Portrait of young adult friends delivering classified plastics for recycling at green point

Sobre o case

Com o lema “pessoas em primeiro lugar”, cooperativa une responsabilidade ambiental com transformação social

Ficha

  • Nome da cooperativa: Recicle a Vida.
  • Ramo: Trabalho, produção de bens e serviços
  • Produto ou serviço: Coleta e reciclagem de materiais descartados
  • Localização: Ceilândia – DF.
  • Breve histórico: Localizada em Ceilândia, Distrito Federal, a Recicle a Vida surgiu em 2005. A cooperativa atua na coleta, seleção, beneficiamento e comercialização de material reciclável e atua em parceria com programas de logística reversa.
  • Seção: Mercado Nacional.
  • Resumo: Com o lema “pessoas em primeiro lugar”, a Recicle a Vida é uma cooperativa de reciclagem que vai muito além do impacto ambiental ao investir na transformação de vidas através de capacitação, desenvolvimento e inclusão. Iniciativas de logística reversa também geram renda para os cooperados e benefícios para uma comunidade mais sustentável.

Contexto

Idealizada em 2005 por um grupo de catadores de materiais recicláveis, a Recicle a Vida surgiu por meio da empresa GHF, que viabilizou o início dos trabalhos. Desde então, a cooperativa alinha o trabalho da coleta seletiva e da reciclagem à transformação social do ser humano, através de capacitação, desenvolvimento e inclusão.

Atualmente, a cooperativa é contratada pelo Governo do Distrito Federal para fazer a coleta seletiva na região administrativa de Samambaia. O trabalho envolve a coleta, a triagem, o transporte e a destinação final de resíduos secos, orgânicos e indiferenciados.

A cooperativa atua em várias regiões administrativas do Distrito Federal. Além disso, adquiriu certificação de assistência social, reforçando ainda mais seu papel com a comunidade.

Desafios

Entre os desafios enfrentados pela cooperativa de coleta e reciclagem, está a falta de uma política de tributação adequada e a burocracia para se conquistar os créditos necessários para os investimentos em equipamentos e tecnologias inovadoras.

Para a Coordenadora Administrativa e Financeira da Recicle a Vida, Mônica Mendes Licassali, a tributação atual “é uma das principais causas do atraso no avanço da reciclagem no nosso país”. Além disso, facilitar o acesso das cooperativas de reciclagem ao crédito tornou-se indispensável.

Os desafios enfrentados também estão presentes na legislação e na regulamentação da área. Por um lado, falta legislação que obrigue os municípios do país a implantarem a coleta seletiva e, por outro, inexiste regulamentação de incentivo para que as indústrias de embalagem produzam usando matéria prima reciclada.

“Precisamos transformar este ônus ambiental, social e econômico que acontece na maioria dos municípios, que aterram os resíduos em um bônus econômico, social e ambiental. Estamos aterrando, anualmente, milhões de oportunidades de geração de renda, inclusão social e preservação real aos recursos naturais”, complementa Mônica.

Soluções

Tecnologia e mão de obra capacitada são pilares que sustentam os processos de seleção, beneficiamento e armazenamento dos materiais recicláveis na Recicle a Vida. A atenção ao maquinário adequado e à capacitação da mão de obra garantem que os trabalhos aconteçam de modo eficiente.

Por meio de esteiras, prensas horizontais e verticais, empilhadeiras, extrusora, caminhões roll on off, linha de lavagem e moagem dos materiais, além dos veículos de coleta seletiva, a cooperativa possui estrutura física operacional equipada para realizar a triagem e processamento de materiais recicláveis de forma consciente e sustentável.

Ademais, pensando na sustentabilidade do processo produtivo, a Recicle a Vida conta com uma estação de tratamento de efluentes. Essa estação garante que a água utilizada durante o processo de produção seja tratada adequadamente e possa, assim, ser descartada dentro dos padrões de qualidade ambiental.

A cooperativa também procura oferecer um ambiente adequado para o exercício das atividades administrativas, através da realização de cursos e treinamentos, além de disponibilizar refeições para os cooperados e colaboradores. O espaço conta com recepção, cozinha industrial, refeitório, almoxarifado, banheiros, salas de treinamento e cursos profissionalizantes, de reunião e administrativas.

Desenvolvimento

Desde o início, a cooperativa não desistiu de atuar dentro das práticas ESG, através do desenvolvimento de ações e boas práticas voltadas às soluções de governança e meio ambiente. Isso é feito com o objetivo de causar impactos econômicos, ambientais e sociais aos cooperados, na comunidade e no próprio ambiente de serviços e produtos.

Além disso, a intercooperação teve papel primordial no fortalecimento da representatividade da capacidade produtiva. Segundo Mônica Licassali, “a união proporcionou a gestão profissional nas cooperativas e gerou o desafio de comercialização dos produtos em conjunto”.

