nomeação de novos juízes ao Órgão de Apelação, em 2019. Ou seja, não há um mediador com voz realmente ativa, e o protecionismo encontra menos barreiras. Resta saber até onde vai a aplicação de medidas tarifárias e retaliações. Os EUA, protagonistas nesta tendência protecionista, conseguirão fortalecer a própria economia através do incentivo a produtos internos? Qual será o impacto para as nações que passaram a ser tarifadas? Perguntas que terão respostas mais claras no futuro próximo. Fato é que, se a escalada protecionista seguir em curso, o comércio internacional pode diminuir. A imposição de tarifas tem potencial de forçar uma reconfiguração da cadeia de suprimentos global, com diversificação de fornecedores e foco na produção regional. A guerra comercial impõe um cenário volátil, repleto de desafios e marcado por novas oportunidades. Conclusão: por que a geopolítica importa para as cooperativas Diante de um cenário geopolítico volátil além das novas tarifas, é essencial que sua cooperativa encare as mudanças fora de seu controle como janelas de oportunidades. Foi justamente pensando nisso que o NegóciosCoop preparou o artigo Guerras e instabilidade geopolítica: como afetam os negócios das cooperativas! Leia e saiba mais sobre como incorporar o risco geopolítico ao planejamento da organização, adaptando-se a novos contextos e demonstrando resiliência.

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    Intercooperação 21/03/2025
    Parcerias público-privadas: tudo o que você precisa saber e como participar

    O cooperativismo tem como um de seus princípios fundamentais o interesse pela comunidade, que vira realidade através do trabalho de cooperativas para estimular o desenvolvimento socioeconômico sustentável. Mas você sabia que há uma forma de promover esse impacto positivo e ainda arrecadar recursos públicos? Sim, essa possibilidade existe: são as parcerias público-privadas (PPPs)! As PPPs trazem benefícios para a sociedade, para o Governo e para o setor privado. Confira neste texto detalhes sobre seu funcionamento e saiba como envolver a sua cooperativa nessas parcerias. O que são e para que servem as parcerias público-privadas Como vimos, as parcerias público-privadas são parcerias entre o Estado – seja em instância federal, estadual ou municipal – e organizações privadas – como cooperativas ou empresas mercantis. Essa união tem o intuito de aprimorar ou implementar uma política pública, especialmente em áreas onde os recursos governamentais não são suficientes. Conforme estabelecido na Lei 11.079/2004, as parcerias público-privadas são firmadas através de contratos de concessão. Estes são divididos em duas modalidades: a patrocinada, quando a cobrança de tarifas ao beneficiário complementa o pagamento governamental, e a administrativa, quando o poder público arca integralmente com os custos sem repasse ao usuário. Seja qual for a modalidade, uma PPP só acontece quando é a melhor alternativa possível. Toda parceria público-privada passa por um estudo de viabilidade, que analisa tecnicamente, economicamente e juridicamente se este modelo é mais vantajoso que outras alternativas, como execução do projeto diretamente pelo Estado ou licitações tradicionais. Contratos de PPPs As parcerias público-privadas costumam ter contratos de longo prazo, tendo em vista que seu objetivo é beneficiar a população através de políticas públicas de impacto. A lei prevê que as concessões tenham duração mínima de cinco anos e máxima de 35 anos. O limite é superior às licitações públicas tradicionais, que, entre diversas segmentações, podem chegar a no máximo 30 anos, mas costumam ser mais curtas. Desse modo, o tempo de vínculo das parcerias público-privadas é estabelecido previamente em edital. O contrato também estabelecerá metas e padrões de qualidade que devem ser cumpridos para a manutenção da parceria. A lei das PPPs foi atualizada em 2012, incluindo a possibilidade de remuneração variável à instituição privada, vinculada ao seu desempenho. Para as cooperativas, as PPPs representam uma oportunidade de aproximação a seus próprios ideais. Promover o desenvolvimento socioeconômico está entre os princípios básicos do movimento. Estabelecer parceria com o governo neste tema garante apoio estratégico e financeiro para entregar projetos efetivos e adequados às necessidades da população. Saúde: