Não é difícil notar que as conexões são fundamentais para o sucesso profissional e institucional. A criação de laços com propósito de atingir o crescimento se tornou fundamental em um mundo pautado por conexões. Para isso, é importante entender como nutrir parcerias e cultivar contatos por meio de networking e da intercooperação beneficiam os negócios.

No cooperativismo, isso é ainda mais importante, visto que construir um ambiente propício para a criação de uma rede de contatos – ou seja, o networking, está na natureza do negócio cooperativista.

Do ponto de vista organizacional, as cooperativas também têm muito a ganhar atuando conjuntamente. Afinal, os diferentes ramos do cooperativismo se complementam, transformando a intercooperação em um celeiro de ótimas oportunidades.

Neste artigo, vamos compreender dois conceitos: networking e intercooperação. E, também, entender como essa prática potencializa o ambiente de negócios cooperativista. Tenha uma boa leitura!

Networking: o que é?

O termo networking parte da ideia da criação de uma rede de contatos com a finalidade de realizar a troca de conhecimentos, experiências e colaboração recíproca. O seu foco está em nutrir relacionamentos saudáveis e produtivos que podem estreitar parcerias comerciais ou gerar oportunidades de trabalho.

Diz o ditado: “quem não é visto não é lembrado”. As pessoas que fortalecem suas afinidades com interlocutores importantes conseguem, por exemplo, passar na frente na fila de prioridades.

Bom para os negócios…

Um estudo da Universidade Queen Mary, de Londres, concluiu que startups em estágio inicial atingem maior sucesso econômico quando firmam melhores relações profissionais. Ou seja, o cultivo de bons relacionamentos representa parte importante do sucesso nos negócios.

A explicação é que as instituições que já nutrem conexões profissionais saudáveis desde o começo da operação encaram um futuro com menos incertezas. Moreno Bonaventura, ex-aluno de doutorado da Universidade Queen Mary, diz que os contatos pessoais são tão importantes quanto experiências prévias e conhecimento sobre tecnologias de ponta.

O networking pode ainda oferecer mais dois benefícios aos negócios:

  1. Criação de uma reputação positiva da cooperativa.
  2. Ampliação da visão das lideranças em relação a seus negócios e outros segmentos.

Quando os gestores de uma cooperativa alimentam uma rede de contatos consistente, vão encontrar oportunidades que talvez não conseguiriam acessar por conta própria, por exemplo.

Do ponto de vista institucional, o networking também contribui para a solidez do capital humano da cooperativa. Manter no radar profissionais talentosos possibilita atraí-los para junto de sua instituição, quando houver disponibilidade.

…e bom para a carreira

Os contatos são fundamentais para o crescimento profissional. É isso que concluiu um estudo realizado pela consultoria de recursos humanos e recrutamento The Adler Group. Os dados obtidos não deixam margem para dúvidas: 85% das vagas de trabalho são preenchidas por meio de indicações – ou seja, networking.

Segundo o PageGroup, alguns dos benefícios para quem pratica o networking são:

  • Fortalecimento de relações: o networking se trata de criar confiança e engajar contatos em prol da reciprocidade.
  • Novas ideias: o contato com diferentes pessoas pode resultar em trocas de informações e aguçar a criatividade perante novas perspectivas.
  • Elevação de perfil: a visibilidade é um fator fundamental para a construção da carreira. Voltemos ao ditado.
  • Acesso a oportunidades: quem pratica um networking ativo se mantém na mente das pessoas nos momentos em que oportunidades surgem.
  • Novas informações: o relacionamento com outras pessoas ajuda na atualização sobre as novidades do mercado de trabalho e do ambiente de negócios.
  • Recomendações e suporte: ter o suporte de uma pessoa experiente é um benefício importante do

Capacitação em networking

Diante de tamanha importância de fomentar uma rede de contatos, é importante aprender como tirar o melhor proveito da prática. Por isso, em parceria com a Descola, o ConexãoCoop elaborou um curso de Networking, disponível no CapacitaCoop, nossa plataforma de ensino a distância.

O curso ensina como criar uma rede de relacionamentos profissionais para potencializar sua carreira e se aprofunda em questões técnicas fundamentais para a construção efetiva da sua rede de contatos. O conteúdo foi elaborado pela jornalista Alice Salvo, que ministra o curso Empreendedorismo na nova economia, na PUC-SP, e escreveu o livro Empreendedorismo para leigos

Nas aulas, você irá entender a importância do networking no novo contexto social e tecnológico. A partir disso, verá como desenvolver sua marca pessoal e a praticar o networking a partir da escuta empática. Também vai conhecer técnicas para estabelecer relações genuínas e recíprocas com as outras pessoas.

Dicas para criar a sua rede com sucesso

O networking não pode ser visto somente como um mero jogo de interesses baseado em contatos superficiais. A elaboração de uma rede de contatos só faz sentido quando a relação é mutuamente construtiva.

Por isso, não se deve compreender o networking como a manutenção de contatos rasos e desinteressantes com foco na frequência das interações. A eficiência dele se dá quando as pessoas são lembradas de forma positiva, e não como uma relação inconveniente que não tem o que acrescentar.

