O mundo passa por uma série de mudanças. Cultura, hábitos de consumo, lógicas de mercado, avanço tecnológico – tudo isso se transforma e impacta no ambiente de negócios. O resultado dessas mudanças é o surgimento da nova economia.

As mudanças nas lógicas de mercado são intensas e profundas. Não adianta mais encarar o ambiente de negócios da mesma maneira de duas décadas atrás. A nova economia se impôs e trouxe consigo uma série de oportunidades e desafios – inclusive para o cooperativismo.

Com a era digital, novos tipos de negócios surgiram. Além disso, barreiras e fronteiras caíram. A nova economia tem concorrências acirradas, onde detalhes fazem a diferença. Nesse cenário, o grande desafio – e diferencial – é ser competitivo.

Por isso, neste artigo iremos discorrer sobre as características da nova economia, conhecer os elementos mais importantes dos negócios dentro desse contexto e indicar os caminhos para que sua cooperativa seja mais competitiva na nova economia. Aproveite a leitura!

O que é a nova economia

O conceito de nova economia não é, ele mesmo, muito novo. Em 1983, o jornalista Charles P. Alexander escreveu uma reportagem para a revista Time descrevendo uma nova economia marcada por mudanças rápidas e contrastes acentuados.

O termo ganhou popularidade na década de 90, quando a economia dos Estados Unidos passou por um período de crescimento acelerado. Grande parte desse crescimento foi impulsionado pelos ganhos de produtividade derivados das novas tecnologias e o surgimento dos negócios baseados na internet.

Com isso, a nova economia tem muito a ver com a aceleração da transformação digital, adoção de novas tecnologias e mudanças no comportamento de consumo. Assim, a nova economia não diz respeito somente à adoção da tecnologia, mas também aos novos hábitos e valores da sociedade como um todo.

As características da nova economia

A nova economia é marcada por suas transformações constantes. Portanto, ficar por dentro de suas dinâmicas é imprescindível para potencializar a competitividade dos negócios. Confira, então, as principais características que definem o estado na nova economia.

Responsabilidade social

A maximização dos resultados financeiros não pode mais ser o único foco dos negócios na nova economia. Agora, é fundamental gerar resultados para todos os públicos de interesse e pessoas afetadas pela operação do negócio.

Dessa forma, o desempenho dos negócios também é mensurado pelo impacto que as organizações promovem na sociedade, na vida de seus colaboradores e nas comunidades em que estão inseridas. Ou seja: tudo aquilo que está no coração do cooperativismo.

A nova economia, portanto, privilegia negócios que cumprem um papel social relevante. Esses fatores, inclusive, são cada vez mais valorizados tanto por consumidores quanto pelo mercado. A importância da agenda ESG deixa isso bem claro, afinal.

Agenda de sustentabilidade

Outro fator também ligado à agenda ESG, a preocupação com a sustentabilidade ambiental é protagonista da nova economia. Os investimentos nas iniciativas ESG estão crescendo e devem continuar em alta.

Propostas ESG são capazes de gerar resultados financeiros positivos por meio da criação de valor, argumenta a consultoria McKinsey. As gerações mais novas, a propósito, estão fazendo esforços para reduzir seus impactos ambientais. Isso se reflete, então, nos hábitos de consumo.

A sustentabilidade ambiental é uma face preponderante para a competitividade dos negócios na nova economia. Iniciativas verdes são priorizadas em grandes mercados. Obrigatória na União Europeia, por exemplo, a Marcação CE leva em conta medidas de proteção ambiental.

Consumidor conectado

A internet tem um poder muito grande de conectar pessoas e criar redes poderosas. Assim, na nova economia os clientes têm um poder sem precedentes sobre a construção e a reputação das marcas.

Todo mundo é influenciador e pode repercutir suas experiências positivas e negativas na rede. Com isso, os negócios precisam estar preparados para entender os movimentos online dos públicos, oferecer boas experiências de consumo e criar comunidades digitais.

Além disso, os consumidores têm muito mais acesso à informação. Ficou mais fácil pesquisar produtos e comparar preços – logo, a conquista do cliente ficou mais difícil.

Incerteza sobre o futuro

A incerteza é uma característica indissociável da nova economia. Na economia digital, não existem certezas sobre o futuro – todo mundo precisa estar de olho no que vem pela frente. Por um lado, há um grande esforço de entender o mercado para antecipar tendências. Por outro, contudo, disrupções podem surgir sem dar sinal e mudar lógicas de mercado.