o ramo com alto potencial para parcerias público-privadas As PPPs são uma forma moderna de aplicar políticas públicas e podem ser cada vez mais exploradas para estimular o desenvolvimento social e a solidez econômica de companhias privadas. Seu potencial ainda está longe de ser maximizado. O Sistema OCB identifica e aposta em um segmento no qual o cooperativismo pode beneficiar e ser beneficiado pelo crescimento das PPPs: o ramo da saúde. De acordo com o mais recente Anuário do Cooperativismo, as cooperativas de saúde abrangem 90% do território nacional, marcando presença em todos os estados. O amplo alcance e a presença de figuras com expertise à frente dessas associações demonstram como o movimento tem capacidade para ajudar na implementação de políticas públicas. Na saúde, a lei prevê que todas as PPPs devem ser do tipo administrativo, no qual o Poder Público arca com os custos integrais da contratação. O setor privado atua como um complemento à saúde pública, com os serviços estatais ainda sendo tratados como prioritários. Ainda raras, as principais oportunidades para as cooperativas estão em provisão de serviços, gestão de unidades hospitalares e obras. O cooperativismo de saúde já beneficia 20 milhões de pessoas em território nacional. O setor gera valor para as comunidades onde está presente, e isso pode crescer ainda mais com investimentos públicos. As PPPs são estáveis, devido aos contratos de longa duração, e têm foco na eficiência. Apoio do Sistema OCB Responsável por representar os interesses do cooperativismo no território nacional, o Sistema OCB acredita no papel estratégico das PPPs na saúde e propaga informações sobre o tema. Assim sendo, a entidade realizou workshops para mostrar como o modelo de negócio funciona na prática, com visitas técnicas a casos consolidados em Belo Horizonte e Salvador. Para capacitar as cooperativas de saúde a explorarem de vez esse segmento, o Sistema OCB preparou, em parceria com a consultoria do Radar PPP, o “Guia sobre PPPs em saúde”. O material traz informações relevantes, dados e recomendações para as organizações interessadas. Outras possibilidades de parcerias O Sistema OCB identifica na saúde um ramo com alto potencial para as PPPs, mas esse está longe de ser o único segmento onde as parcerias são uma alternativa viável. O Governo Federal, os estados e os municípios têm explorado as possibilidades de trabalho conjunto com a iniciativa privada. As cooperativas de infraestrutura podem encontrar diversas possibilidades de contratação em PPP. Essas parcerias são aplicáveis em segmentos fundamentais para cidades. Concessão de rodovias, obras de saneamento básico, aprimoramento da iluminação pública, construção de hospitais… Organizações do ramo de infraestrutura têm potencial para contemplar todas essas necessidades. O campo também precisa de modernização em sua infraestrutura, assunto do qual as cooperativas agropecuárias entendem bem. Projetos para desenvolver a irrigação em regiões onde não há esse maquinário e melhorias na armazenagem e logística podem se tornar realidade por meio de parcerias público-privadas. Como participar de parcerias público-privadas Antes de usufruir dos benefícios da parceria e trabalhar em conjunto com o poder público, toda cooperativa que deseja participar de parcerias público-privadas deve estabelecer um ponto focal. Um ou mais colaboradores devem se aprofundar no tema, estudando especificidades do ramo, e monitorar projetos para os quais a cooperativa tem condições de pleitear a concessão. Organizações interessadas em parcerias público-privadas devem, idealmente, acompanhar os projetos em questão desde suas etapas iniciais. Quem entende a complexidade da iniciativa desde seu estudo de viabilidade consegue se preparar com maior antecedência e precisão. Há ainda a consulta pública, etapa na qual as cooperativas podem apresentar comentários e sugestões, e a audiência pública. A participação ativa nas raízes da parceria ajuda a assegurar que os contratos de concorrência pública sejam benéficos a todas as partes. Onde encontrar editais de PPP? Passado esse rito, as PPPs chegam à concorrência pública através da divulgação de edital, minuta de contrato e anexos. A veiculação desses documentos é dispersa, por isso listamos a seguir órgãos e instituições que vale a pena monitorar com atenção. Um projeto