No curso, Alice Salvo listou três boas práticas que devem ser seguidas no momento de nutrir relações:

  1. Seja visível e constante: compareça a eventos, marque presença nas redes sociais, participe de discussões e exponha suas ideias. Tudo isso de forma constante – não adianta aparecer uma vez e sumir. A presença tem que ser marcada rotineiramente.
  2. Seja relevante e útil: participe de tudo o que foi citado anteriormente com contribuições relevantes – quem toma a palavra somente para ocupar espaço acaba atrapalhando e ficando malvisto. Para isso, é preciso ter repertório, que se adquire por meio de conversas, leituras e experiências.
  3. Seja coerente e consistente: em um mundo de redes sociais, a separação entre a personalidade profissional e pessoal perdeu o sentido. É importante agir adequadamente conforme o ambiente, mas sem deixar que a essência pessoal se perca.

No final das contas, relata Alice, o networking precisa ser:

  • Produtivo: encontrar a melhor forma de se relacionar mais e melhor, gastando menos tempo e energia.
  • Colaborativo: realizar objetivos é uma tarefa coletiva, e os relacionamentos precisam ser mútuos.
  • Lucrativo: é necessário que as relações gerem riquezas sejam elas materiais ou intelectuais.
  • Divertido: o processo tem que ser prazeroso e acolhedor – se o networking se torna um fardo, ele não tem sentido.

Networking digital

Com o mundo ficando cada vez mais digital, é importante saber como utilizar a internet para nutrir a rede de contatos. Veja algumas sugestões:

  • Use bem as redes sociais: uma boa gestão das relações através das mídias sociais tem o potencial de abrir horizontes profissionais e aproximar pessoas, resultando em bons negócios.
  • Participe de debates online: aproveite para deixar sua marca em fóruns e lives, trocar ideias em redes sociais e engajar discussões por e-mail.
  • Crie conteúdo: produzir material sobre o seu campo de mercado pode ajudar as pessoas que buscam se tornar referência em determinados ramos ou especialidades

Intercooperação

A construção de relações interpessoais pode resultar no aprofundamento de relações institucionais de benefício mútuo – essa é a intercooperação. Em um setor tão integrado como o cooperativismo, essa forma de união fortalece as cooperativas, que ficam mais eficientes, impulsionando todo o setor.

Ela está na raiz do cooperativismo, tanto que é um dos sete princípios cooperativistas. Por meio dela, as cooperativas, sejam elas do mesmo ramo ou de segmentos diferentes, firmam parcerias que podem ser, por exemplo:

  • Acordos de transações comerciais
  • Contratos de prestação de serviços
  • Cooperação técnica
  • Cooperação financeira

Tendência

Márcio Lopes Freitas, presidente do Sistema OCB, defende que a intercooperação já está no foco das demandas na nova economia:

“As pessoas querem mais cooperação, porque buscam uma economia mais compartilhada, uma participação mais ativa, em todos os ramos, e uma interação maior na tomada de decisões. E o momento presente é extremamente oportuno para o fortalecimento do movimento no mundo.”

Assim, não é difícil entender por que a intercooperação é uma tendência central para o futuro do cooperativismo. Basta olhar quais resultados positivos ela traz para os negócios: redução de custos, aumento da circulação de riquezas e contribuição para o desenvolvimento de associados e comunidades.

Unium: intercooperação de sucesso

Fruto da atuação conjunta entre as coops Castrolanda, Frísia e Capal, a Unium é uma iniciativa de intercooperação visando otimizar a atuação das instituições em suas operações com laticínios, cortes suínos e trigo.

A princípio, as três cooperativas competiam pelo mesmo mercado, mas enxergaram que unir as operações poderia culminar em maior eficiência e rentabilidade para todas elas. E estavam certas: ao todo, as cooperativas juntas representam mais de R$ 7 bilhões em faturamento anual e uma presença de peso no mercado nacional.

A história da Unium, contada pelo InovaCoop em seu Radar da Inovação, prova que a atuação conjunta das cooperativas pode render bons resultados.

FGCoop: segurança para as cooperativas de crédito

Talvez o exemplo mais evidente e bem-sucedido de intercooperação seja a criação do Fundo Garantidor de Crédito Cooperativo (FGCoop). Criado a partir do crescimento do cooperativismo de crédito, o FGCoop visa proteger investidores e dar segurança às cooperativas associadas, dando estabilidade a todo o ambiente de negócios.

Marco Aurélio Almada, presidente da Sicoob e conselheiro da OCB, defende que a intercooperação é saudável e abre uma gama de oportunidades. “Ela começa quando conseguimos desenvolver uma proximidade entre as pessoas e gerar resultados positivos”, pontua.

Uma plataforma intercooperativa

Para incentivar a disseminação de negócios por meio da intercooperação, fortalecendo as cooperativas e o setor cooperativista, a OCB elaborou o NegóciosCoop.

Criada durante a pandemia, a plataforma visa fomentar a relação entre as cooperativas, eliminando barreiras que atrapalham a realização de negócios, operando como uma vitrine em que as cooperativas expõem seus produtos e serviços para outras coops.

Conclusão

O cooperativismo é um modelo essencialmente centrado em pessoas e só é possível praticá-lo quando pessoas se conectam. Relações interpessoais e intercooperativas andam lado a lado proporcionando oportunidades e progresso para cooperativas e seus cooperados.

Diante da pluralidade de ramos, serviços e produtos produzidos pelo cooperativismo, sempre haverá boas oportunidades de parcerias no setor. O que fazer para identificá-las? Networking.