O mercado externo apresenta ótimas oportunidades para que as cooperativas possam expandir os negócios, aprimorar a competitividade de seus produtos e diversificar a carteira de potenciais clientes. Dessa maneira, a exportação se apresenta como grande aliada para o cooperativismo brasileiro – e as coops já estão atentas a isso.

Com uma economia mundial cada vez mais globalizada, modernizada e integrada, as possibilidades mercadológicas se multiplicam e as fronteiras deixam de ser barreiras. Assim, a exportação cooperativista surge como uma maneira interessante de impulsionar os negócios.

As exportações são muito importantes para a economia brasileira, pois promovem o ingresso de recursos do exterior, a geração de mais emprego e renda, a modernização dos produtos e o crescimento do parque industrial.

Ocorre, também, o aumento no saldo positivo na balança comercial – diferença de valores entre o que o país importa e exporta. Além disso, o comércio exterior representa boa parte do faturamento para muitos negócios. E, cada vez mais, o cooperativismo está ganhando protagonismo nas exportações brasileiras.

O Brasil no comércio internacional

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), o comércio mundial atingiu US$ 22,4 trilhões em 2021, indicando um aumento de 26% em relação ao ano anterior. Em termos de valores exportados no mundo, o principal país exportador foi a China com mais de US$ 3,3 trilhões, ou 15,1% de participação. O segundo e terceiro lugar no ranking dos maiores exportadores foram, respectivamente, os EUA (com US$ 1,7 trilhões) e a Alemanha (com US$ 1,6 trilhões exportados).

Já o Brasil respondeu por 1,3% na movimentação global de exportações e importações. Mas os números estão melhorando. Esse percentual deixa o país na 25ª posição no ranking do comércio mundial – uma evolução em relação ao ano anterior. Ao todo, o país movimentou cerca de US$ 281 bilhões em exportações, com saldo superavitário das vendas ao exterior em quase US$ 61 bilhões – ou seja, o Brasil exportou mais do que importou em 2021.

O bom desempenho do comércio exterior brasileiro foi resultado da retomada após os impactos da pandemia de Covid-19 e da alta nos preços internacionais das commodities. Dessa maneira, o mercado exterior mostra potencial de continuar a tendência de crescimento nos próximos anos. Portanto, expandir os horizontes pode ser um bom negócio – e se for por meio do cooperativismo, melhor ainda.

Neste artigo, iremos explicar por que o cooperativismo é um modelo interessante para quem quer exportar, mostraremos a participação das cooperativas no comércio exterior brasileiro e conheceremos exemplos inspiradores de coops que exploram o mercado externo com sucesso. Boa leitura!

Por que exportar é importante

A internacionalização, quando bem planejada e executada, é uma decisão estratégica que contribui para o desenvolvimento da cooperativa e a solidez de seus negócios.

Quando exporta, a cooperativa adquire um diferencial de qualidade, pois precisa elevar o patamar de seus produtos aos padrões do mercado externo. No ConexãoCoop, já mostramos que as certificações são essenciais para vender em outros países, por exemplo.

Além disso, a atuação no comércio exterior tem impactos na modernização da cooperativa. Afinal, para manter a competitividade em ambientes em que a concorrência é global, a cooperativa precisa manter altos níveis de qualidade, eficiência e planejamento. Essa máxima vale tanto para a operação produtiva quanto para a gestão.

Os avanços tecnológicos que possibilitam comunicações imediatas com as mais variadas regiões mundo afora potencializam as negociações internacionais. Para tanto, é importante saber como negociar com clientes internacionais.

Benefícios das exportações

O Portal Siscomex, criado pelo Governo Federal com o objetivo de reduzir a burocracia, o tempo e os custos nas exportações e importações brasileiras, lista alguns benefícios decorrentes das exportações:

  • Aumento de produtividade: quando começa a exportar, a cooperativa precisa aumentar sua produção tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Consequentemente, cresce a capacidade de negociação para compra de matéria-prima. No fim, os custos de produção caem, aumentando a competitividade dos preços.
  • Globalização e expansão de mercado: a estratégia de destinar parte da produção ao mercado externo permite a ampliação da base de clientes. Isso significa a diversificação comercial e redução do risco de dependência de certos clientes.
  • Aprimoramento de processos e gestão: ao aderir à exportação, a cooperativa também adota uma série de melhorias. Elas são, por exemplo, novos padrões gerenciais, tecnologias inovadoras, formas de gestão modernas, qualificação da mão de obra e agregação de valor à marca.
  • Diminuição da carga tributária: a partir de um dos princípios mundialmente aceito de não exportar tributos, o Brasil desonera os tributos nacionais nos processos de exportação. Isso torna a cooperativa exportadora mais competitiva no mercado internacional.

Vantagens de exportar como cooperativa

Vimos, portanto, que exportar pode ser um ótimo negócio. Por que, então, fazê-lo por meio do modelo cooperativista pode ser uma ideia ainda melhor? Explicamos isso no volume IV da nossa série de e-books sobre exportação.

Confira os maiores benefícios que o modelo cooperativo pode proporcionar na hora de exportar:

  • Investimentos compartilhados: cooperativas contam com uma rede de apoio maior para realizar investimentos voltados à exportação. Isso ocorre porque esses custos são compartilhados entre todos os cooperados.
  • Escala: o excedente – a capacidade instalada ociosa de cada cooperado – importa, ainda que seja pequena. Afinal, é exatamente a junção dessa capacidade ociosa ou desse excedente dos muitos cooperados que resultará no montante suficiente para a exportação.
  • Padronização: aplicação prática do quinto princípio cooperativista. Investindo constantemente na educação, formação e informação de todos os cooperados, mantém-se o mesmo padrão e qualidade de produção. Dessa forma, a cooperativa evita que os produtos sejam inconsistentes entre si.
  • Gestão democrática: as cooperativas também desfrutam de um modelo de gestão democrática pautado pelo compartilhamento de responsabilidades no processo de tomada de decisões. Assim, os cooperados definirão em conjunto as estratégias de acesso ao mercado internacional.