de destaque na articulação e estruturação de PPPs no Brasil é o Programa Parcerias de Investimento (PPI), lançado em 2016. Através de seu portal, o programa classifica e divulga projetos estratégicos. O PPI trabalha para facilitar a interação entre Estado e setor privado, atuando em apoio a ministérios e agências reguladoras. Outra possibilidade de divulgação de PPPs é através dos sites de municípios e estados. Nesse caso, a cooperativa deve se informar sobre os procedimentos específicos das regiões de seu interesse. A grande quantidade de órgãos pode dificultar o acesso às PPPs mais adequadas aos interesses e possibilidades da sua cooperativa. Justamente para ajudar nessa missão existe o Radar de Projetos, um sistema desenvolvido pela Radar PPP. A listagem é atualizada diariamente a partir de documentos públicos oficiais, com detalhamento sobre o ciclo de vida de cada iniciativa. Alternativas além da licitação completa Ganhar a concorrência pública não é a única forma de se envolver em PPPs. Sua cooperativa pode inclusive direcionar seus esforços para atuar de forma “secundária” nos projetos. Um caminho é através da subcontratação, caso em que uma organização presta serviços à vencedora da licitação. Isso pode acontecer, por exemplo, quando uma organização do ramo de infraestrutura assume a responsabilidade de construir e gerenciar um hospital. Nessa situação, a concessionária pode recorrer à expertise de uma cooperativa de saúde para prestar serviço de qualidade à população. Conclusão: oportunidades de negócios em parcerias público-privadas Depois de saber mais sobre o que são, como funcionam e como sua cooperativa pode entrar em PPPs, certamente você sai melhor preparado para encontrar e aproveitar oportunidades de parceria com o Poder Público. Sabia que os recursos governamentais também podem estimular a inovação dentro da sua cooperativa? Existem diversos editais de fomento que remuneram projetos inovadores, e o Radar de Financiamento do InovaCoop reúne os principais em um só lugar. Clique e confira!

    12 min de leitura

    Inteligência de Mercado 13/03/2025
    Parcerias estratégicas: confira 5 dicas essenciais para firmar alianças de sucesso

    As parcerias estratégicas são alianças importantes para o desenvolvimento e perenidade das cooperativas. Para manter a competitividade, as coops recorrem a essas colaborações, aproveitando de novas tecnologias, além de promover o crescimento de maneira orgânico. Firmar parcerias estratégicas consiste em colaborar com uma ou mais organizações que possuem propósitos em comum. A ideia é que as instituições compartilhem e combinem recursos, conhecimentos e habilidades para atingirem metas. Existem diversas vantagens relacionadas às parcerias estratégicas, mas só é possível se beneficiar delas se sua equipe souber como firmar essas colaborações. Para isso, o conhecimento sobre os tipos de parceria e a importância da intercooperação são essenciais. Então, aproveite para entender mais sobre a ferramenta e confira cinco dicas essenciais para fechar parcerias de sucesso! Vantagens de parcerias estratégicas O objetivo principal da colaboração entre organizações é juntar conhecimentos e tecnologias complementares para atingir metas. Mas existem outros benefícios atrelados às parcerias estratégicas. Vamos conhecê-los? Otimização de recursos Investir em parcerias estratégicas é compartilhar, seja infraestrutura, conhecimentos ou tecnologias. Ambas se beneficiam de ferramentas e profissionais especializados que simplificam processos e auxiliam no desenvolvimento de produtos e serviços. Diante dessa troca de informações, as organizações otimizam seus recursos, reduzindo custos operacionais e aumentando a eficiência. Os novos recursos disponíveis, portanto, são direcionados para áreas necessárias. Acesso a novos mercados e clientes As parcerias estratégicas também dão retorno externo para as organizações. Além de compartilharem tecnologias, conhecimentos e, consequentemente, otimizar recursos e reduzir custos, as alianças são responsáveis por facilitar o acesso a novos mercados e atrair mais clientes. Ao firmar parcerias com organizações de outros ramos, sua cooperativa se aproxima de novos usuários e possíveis consumidores, além de explorarem um novo mercado repleto de oportunidades de maneira orgânica. Aumento da reputação e credibilidade