café cru coopfam

Sobre o case

Exportação de café certificado corresponde a cerca de 85% do faturamento anual da cooperativa, que exporta para mais de 10 países.

Ficha técnica

  • Nome da cooperativa: Coopfam – Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região
  • Ramo: Agropecuário
  • Produto: Café verde cru
  • Localização: Poço Fundo (MG), com atuação no sul de Minas Gerais
  • Breve histórico: Fundada em 2003 a partir de uma associação já existente, a Associação dos Pequenos Produtores de Poço Fundo, que foi a primeira organização do Brasil a obter a certificação FairTrade.
  • Resumo: A cooperativa reestruturou o trabalho de fornecimento de café e, atualmente, tem produção para atender diferentes nichos de mercado, desde commodity e certificados até os altamente especiais e orgânicos.
  • Para onde exporta: Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Irlanda, Suíça, França, Itália, Japão, Austrália, Nova Zelândia.

Contexto

O cultivo de café no sul de Minas Gerais começou nos anos 80 por meio da Pastoral da Terra, movimento da Igreja Católica. Mais tarde, em 1991, foi criada a Associação dos Pequenos Produtores de Poço Fundo, com foco na produção de café e que, anos depois, em 1998, seria a primeira organização do Brasil a obter a certificação FairTrade.

Em 2003, a associação se torna cooperativa e dá origem à Coopfam – Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região. Portanto, a Coopfam é uma das organizações pioneiras no Brasil na comercialização de café com a certificação FairTrade.

Ela começou a realizar exportações em 2007 e aproximadamente 85% do seu faturamento é obtido com as vendas externas de cafés finos com selo FairTrade, que assegura, ao pequeno produtor, um pagamento superior – mais que o dobro geralmente – em relação ao café especial convencional.

A cooperativa exporta café verde cru para países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Irlanda, Suíça, França, Itália, Japão, Austrália e Nova Zelândia. Ao todo, as exportações chegam a representar um faturamento anual de cerca de 10 milhões de dólares, o que significa um crescimento substancial em relação aos anos anteriores.

Desafios

Para chegar ao patamar atual, a cooperativa teve que modernizar sua produção e todos os processos de preparação e comercialização do produto para exportação. A profissionalização foi essencial para o crescimento da cooperativa e, sobretudo, para a expansão das exportações.

Para se diferenciar no mercado, a cooperativa também precisava de certificações, como a FairTrade e a Orgânica, esta última certificada pelo IBD, para os mercados europeu, brasileiro, japonês e americano.

Segundo a cooperativa, elas são importantes devido aos resultados e benefícios gerados para as famílias cooperadas e a comunidade, nos quesitos ambientais e sociais. Ou seja, a sustentabilidade da operação também era um ponto de atenção.

Soluções

A cooperativa explica que o impacto socioambiental somado aos diferenciais de precificação na comercialização que garantem o preço justo e a valorização do produto, agregam valor para os produtores cooperados e, consequentemente, para a comunidade local.

Isso porque, todas essas ações de caráter socioambiental, impactam as propriedades e seu entorno, de modo a contribuir com o desenvolvimento sustentável regional.

Dessa forma, toda a área cultivada com café pelos cooperados da Coopfam, cerca de 3 mil hectares, possui a certificação FairTrade, que é renovada periodicamente após as auditorias da Flocert. Nesta área, alguns cooperados também plantam café orgânico, que responde por cerca de 5% da produção total de café da cooperativa.

Desenvolvimento

Ao longo do tempo e à medida que aumentava suas exportações, a Coopfam foi profissionalizando cada vez mais o processo de exportação, que, em resumo, funciona da seguinte forma na cooperativa atualmente:

  • Para iniciar o processo de exportação, o Departamento de Classificação de Cafés da cooperativa prepara, com um mês de antecedência, uma amostra de café para enviar ao importador, que retorna com a aprovação e as instruções de embarque, com todos os dados necessários para envio dos grãos. Esses documentos são enviados ao despachante aduaneiro responsável pelo processo.
  • Em seguida, o mesmo departamento da Coopfam emite a instrução de maquinário de café, para a preparação dentro das especificações acordadas em contrato. É um processo muito cuidadoso para garantir a qualidade do produto e a satisfação do importador.
  • Enquanto a carga é preparada, o despachante envia a relação de navios disponíveis para a cooperativa escolher a melhor opção. Após a definição, os dados da reserva também são enviados ao importador, incluindo as datas de saída e chegada.
  • No dia da estufagem, é emitida a nota fiscal e a autorização de carregamento. O contêiner, depois de inspecionado, é carregado com as sacas de café e lacrado com uma numeração que também é enviada ao importador – medida que visa evitar a violação da carga.
  • Por fim, o despachante aduaneiro emite o registro de importação, que é um controle a ser enviado à Receita Federal, é feito o seguro da carga e o motorista é liberado a levá-la ao porto. Quando o importador recebe todos os documentos e informações da importação, que garantem o sucesso da operação, é iniciado o processo de pagamento e finalizada a exportação.

Resultados

Ano a ano, a Coopfam vem registrando alta nas exportações das sacas de 60 kg de café verde cru. Por exemplo: saltou de 7.000 sacas exportadas em 2014 para mais de 78.000 em 2020.

Em partes, esse crescimento se deve ao trabalho de uma equipe comercial da cooperativa que é voltada à abertura de mercados de exportação, além de trabalhar na ampliação do número de clientes nos países já consumidores. Em 2020, por exemplo, a cooperativa conquistou 14 novos clientes internacionais em 3 países.

A perspectiva é continuar a expansão no volume de vendas e número de clientes. A cooperativa reestruturou o trabalho de fornecimento de café e hoje tem produção para atender diferentes nichos de mercado, desde commodity e certificados até os altamente especiais e orgânicos.

A produção dos cooperados que não atinge o padrão de exportação é vendida a torrefações nacionais. Inclusive, a cooperativa pretende ampliar de 15% para 25% a fatia das suas vendas no Brasil, reduzindo a dependência do mercado externo.

Aprendizados

  • Investimentos na profissionalização da produção e no comercial garantem aumento exponencial das exportações em seis anos.
  • Uma equipe comercial dedicada e bem treinada pode abrir novos mercados e ajudar na expansão da cooperativa.
  • A questão socioambiental não pode ficar de lado e deve ser usada a favor da cooperativa, para garantir uma produção com mais responsabilidade ambiental.
  • O impacto socioambiental somado aos diferenciais de precificação garantem preço justo e valorização do produto, agregando valor para os produtores cooperados.
Acessar