Coplana: referência na exportação de amendoim certificado

Sobre o case
Conheça a jornada da Coplana para exportar amendoim certificado, que atende, com nota máxima, às rígidas regras da certificação internacional British Retail Consortium (BRC).
Ficha Técnica
- Nome da cooperativa: Coplana – Cooperativa Agroindustrial
- Ramo: Agropecuária
- Produto: Amendoim
- Localização: Guariba (SP)
- Breve histórico: Fundada em 1963 por 13 produtores de cana-de-açúcar da região de Guariba, interior do Estado de São Paulo. Em 1985, abriu seu estatuto social e passou a reunir, além de cana-de-açúcar, outros tipos de produção agropecuária, como grãos, frutas e manejo animal. Atualmente, conta com 1.190 cooperados.
- Resumo: A Coplana é uma cooperativa formada por produtores de cana-de-açúcar, culturas em rotação com cana, como amendoim e soja, além de outras culturas em menor escala. A cooperativa é um caso de sucesso na produção e exportação de amendoim selecionado com a marca Coplana Brazilian Premium Peanuts.
- Para onde exporta: Mais de 40 países da África, Américas, Ásia, Europa e Oceania.
Contexto
A Coplana foi fundada, em 1963, por 13 produtores de cana-de-açúcar da região de Guariba, interior do Estado de São Paulo. Décadas depois, em 1984, deu um passo importante em sua história: criou a Unidade de Grãos com o objetivo de viabilizar as culturas do amendoim, milho e soja, tornando-se uma das pioneiras no estímulo e na profissionalização da rotação de culturas amendoim-cana e na mecanização do campo e da pós-colheita.
No ano seguinte, em 1985, a cooperativa abriu seu estatuto social e passou a reunir, além da cana-de-açúcar, outros tipos de produção agropecuária, como grãos, frutas e manejo animal.
Com sede em Guariba (SP), a cooperativa conta atualmente com seis filiais e três postos avançados em cidades vizinhas. Entre os serviços prestados aos seus quase 1.200 cooperados, a Coplana oferta insumos em condições competitivas, financiamentos, presta assistência técnica, identifica e implanta novas tecnologias produtivas, além de atuar na comercialização da produção.
A Coplana é um caso de sucesso na produção e exportação de amendoim selecionado com a marca Coplana Brazilian Premium Peanuts. O produto atende, com nota máxima, às rígidas regras da certificação internacional British Retail Consortium (BRC). Entre seus clientes estão diversas empresas da União Europeia, consideradas as mais seletivas do mundo.
Desafios
Um dos maiores desafios que a Coplana enfrenta é trazer para o produtor a mentalidade do acesso do produto ao mercado internacional. Por isso, existem alguns critérios de exigências, em termos de padronização e manejo da cultura, dependendo do mercado. Ou seja, esse desafio está relacionado à cultura do produtor, em relação à visão de mercado externo.
Vários clientes, em diferentes países, demandam certificações nos processos de produção. Para a garantia do alimento seguro, essas certificações demandaram que a Coplana viabilizasse mudanças em seus processos, quando decidiram exportar. As mudanças estavam relacionadas à cultura das pessoas envolvidas, das equipes e da estrutura.
As negociações também trazem desafios para a cooperativa. Quando se lida apenas com o mercado interno, é possível conhecer os compradores de forma mais ampla e acessá-los com facilidade. Entretanto, quando a Coplana passou seu foco para o mercado de exportações, ficou claro que fazer negócios com diferentes países demanda da organização uma boa estrutura de equipe, além de estratégias para reduzir riscos. Desse modo, é possível levar uma melhor rentabilidade para o produtor envolvido no processo.
Soluções
Para impulsionar as exportações de amendoim, a Coplana realizou diversas ações. Entre elas:
- Construção de um armazém de big-bags que permitiu o acondicionamento do amendoim em condições controladas e favoreceu a logística de exportação.
- Início do blancheamento do amendoim, em 2005, para atender o mercado europeu.
- Promoção de um processo ativo de certificações a fim de garantir a qualidade do produto exportado.
A preocupação com a comunidade e seus cooperados, algo típico das cooperativas, também foi um diferencial para a Coplana atender às boas práticas de responsabilidade socioambiental, as chamadas práticas de ESG (Environmental, Social and Governance).
“Há uma atuação muito próxima ao produtor, apoiando-o em suas ações, o que é valorizado pelo mercado. Ainda há o modelo de rotação de culturas, que foi estimulado pela cooperativa, e provou ser vitorioso nos aspectos social, ambiental e econômico”, explica Bruno Rangel Geraldo Martins, presidente da Coplana.
A cooperativa visualiza o mercado externo como um dos pilares mais importantes para os negócios da organização. Por isso, na Coplana, sempre foi dada prioridade para os treinamentos, as capacitações, a comunicação objetiva e uma mudança de cultura da organização.
Desenvolvimento
Antes de iniciar as exportações, a Coplana já trilhava um longo caminho de melhoria de qualidade. A cooperativa foi uma das pioneiras no estímulo e profissionalização da rotação de culturas amendoim-cana e na mecanização do campo e da pós-colheita.