da marca Clientes de ambas as marcas vão enxergar os respectivos parceiros estratégicos com mais credibilidade, afinal, imaginam que uma aliança seja firmada apenas com organizações de confiança. Diante do aumento da confiança dos usuários, também é possível observar o crescimento da reputação. O aumento do renome e da credibilidade da marca são peças-chave para o crescimento orgânico, acelerado e independente de recursos financeiros. Tipos de parcerias existentes Existem diversos tipos de alianças e a cooperativa deve decidir qual tipo de parceria estratégica vai firmar. A escolha precisa considerar os objetivos e as necessidades da organização. Confira as principais: Joint ventures É quando duas ou mais organizações se juntam para formar uma instituição maior para atingir objetivos específicos. Elas combinam recursos e conhecimento para desenvolver produtos, implementar iniciativas ou explorar o mercado. Normalmente, essa parceria é firmada entre indústrias, corporações logísticas ou tecnológicas, e grupos comerciais. Isso porque esse tipo de colaboração é comum entre organizações que necessitam de grandes investimentos. Parcerias de marketing Parcerias de marketing são uma ótima opção para organizações que estão buscando aumentar e diversificar seu público, aumentar a visibilidade e promover produtos. Nesse caso, as instituições focam em iniciativas em conjunto, como campanhas publicitárias, eventos e até atividades promocionais. Outsourcing O trabalho interno pode até ser ótimo, mas existem outras corporações que utilizam técnicas e tecnologias mais avançadas que podem ser mais benéficas para o seu negócio. Buscando ter os melhores profissionais, pode-se optar pelo outsourcing, ou seja, na contratação de outra organização para realizar tarefas que poderiam ser executadas internamente. A parceria permite que a contratante tenha acesso a tecnologias de ponta que podem otimizar o trabalho e o uso de recursos. Além disso, com especialistas responsáveis pelas tarefas, a cooperativa consegue ganhar mais visibilidade no mercado e atingir as demandas. Alianças tecnológicas Juntar tecnologias nunca é uma má ideia, não é mesmo? Organizações do setor de TI, biotecnologia e engenharia aproveitam das alianças tecnológicas para acelerarem o desenvolvimento de produtos e serviços, além de se apoiarem nas competências e habilidades dos parceiros. Intercooperação e parcerias com startups A intercooperação é um dos princípios do cooperativismo e consiste na parceria entre duas cooperativas que, juntas, buscam o fortalecimento de suas organizações e da comunidade onde atuam. A intercooperação pode acontecer de diversas maneiras, sendo a horizontal e a vertical as mais comuns. Na horizontal, cooperativas de diferentes ramos se juntam para compartilhar recursos e colaborar; já na vertical, coops do mesmo ramo se unem para criar uma central. No cooperativismo, a intercooperação é imprescindível para o fomento da inovação. Esse princípio, junto ao de educação, formação e informação, deixam claro que as cooperativas estão empenhadas em compartilhar iniciativas inovadoras entre si para ganharem visibilidade no mercado. Inovação aberta e formas de se conectar com startups Mas não é só entre si que as cooperativas podem firmar alianças! O conceito de inovação aberta segue ganhando cada vez mais visibilidade no mercado por ser uma alternativa inovadora quando comparada à inovação fechada. Por mais desenvolvida que sua cooperativa seja, ela pode enfrentar dificuldades caso deseje inovar sem o apoio de organizações especializadas. As cooperativas podem firmar parcerias com qualquer tipo de organização, como universidades, instituições tradicionais e até governamentais, mas são as startups que se destacam. Construídas com foco em inovar e resolver problemas de maneira mais simples e descomplicada, as startups oferecem tecnologia de ponta e agilidade nos processos. 5 dicas para fechar parcerias estratégicas Parcerias estratégicas são ótimas para alavancar negócios e fomentar novas oportunidades, no entanto, é preciso saber como usar a ferramenta ao seu favor, evitando erros indesejados que podem prejudicar a cooperativa a longo prazo. Pensando em evitar esse transtorno, separamos cinco dicas essenciais para que sua equipe feche alianças estratégicas de sucesso. 