As exportações e o cooperativismo brasileiro

O Sistema OCB e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Exportações e Investimentos) mantêm uma parceria com o intuito de impulsionar a participação das cooperativas nas exportações. Os dados mostram que, embora as coops estejam galgando espaço no mercado internacional, ainda há grande potencial para crescer.

Os números compilados na Análise Econômica N° 49: As Exportações e o Cooperativismo ajudam a entender melhor esse cenário.

Desde 2016, o crescimento anual no número de cooperativas que exportam é, em média, 6,6%. Isso demonstra que muitas coops estão descobrindo os benefícios de negociar com clientes internacionais. Contudo, no ano de 2020, somente 6,26% das cooperativas brasileiras exportaram seus produtos.

Ainda assim, a exportação já é capaz de fazer a diferença não só para os negócios das cooperativas, mas também para as comunidades em que elas estão inseridas. Para se ter uma ideia, em 2020, o cooperativismo foi responsável por 100% das exportações de 74 municípios brasileiros.

Dados da exportação cooperativista

Em 2020, esses foram os cinco produtos mais exportados pelas cooperativas brasileiras, demonstrando a força do ramo agropecuário:

  1. Frango in natura: US$ 1,5 bi (crescimento média anual de 11,1%)
  2. Soja: US$ 1,3 bi (crescimento médio anual de 22,4%)
  3. Café cru: US$ 840,3 milhões (crescimento médio anual de 4,3%)
  4. Suíno in natura: US$ 791,7 milhões (crescimento anual de 23,3%)
  5. Farelo de soja: US$ 502,1 milhões (crescimento médio anual de 6,5%)

Além disso, os três principais destinos para as exportações realizadas pelas cooperativas brasileiras foram:

  1. China: US$ 2,4 bilhões
  2. Países Baixos: US$: 365,6 milhões
  3. Alemanha: US$ 313,4 milhões

Como se vê, a China é um ator preponderante para as exportações do cooperativismo brasileiro. O país asiático proporciona diversas oportunidades de negócios. Neste artigo produzido em parceria com a professora Tatiana Prazeres, explicamos por que é importante ficar de olho na ascensão chinesa.

Exemplos de sucesso na exportação cooperativista

No quarto volume de nossa série sobre exportação, também contamos duas histórias inspiradoras de cooperativas que obtiveram bons resultados no comércio internacional.

Coplana: processos e certificações para o sucesso

Localizada na região de Guariba, em São Paulo, a Coplana exporta amendoim para cerca de 40 países, distribuídos pela África, Américas, Europa e Oceania. A cooperativa exporta amendoim selecionado com a marca Coplana Brazilian Premium Peanuts, marcando presença na União Europeia, uma das regiões mais exigentes do mundo.

Isso é possível devido às certificações de qualidade obtidas pela Coplana. A coop atende, com nota máxima, às rígidas regras da certificação internacional British Retail Consortium (BRC), por exemplo. Ademais, a preocupação com boas práticas de ESG também é um diferencial.

Para divulgar seu produto ao mercado externo, a Coplana participa de grandes feiras internacionais na Áustria, Espanha, Grécia, Alemanha, Itália, entre outros. As feiras internacionais também podem representar uma importante porta de entrada ao mercado externo.

Os números comprovam que a estratégia deu certo. A produção de amendoim em casca na safra 2019/2020 atingiu 85.714 toneladas. Já as exportações, em 2019, chegaram a 28.898 toneladas. Consequentemente, entre abril de 2019 e abril de 2020, o faturamento líquido total da cooperativa foi de, aproximadamente, R$ 600 milhões.

Unium: intercooperação e exportação ajudam a superar crise

A paranaense Unium é fruto da intercooperação entre as cooperativas agropecuárias Frísia, Castrolanda e Capal. A iniciativa vem proporcionando aumento anual de cerca de 20% no faturamento conjunto nos segmentos de lácteos, suínos e trigo. Boa parte desse sucesso tem a ver com a capacidade de exportar.

Após perder 30% do mercado interno devido à pandemia de Covid-19, a Unium focou nas oportunidades proporcionadas pelo mercado internacional. A ideia deu certo: custos redundantes foram eliminados e o faturamento cresceu, compensando as perdas e oxigenando as finanças do trio.

A iniciativa de intercooperação deu origem a marcas com finalidades distintas. Dentre elas, a Alegra, marca de carne suína que nasceu com foco na exportação. Até antes da criação da Alegra, em 2017, a exportação das cooperativas chegava a 25 países.

Em 2020, a carteira de clientes internacionais já contava com 1.550 de 32 países na América do Sul e Central, África, Oriente Médio, Europa e Ásia. Esses resultados mostram que a exportação pode fazer a diferença nos negócios. Nota-se, ainda, que o sucesso dessa iniciativa carrega estruturas e princípios intrinsecamente ligados ao cooperativismo.

Conclusão

Quando uma cooperativa exporta, ela faz a diferença em duas frentes. Ao mesmo tempo em que supre demandas globais, também contribui para a economia local e o desenvolvimento regional.

Dessa maneira, exportar por meio das cooperativas é uma atividade que fortalece a economia brasileira, traz riqueza ao país e solidifica o modelo de negócios cooperativista. No mais, a entrada das cooperativas no comércio internacional traz benefícios diretos para o empreendimento, como o aumento do faturamento e a melhoria dos processos de gestão.

Quer saber mais sobre exportação no cooperativismo? Confira, também, os outros três e-books da série exportação:

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