Mesmo as grandes companhias de tecnologia precisam inovar constantemente e, com isso, novos negócios surgem a todo instante. Para se manter competitiva na nova economia, dessa forma, sua cooperativa deve sempre levar em conta que o mundo muda rapidamente – e que não dá pra saber exatamente o que vai acontecer no futuro imprevisível.

Globalização dos mercados

Na nova economia, as cadeias produtivas e comerciais são globais e os mercados, portanto, mais amplos. Com isso, a concorrência aumenta, uma vez que organizações de diversos lugares podem prestar serviços globais. Mas essa lógica também proporciona oportunidades.

Serviços digitais que podem ser realizados remotamente ampliam o acesso a muitos recursos para os negócios. Dessa maneira, plataformas e tecnologias contribuem para a produtividade da operação de organizações sem barreiras geográficas.

Ademais, a nova economia também conta com cadeias logísticas globais mais eficientes. Isso gera oportunidades, por exemplo, para a exportação. Assim, o cooperativismo brasileiro é muito forte no mercado externo, aproveitando as possibilidades da nova economia globalizada.

Como impulsionar a competitividade na nova economia

Diante de todo esse contexto que define as lógicas presentes na nova economia, o próximo passo é entender o que é importante para que as cooperativas se mantenham competitivas.

Alguns elementos fazem a diferença para a sustentabilidade dos negócios na nova economia. Essas são algumas das características centrais que as cooperativas devem adequar em suas estratégias e planejamentos para competir nesse ambiente de negócios dinâmico e incerto:

  • Inovação: a nova economia privilegia quem inova, tanto por meio da disrupção quanto da inovação incremental. Quem fica parado no tempo logo se torna obsoleto e é deixado para trás pela concorrência. Portanto, ser uma cooperativa inovadora é fundamental.
  • Criatividade: a inovação surge também da criatividade. Assim, as cooperativas da nova economia precisam elaborar mecanismos para encorajar a criatividade. Afinal, é imprescindível encontrar soluções por meio de novas ideias.
  • Propósito: as pessoas são, cada vez mais, movidas por propósito. Isso vale tanto para os consumidores quanto para os colaboradores. Quando sua cooperativa apresenta propósitos sólidos e claros, ela ganha mais força para conquistar clientes e atrair talentos.
  • Escala: a nova economia é ampla. O mercado consumidor cresceu, as divisas perderam importância e os produtos podem ser adquiridos por mais pessoas. Isso quer dizer que tornou-se necessário escalar os negócios de forma sustentável economicamente.
  • Foco no cliente: os clientes e cooperados estão ficando mais exigentes e difíceis de conquistar. Por esses motivos, os negócios precisam focar em suas necessidades, anseios e desejos. Eles que devem nortear as decisões do negócio.

7 caminhos para ser mais competitivo na nova economia

Mas como agir enquanto negócio para que as cooperativas sejam competitivas na nova economia?

Há uma série de maneiras para se preparar e encarar os desafios impostos por esse novo ambiente de negócios. Veja, assim, sete maneiras de guiar sua cooperativa para que ela seja mais competitiva na nova economia.

1. Acompanhe as tendências de mercado

Por mais que a incerteza seja uma característica central da nova economia, isso não quer dizer que não se deve olhar para o futuro. Acompanhar as tendências de mercado é fundamental para manter sua cooperativa competitiva.

Na nova economia, as mudanças são muito velozes. Ou seja: não dá para esperar que elas aconteçam antes de agir. É aí que entra a importância de ficar por dentro das tendências de negócios. Analisando o cenário econômico e setorial, é possível identificar movimentações, oportunidades e desafios – e, assim, se preparar para encará-los.

O ConexãoCoop está sempre atento às tendências. Compilamos, por exemplo, cinco tendências de negócios para acompanhar ao longo de 2023 – e muitas delas têm a ver com a nova economia. Também discorremos sobre as tendências de vendas, confira!

2. Conheça seus clientes e cooperados

Na era dos dados abundantes, há, mais do que nunca, ferramentas para conhecer a fundo seus clientes e cooperados. Em uma nova economia marcada pelo empoderamento do consumidor, conhecê-los melhor vai ajudar no desenvolvimento do planejamento da sua cooperativa.

Em uma entrevista para a rádio CBN, Renato Mendes, sócio da aceleradora de negócios Orgânica, explicou assim:

“A gente costuma dizer que na nova economia a empresa vencedora não é a que tem a melhor ideia, é a empresa que melhor conhece o seu consumidor e vai criando soluções para esse cliente. Muitas vezes ele não sabe o que ele quer, mas ele sabe a dor que ele sente”.