1. Conheça seu negócio e defina objetivos claros Antes de qualquer tomada de decisão, conheça sua cooperativa nos mínimos detalhes, desde os produtos e serviços, até o público-alvo. Aproveite para fazer uma análise aprofundada do seu negócio, elencando dores internas e externas, e os desafios a serem superados. Diante de um estudo detalhado da cooperativa, defina objetivos claros, tanto para atividades internas, quanto para alianças estratégicas. Isso torna o processo de firmar alianças com metas claras e definidas. 2. Desenvolva uma proposta de valor mútuo para a parceria Ambos os lados buscam parcerias estratégicas e que agreguem valor aos seus respectivos empreendimentos. Por isso, desenvolva uma proposta que ofereça vantagens e benefícios mútuos. Assim como na área de vendas, mostre à organização parceira sua proposta de valor, isto é, o que você vai oferecer caso a aliança seja firmada e seu diferencial diante das concorrentes. A ideia é entregar propostas autênticas e exclusivas. 3. Mantenha uma comunicação transparente Manter a comunicação transparente é outro fator importante para fechar parcerias estratégicas. A transparência permite que possíveis desafios sejam identificados e resolvidos antecipadamente, sem afetar o projeto. Além disso, as organizações também alinham suas visões e garantem que compartilham valores semelhantes. 4. Crie acordos claros para formalizar a parceria Formalize a parceria com acordos claros, listando o que será realizado e qual o papel de cada parte no processo de desenvolvimento. Isso evita confusões e demonstra alto grau de profissionalismo. Acordos definidos também proporcionam segurança e confiança a ambas as partes. Além de facilitar a colaboração, a formalização da parceria garante que a colaboração perdure. 5. Monitore e avalie os resultados Não esqueça de monitorar as parcerias estratégicas, avaliando as atividades realizadas e seus respectivos resultados. Nem sempre as alianças funcionam de primeira, às vezes são necessários ajustes no projeto para as organizações continuarem a otimizar recursos, reduzir custos e maximizar os resultados. Conclusão Firmar parcerias estratégicas é a chave para o sucesso, afinal, precisamos cooperar, e não competir. Ao consolidar alianças com outras organizações, as cooperativas caminham para um futuro mais inovador e rentável, garantindo a perenidade da instituição. Pensando em fomentar um ecossistema de cooperativas que desejam se unir e fazer negócios, o NegóciosCoop conta com uma seção dedicada à intercooperação - clique aqui e confira!

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    Mercado Nacional 10/03/2025
    Como acessar editais de fomento e políticas públicas

    A fim de impulsionar novos projetos, tocar novas iniciativas de negócios, expandir a operação e executar projetos de inovação, é necessário ter recursos. Transformar boas ideias em realidade e liderar movimentos de mercado são ações que levam o cooperativismo adiante e movem o mundo dos negócios. Nesse contexto, os editais de inovação podem ser grandes aliados das cooperativas! Entretanto, o desejo de fazer coisas novas esbarra em empecilhos. Um dos problemas mais recorrentes, e que em certa medida limita a ação de qualquer organização, é a falta de recursos. A mais recente Pesquisa de Inovação no Cooperativismo Brasileiro, realizada pelo Sistema OCB, mostra que 87% das cooperativas consideram a inovação essencial, e 80% introduziram uma nova prática ou produto. Mas, mesmo com esses números animadores, 46% consideram a questão financeira uma barreira que restringe o progresso. Para muitas iniciativas capazes de impulsionar os negócios, o fomento é a única coisa que falta para as ideias saírem do papel. E sim, existem alternativas viáveis para contornar essa barreira! Conheça os processos de captação de recursos públicos para inovar com uma vantagem competitiva e impulsionar a sua cooperativa. Como construir a estratégia de captação de recursos Se inovar de maneira efetiva nos negócios exige trabalho consistente para colocar a inovação no DNA da cooperativa, esse mesmo nível de esforço deve ser a régua para todas as etapas. Beneficiar-se da captação de recursos públicos vai ser mais fácil se a equipe conhecer os atalhos. O primeiro passo pode parecer simples, mas é a base de tudo: monitorar oportunidades. Explore os sites dos órgãos públicos que mais se alinham ao ramo