As mesmas áreas de cultivo de cana-de-açúcar são renovadas a cada ciclo pelo cultivo do amendoim, o que beneficia o solo e o plantio seguinte. Além disso, gera empregos na entressafra da cana e significa renda extra ao produtor com a otimização do uso da terra.
No final da década de 1990, a Coplana já contava com mecanização integral da lavoura de amendoim. Todas as melhorias ajudaram quando, em 2000, a cooperativa iniciou suas exportações.
Para divulgar seu produto ao mercado externo, a Coplana participa de grandes feiras internacionais na Áustria, Espanha, Grécia, Alemanha, Itália, entre outros, com destaque para dois dos mais importantes eventos do mercado de amendoim, a Snackex e International Peanut Forum.
Para a cooperativa, as feiras são importantes por reunirem os principais atores do mercado. Além disso, fortalecem o relacionamento com clientes já existentes, cumprindo um papel institucional.
“Estes eventos são muito importantes, principalmente o SNACKEX e IPF, pois estão focados em amendoim. As maiores empresas da Argentina e Estados Unidos estão presentes e cerca de dez empresas brasileiras também participam”, explica o presidente da Coplana.
Resultados
A exportação de amendoim passou a ter papel central na estratégia da Coplana. “A possibilidade de exportar, sem dúvida, viabiliza maior captura de valor, tendo em vista que o mercado externo, com demanda para amendoim altamente selecionado, que é o caso da Coplana, tem enorme potencial”, destaca Bruno Martins. Além disso, o mesmo produto que vai para o exterior, com elevado padrão de qualidade, também é fornecido para a indústria de alimentos nacional.
A exportação do amendoim se tornou um importante negócio também para os agricultores de pequeno e médio portes, que passaram a produzir por meio do arrendamento de terras de grandes proprietários e de usinas de cana-de-açúcar para o cultivo da oleaginosa. “Áreas responsáveis por produzirem etanol e açúcar abriram espaço para o amendoim altamente selecionado”, explica o presidente da Coplana.
Os números comprovam a dimensão que o negócio amendoim tomou na cooperativa. A produção de amendoim na safra 2021/2022 atingiu 101.041 toneladas e as exportações, até outubro de 2022, chegaram a 27,1 mil toneladas.
Atualmente, o faturamento líquido total da cooperativa, incluindo outros tipos de cultura além do amendoim, ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão.
As certificações conquistadas tiveram papel fundamental em atestar a qualidade da produção da Coplana e, consequentemente, nos resultados colhidos pela cooperativa. Entre elas, se destacam:
- BRC: Considerado padrão de qualidade mundial, a certificação do British Retail Consortium avalia fornecedores, as plantas industriais e capacidade de produção de alimentos seguros. Desde 2010, ano da conquista do selo, a Coplana é certificada pela nota mais alta.
- Nestlé Responsible Sourcing: Certificação conquistada em 2013, baseada no Ethical Trade Initiative (ETI).
- Kosher: Conquistada em 2014, certifica o atendimento aos padrões para comercialização com a Comunidade Judaica.
- Sedex – Supplier Ethical Data Exchange: Em 2012, a cooperativa foi admitida como integrante do Sedex, organização não governamental, localizada na Inglaterra, mantida por 150 países. As empresas integrantes passam periodicamente por auditorias externas e os resultados são de acesso público.
- Halal: Certificação para produção de alimentos de acordo com os preceitos do Islã.
- Pró-Amendoim: Em junho de 2019, conquistou o selo Pró-Amendoim, conferido pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), certificando a produção do alimento seguro e livre de aflatoxinas. Com mais essa certificação, a Coplana, consolidou sua posição como empresa comprometida com os mais rigorosos padrões de Qualidade e Food Safety.
Além disso, a Coplana garantiu pelo 11º ano consecutivo a mais alta nota da norma BRCGS (Brand Reputation Compliance Global Standard), grau AA.
“Há uma grande preocupação com a qualidade do produto entregue pelo cooperado, desde o provimento da semente, acompanhamento técnico e incorporação de novas tecnologias. Há atenção ao fundamental trabalho do cooperado que investe na qualidade de sua lavoura e entende o seu papel dentro da cadeia produtiva”, finaliza Bruno Martins.
Aprendizados
- A exportação é um importante negócio para agricultores de pequeno e médio portes. A alta demanda de amendoim possibilita que os produtores vençam o desafio de se manterem no campo.
- A importância dada à qualidade do produto que é entregue pelo cooperado é essencial para a cooperativa. Quando a qualidade da produção é priorizada, a cooperativa pode conquistar certificações que impactam diretamente nos resultados colhidos.
- Aderir às boas práticas de responsabilidade socioambiental, como ESG, é essencial para a comunidade e os cooperados, enquanto ainda traz inovação e bons resultados para a cooperativa.
- Para conseguir alavancar seus negócios no mercado externo, é necessário abrir os horizontes para uma mudança de cultura da organização. Também é preciso focar em uma boa estrutura de equipe e estratégias para diminuir riscos.