Aqui, no ConexãoCoop, apresentamos as pesquisas de mercado, que podem ser uma ferramenta muito útil para conhecer a fundo seus clientes e cooperados.

3. Personalize produtos e serviços

Uma das vantagens de conhecer bem os clientes e cooperados está na capacidade de oferecer produtos e serviços hiperpersonalizados. A oferta de produtos e serviços adequados a cada indivíduo tem o potencial de aumentar bastante a competitividade da sua cooperativa em relação à concorrência.

As novas dinâmicas de consumo já priorizam as experiências personalizadas, e esse processo será cada vez mais agudo. Por exemplo: quando você acessa o seu serviço de streaming de música, ele te oferece diversas playlists personalizadas com base nos seus gostos.

Os dados são imprescindíveis nessa jornada. Outro exemplo é o do Open Finance, um sistema financeiro aberto, compartilhado e digital. O compartilhamento de dados entre as instituições financeiras possibilita uma competição pela oferta de serviços financeiros e bancários individualizados – e proporcionando oportunidades de negócios para as cooperativas de crédito.

4. Proporcione um bom atendimento

A nova economia também é a era da experiência do cliente. Com isso, um dos caminhos mais importantes para deixar a sua cooperativa mais competitiva na nova economia é proporcionar uma experiência satisfatória e completa durante toda a jornada de compra.

Para ter uma ideia da importância da experiência do cliente: de acordo com a International Data Corporation, 36% das empresas que priorizam a experiência do cliente registraram uma taxa de crescimento 50% maior.

A experiência do cliente na nova economia também é bastante complexa, pois leva em conta a capacidade do atendimento multicanal, as experiências híbridas e a interface dos usuários. Confira nosso artigo dedicado ao tema para conhecer mais!

5. Invista no marketing digital

O ambiente digital abre um leque de novas possibilidades de comunicação e divulgação da marca da sua cooperativa. Aproveite, então, essas possibilidades. Neste cenário, saber usar ferramentas de marketing digital é fundamental para ampliar os negócios.

Para isso, estude as alternativas e veja qual estratégia é a mais adequada para os objetivos e o perfil da sua cooperativa. É importante estar onde os clientes estão – e, na nova economia, eles estão sempre conectados.

6. Seja inovador e adote as novas tecnologias

Como vimos, a nova economia está cheia de incertezas. Com isso, os negócios precisam se reinventar com frequência. O intervalo com que as coisas mudam é cada vez mais curto. Portanto, a inovação deve ser uma constante.

Nem toda inovação precisa ser revolucionária. É necessário, entretanto, estar atento às mudanças no mercado e inovar para encontrar respostas perante elas.

Nesse sentido, as ferramentas proporcionadas pela transformação digital podem contribuir para a competitividade das cooperativas. Fique, então, atento ao desenvolvimento das novas tecnologias, avaliando constantemente como elas podem contribuir para melhorar a eficiência dos processos, negócios e atendimentos.

7. Invista no treinamento das equipes

O conhecimento é uma ferramenta poderosíssima para lidar com as incertezas intrínsecas à nova economia. Portanto, ter colaboradores atualizados e treinados perante os novos desafios faz uma grande diferença.

As pessoas são os maiores ativos das cooperativas. Invista na formação delas, para que possam crescer junto dos negócios, apresentando soluções aos desafios que se apresentam e manejando as novas tecnologias adotadas.

Conclusão

Na nova economia, a estratégia de negócios se tornou mais complexa. O futuro está cada vez mais próximo, há mais variáveis e as dinâmicas de mercado mudam muito rápido. Levando em conta todo esse contexto, obter vantagem competitiva está difícil.

Quem diz isso é Diego Barreto é Vice-Presidente de Finanças e Estratégia do iFood e professor de estratégia, negócios digitais e nova economia.

“As corporações tendem a acreditar que tudo aquilo que elas fazem, os processos que elas adotam, os produtos que oferecem ao mercado, são únicos, mas, na maioria das vezes, isso não condiz com a realidade. É necessário muito empenho e talento para criar algo de fato exclusivo, que ninguém mais consiga fazer igual”, escreveu em artigo para a Época Negócios.

Por isso, cada detalhe importa para tornar sua cooperativa mais competitiva. O cooperativismo já tem muitas características valorizadas na nova economia. O desafio é inovar, manter os negócios sustentáveis e aproveitar as oportunidades que vêm com as mudanças.