de atuação da sua cooperativa e o Radar de Financiamento do InovaCoop – contaremos tudo sobre essa ferramenta na sequência do artigo! Os recursos para executar suas ideias inovadoras podem estar à disposição, e você só não sabia disso. Após identificar uma oportunidade com potencial, analise seus projetos internos que necessitam de recursos para sair do papel. Selecione o mais adequado para o edital ou a política pública em questão, promovendo alterações se for necessário. Um fator importante para a tomada de decisão em relação aos projetos de inovação é conhecer o histórico do agente de fomento. Busque informações sobre quais são as iniciativas contempladas em levas anteriores e reflita sobre como a sua proposta pode atender às demandas do órgão de uma maneira inovadora. Por fim, todas essas etapas culminam na elaboração e redação da proposta. Atente-se ao edital e prepare um texto alinhado às exigências do agente de fomento. Se esse processo for realizado de maneira consistente, sua cooperativa aumenta as possibilidades de ser contemplada. Tipos de apoio financeiro Quando a questão financeira é a grande barreira entre a ideia inovadora e sua execução, a cooperativa não precisa ficar inerte, esperando pelo momento em que terá recursos suficientes. Mesmo com limitações mercadológicas impostas aos processos inovadores, é possível encontrar diferentes formas de apoio financeiro. O apoio pode vir de forma direta, quando há um aporte de capital. Os editais de fomento se encaixam nesta categoria, destinando recursos especificamente para a inovação em determinado segmento. Há diversas formas de apoio direto: Recursos reembolsáveis: quando o capital precisa ser devolvido. As linhas de créditos do BNDES específicas para determinados segmentos são um exemplo. Recursos não reembolsáveis: quando o valor cedido não precisa ser devolvido. É o caso para diversos editais, que estabelecem regras sobre o uso desses recursos. Recursos humanos: quando o investimento é nos pesquisadores responsáveis pelo projeto e não na organização em si. Também costuma ocorrer através de editais. Financiamento indireto Outro tipo de estímulo financeiro à inovação é através do apoio indireto. Esse formato aparece em duas formas: incentivos fiscais e investimento obrigatório. Os incentivos fiscais são leis que concedem facilidades, como isenção de impostos, a organizações consideradas estratégicas para um setor da economia. Já o investimento obrigatório ocorre em setores específicos, como o energético, que precisam alocar recursos para pesquisa e desenvolvimento. Para além dessas formas tradicionais de incentivo à inovação, ligadas em boa parte a recursos governamentais, é possível buscar soluções criativas para destravar boas ideias. As parcerias com cooperativas de crédito são uma possibilidade. Afinal, intercooperar é um dos princípios fundamentais do modelo de negócios cooperativista. Créditos e editais de fomento Agora que conhecemos em maiores detalhes os diferentes tipos de apoio à inovação, vamos conferir exemplos de como é possível captar recursos públicos para aquecer os negócios de sua cooperativa. Começando por casos de apoio direto, que vão de editais a linhas especiais de crédito. Créditos favoráveis no BNDES O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é uma empresa pública que tem como missão básica estimular o progresso econômico nacional através do financiamento de investimentos a longo prazo. Naturalmente, o banco também olha atentamente para potenciais inovações como um investimento no futuro do país. Desse modo, o BNDES atua com linhas de crédito específicas para determinados setores da economia, contemplando desde microempresas a grandes corporações. O cooperativismo marca forte presença em alguns desses segmentos, e pode acessar tais recursos de diversas formas. Procap-Agro: o Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias tem como objetivo ofertar recursos para o capital de giro de cooperativas agropecuárias, agroindustriais, aquícolas e pesqueiras. Sua taxa de juros é fixada em 11,5% ao ano (mais baixa que a taxa básica Selic no momento) e o valor máximo é de R$ 65 milhões. Prodecoop: também voltado ao agronegócio, o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária é um crédito destinado a estudos, projetos, obras e maquinários que ajudem na modernização dos sistemas