Nesse sentido, a Recicle a Vida foi uma das precursoras da Rede Alternativa. Trata-se de uma central que agrega cooperativas de catadores de materiais recicláveis. No mais, também é registrada e filiada ao Sistema OCDF, que fomenta capacitação, treinamentos, consultoria e auxílio técnico para as cooperativas brasilienses.

Logística reversa

Essas iniciativas proporcionam a redução do desperdício e do impacto ambiental, bem como geram uma receita mensal que apoia a operação da cooperativa e distribui renda para os catadores.

A Recicle a Vida, dessa maneira, cumpre um papel importante para impulsionar a logística reversa na região. Mônica Licassali ressalta a importância dos catadores cooperados nessa jornada: “sem as cooperativas de catadores, os diversos produtos não chegariam nas indústrias”.

Apesar de já existir legislação prevendo que os fabricantes sejam responsáveis pelo retorno dos resíduos dos produtos fabricados, as indústrias ainda não conseguiram implantar um sistema de logística reversa que funcione plenamente.

O que ocorre, então, é a realização de parcerias das empresas fabricantes com as cooperativas para que a logística reversa aconteça. Com isso, é possível obter benefícios ambientais e sociais, além de gerar receita para as cooperativas.

Nesse sentido, a Recicle a Vida participa de iniciativas de logística reversa, que visam devolver os materiais coletados para o ciclo produtivo. Atualmente, a cooperativa tem as seguintes parcerias em sua atuação na logística reversa:

  • Eu Reciclo: uma iniciativa voltada à logística reversa de embalagens, em conformidade à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Desde 2016, o programa já repassou mais de R$ 41,5 milhões para centrais de triagem e garantiu a reciclagem de mais de 695 mil toneladas de resíduos pós-consumo.
  • Glass is Good: conduzido pela ABRABE (Associação Brasileira de Bebidas), é um programa pioneiro de logística reversa de reciclagem de vidro que busca diminuir o impacto ambiental do descarte irregular ao mesmo tempo em que gera renda aos catadores.
  • Prolata: programa de logística reversa focado na sucata ferrosa proveniente de latas de aço. A iniciativa conta com mais de 50 cooperativas parceiras. A parceria entre Prolata e Recicle a Vida resultou na doação de um caminhão para potencializar a atuação da cooperativa nessa jornada.

A Recicle a Vida é um exemplo do papel de protagonismo que as cooperativas cumprem no cenário de logística reversa. No mais, o InovaCoop contou como as cooperativas de catadores reduzem desperdícios e devolvem materiais ao ciclo produtivo.

Papel Social

Para a Recicle a Vida, uma cooperativa representa um meio, “um caminho criado e mantido com a intenção de transformar e dar suporte à vida das pessoas”. Com o lema “pessoas em primeiro lugar”, a cooperativa tem na propulsão do desenvolvimento humano um dos seus principais compromissos.

Para isso, a coop procura disponibilizar oportunidades para pessoas com baixa qualificação profissional, além de prover cursos de alfabetização e de profissionalização em diferentes setores da economia. Com isso, procura oferecer oportunidades que possam abrir portas para melhores condições de vida e desenvolvimento pessoal e familiar.

Entre os parceiros firmados, está o SENAC-DF, que oferece cursos de capacitação às famílias dos cooperados e à comunidade em geral. Há, ainda, a parceria com a VEPEMA, que visa ressocialização de detentos, contribuindo para que desenvolvam um trabalho digno e tenham convívio social.

Resultados

A Recicle a Vida possui a capacidade de gerar 300 toneladas por mês de material reciclável, mas esse não é o seu principal resultado. Além da relevante contribuição ambiental, o resultado mais impactante da cooperativa está na sua missão de transformar vidas através do desenvolvimento pessoal e familiar.

Para a Recicle a Vida, cada ser humano transformado representa mais um cidadão contribuindo ativamente para desenvolvimento humano, social e econômico da sociedade.

O maior exemplo do resultado desse trabalho são os catadores que, outrora trabalhando nas ruas sem qualquer assistência, agora possuem condições de trabalho adequadas, possibilidade de alfabetização, capacitação, ressocialização e integração de suas famílias.

O Sistema OCB mostrou os resultados dessa transformação na série SomosCoop na Estrada, que mostra o cooperativismo na prática e conta histórias das pessoas, cooperativas e comunidades.

Aprendizados

  • Cooperativismo é um meio de transformação de vidas.
  • Objetivos econômicos, ambientais e sociais não se anulam, mas se complementam.
  • Logística reversa é um importante meio de inserção mercadológica e geração de renda.
  • Intercooperação é a melhor forma de potencializar o cooperativismo.
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