produtivos e de comercialização. O BNDES financia até 90% do projeto em questão, com valor máximo de R$ 150 milhões, com a mesma taxa de 11,5% ao ano. Pronaf: mais um programa agropecuário, este apoia investimentos em modernização das estruturas de produção da agricultura familiar. Dentre os diversos subprogramas dentro do Pronaf, o Cotas-Partes é especialmente voltado ao cooperativismo. A linha de crédito pode beneficiar cooperados (até R$ 75 mil) e cooperativas (até R$ 55 milhões, com limite de R$ 75 mil por associado participante) com juros de 6% ao ano. Procapcred: essa linha é destinada a cooperados (pessoas físicas ou jurídicas) que desejam ampliar sua participação no capital social de cooperativas de crédito com até R$ 100 mil. Buscar esse crédito não é, portanto, uma decisão dos gestores da cooperativa. Ainda assim, as associações se fortalecem e se consolidam com a entrada de novos recursos. Finame BK: esse projeto, não exclusivo para cooperativas, tem como objetivo aportar a aquisição e comercialização de máquinas, equipamentos, sistemas industriais, bens de informática e automação, ônibus, caminhões e aeronaves executivas. Com diferentes valores para organizações de portes distintos, o programa pode ajudar cooperativas de transportes. O BNDES está comprometido com o desenvolvimento do cooperativismo e atua de maneira próxima às suas prioridades. O banco assinou um acordo de cooperação com o Sistema OCB em 2020, estendendo a relação entre as entidades e visando o fomento à inovação. Proex-Financiamento Principal instrumento público de apoio à exportação, o Proex-Financiamento é um programa que, através do Banco do Brasil, concede financiamentos a juros compatíveis com o mercado internacional. Estabelecido na Lei 10.184/01, o mecanismo torna o exportador brasileiro mais competitivo. Empresas ou cooperativas com faturamento anual de até R$ 1,3 bilhão podem recorrer ao Proex-Financiamento. O prazo de quitação do crédito varia de 30 dias a 15 anos, a depender do conteúdo exportado e da complexidade da operação. O financiamento pode chegar a 100% da exportação se o pagamento for realizado em até 2 anos, e até 85% em prazos maiores. No Proex-Financiamento, quem quita o crédito é o importador. O exportador negocia as condições da transação dentro dos parâmetros do Proex, obtém as garantias necessárias e recebe à vista os recursos, via Tesouro Nacional, deixando a cargo do comprador o papel de pagar a prazo ao Banco do Brasil. O programa minimiza riscos para quem exporta e permite crescimento mais acelerado, com acesso a recursos que potencialmente só entrariam para o caixa após anos. Esse aporte financeiro governamental ajuda a expandir negócios e facilita o desenvolvimento de inovações. Editais de recursos não reembolsáveis Para além das linhas de crédito, que beneficiam as cooperativas com valores essenciais para o presente, mas custosos no futuro, existem os editais de recursos não reembolsáveis. Conforme detalhado anteriormente, essas oportunidades não exigem devolução das quantias monetárias investidas nos projetos de inovação. Embora seja mais reconhecido pela cessão de créditos, o BNDES também realiza editais de fomento. Através de chamadas públicas, o banco contrata inovações que proporcionem soluções criativas aos seus problemas específicos. Após aprovação em edital, o BNDES trabalha em conjunto com a empresa/cooperativa vencedora e lhe concede recursos para o desenvolvimento da proposta. Outra forma de obter recursos não reembolsáveis é através de projetos do Governo, sendo o principal deles o programa Mais Inovação. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) prometeu investir R$ 66 bilhões em iniciativas inovadoras de pessoas jurídicas privadas – incluindo cooperativas – no período entre 2023 e 2026. Dessa quantia, R$ 16 bilhões correspondem a recursos não reembolsáveis. Os chamados públicos são realizados através dos sites do MCTI ou da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), onde é possível conferir os respectivos editais. A busca por projetos de grau elevado de inovação e risco tecnológico abarca diversos setores da economia. Ainda há editais direcionados exclusivamente para o cooperativismo. O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) já realizaram chamadas públicas para projetos de pesquisa em cooperativismo. Organizações estaduais, como o Sescoop/RS, também têm histórico recente de fomento à inovação. Incentivos fiscais Estimular o progresso socioeconômico nacional através do aporte a projetos inovadores é uma missão governamental constituída por diversas frentes. Além das iniciativas de apoio direto, também há apoios indiretos por meio de incentivos fiscais. Hora de entender mais sobre alguns casos. Lei do Bem A Lei 11.196/05, conhecida popularmente como a Lei do Bem, concede incentivos fiscais a pessoas jurídicas, incluindo empresas e cooperativas, que investem em pesquisa e desenvolvimento de inovações tecnológicas no Brasil. De acordo com o texto da legislação, caracteriza-se como inovação a concepção de novo produto ou processo de fabricação, assim como a incorporação de novas funcionalidades, que impulsione a competitividade no mercado. Algumas das deduções fiscais provenientes da Lei do Bem são: redução da base para cálculo do Imposto sobre a renda das pessoas jurídicas (IRPJ) sobre despesas com P&D, redução de 50% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) relativo a equipamentos destinados à inovação e depreciação e amortização acelerada de bens. Acessar os benefícios fiscais concedidos pela Lei do Bem é uma alternativa viável para o cooperativismo. A Cotripal é um exemplo prático disso. A cooperativa agropecuária gaúcha desenvolveu melhorias incrementais na interação com cooperados e clientes. Além disso, automatizou e digitalizou os cadastros. As inovações garantiram R$ 367 mil em incentivos fiscais somente no ano de 2022. Leis setoriais Além da Lei do Bem, que é abrangente a inovações em qualquer segmento, outras regulamentações setoriais também asseguram incentivos fiscais de fomento à inovação. A Lei nº 8.248/91, reconhecida como Lei da Informática, assegura redução ou até amortização do IPI para empresas de tecnologias da informação e comunicação que investem em P&D e cumprem requisitos básicos. Esse incentivo se reverte em créditos financeiros que podem ser solicitados de forma trimestral ou anual. O setor automotivo é outro ramo contemplado por incentivos fiscais. Neste caso, beneficia-se quem desenvolve inovações sustentáveis. O Programa Mover – lançado em 2023, substituindo o Rota 2030 – tem como uma de suas bases o “IPI Verde”, imposto com alíquota reduzida para veículos menos poluentes. Além disso, investimentos em P&D são revertidos em créditos financeiros. Existem mais programas e leis que concedem incentivos fiscais a empresas ligadas ao desenvolvimento tecnológico brasileiro, como o PADIS – para organizações que atuam na fabricação e no desenvolvimento de semicondutores – e o REIQ – para o setor químico e petroquímico. Radar de Financiamento Após passarmos por diversas possibilidades de apoio financeiro direto e indireto, fica claro que há caminhos para o cooperativismo captar recursos e inovar. São tantas rotas que pode até ficar difícil não se perder. Que bom que o Sistema OCB possui uma ferramenta ideal para cooperativas nessa situação: o Radar de Financiamento. Basta acessar este link e entrar com sua conta do Sistema OCB para encontrar diversas funcionalidades úteis. Em uma das sessões, o site explica em detalhes as leis, os incentivos fiscais e a atuação dos órgãos de fomento, detalhando seu impacto para o cooperativismo. O Radar de Financiamento também exibe um panorama do fomento em setores específicos. Por fim, e talvez o principal recurso do Radar, o site conta com uma lista dos principais editais ativos que podem ser acessados por sua cooperativa. Encontre oportunidades direcionadas, veja o edital de forma simplificada e saiba o essencial para aumentar suas chances de conseguir financiamento. Conclusão: a busca por editais de fomento e fontes de financiamento Essencial para o progresso do cooperativismo, a inovação naturalmente esbarra na escassez de recursos. Porém, com editais de fomento, incentivos fiscais, créditos facilitados e o Radar de Financiamento, fica mais fácil acessar recursos e levar as grandes ideias do papel à realidade. Para tomar decisões vantajosas à saúde financeira da sua cooperativa, confira o curso “Acesso a Crédito”, do NegóciosCoop! Aprenda mais sobre as modalidades de financiamento e reconheça quando e por que a sua cooperativa deve captar recursos para se desenvolver.

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