O ESG, que representa os pilares ambiental, social e de governança, tem ganhado destaque nas discussões sobre sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Esses impactos também chegam aos negócios e a agenda ESG surge como uma grande aliada para fortalecer a exportação das cooperativas.

Os consumidores estão cada vez mais conscientes sobre os impactos sociais e ambientais das cooperativas. Com isso, passam a buscar produtos e serviços que estejam alinhados com a causa e, consequentemente, com os seus valores.

No âmbito ambiental, as tendências globais de consumo se direcionam para a sustentabilidade. Os clientes estão buscando negócios que possuam responsabilidade ambiental, valorizando as cooperativas que adotam práticas de economia circular, reduzem o desperdício e investem em energias renováveis.

No aspecto social, os consumidores estão atentos às questões de equidade, diversidade, inclusão e respeito aos direitos humanos. Já na governança corporativa, os clientes buscam cooperativas que sejam éticas e transparentes, que mostram que são geridas em conformidade com as regulamentações.

Mas como o ESG pode ser um aliado para as cooperativas que exportam e atuam no mercado externo? Essas e outras perguntas serão respondidas no decorrer deste artigo. Aproveite a leitura!

Como a agenda ESG pode impulsionar a exportação no cooperativismo

A agenda ESG pode impulsionar a exportação no cooperativismo de inúmeras formas, já que ao adotar práticas sustentáveis e responsáveis, as cooperativas têm a oportunidade de ganhar destaque no mercado global, obter novos parceiros comerciais e fortalecer sua posição competitiva.

Confira, então, alguns dos benefícios que o ESG pode gerar para a exportação no cooperativismo:

  • Acesso a novos mercados: diversos países têm adotado regulamentações mais rígidas em relação às práticas ambientais e sociais. Por isso, cooperativas que cumprem os princípios do ESG, têm acesso mais facilitado a esses mercados, podendo posicionar-se como fornecedores preferenciais.
  • Credibilidade e reputação da marca: a adesão aos princípios ESG demonstra o compromisso da cooperativa com a responsabilidade social e a sustentabilidade. Isso traz credibilidade à marca e contribui para a construção de uma reputação positiva, tanto no mercado nacional, quanto no internacional.
  • Vantagem competitiva: o compromisso com o ESG pode diferenciar as cooperativas de seus concorrentes. Já que a adoção desses princípios demonstra uma preocupação genuína com o meio ambiente e as comunidades em que operam. Isso pode influenciar positivamente a decisão dos parceiros comerciais e dos consumidores estrangeiros.
  • Atração de investimentos: os investidores estão atentos aos negócios que utilizam os critérios ESG na tomada de decisão de investimento. Ao integrar práticas sustentáveis e responsáveis, é possível atrair investidores que valorizam a responsabilidade corporativa e a geração de valor a longo prazo.

Em suma, a adoção dos princípios ESG pode impulsionar a exportação no cooperativismo, fornecendo uma vantagem competitiva significativa.

O ESG agrega valor aos produtos no mercado internacional

Como já apresentamos no decorrer do artigo, a incorporação dos princípios ESG, podem sim agregar valor aos produtos no mercado internacional, tendo em vista que os consumidores e parceiros comerciais estão buscando produtos e serviços que sejam fornecidos de maneira sustentável e responsável.

Assim sendo, as cooperativas que adotam o ESG e exportam seus produtos e serviços têm grandes chances de sucesso no mercado internacional.

Cooxupé: sustentabilidade é pilar no mercado externo

A cooperativa Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé) possui mais de 90 anos de história. Ela foca principalmente na exportação de café arábica produzido por seus mais de 18 mil cooperados. As exportações representam 68% do faturamento, e o sucesso nesse mercado é sustentado pela credibilidade conquistada e pela produção sustentável.

A cooperativa também se destaca pelo desenvolvimento de um programa de sustentabilidade chamado Protocolo Gerações. A iniciativa, dessa forma, visa elevar o grau de sustentabilidade na produção de café, agregando valor aos produtos. A Cooxupé está focada em manter suas parcerias comerciais existentes e explorar novas oportunidades de mercado.

Pressões regulatórias na UE dão prioridade à agenda ESG

Em relação às tendências regulatórias nas exportações brasileiras, alguns governos estão apertando as regulações de procedência – e a União Europeia é o maior exemplo disso.

No final do ano passado, a UE aprovou uma lei que impactou as importações do Brasil e de outros países, aumentando os custos. De acordo com a nova regra, as empresas exportadoras precisam provar que seus produtos, como soja, carne bovina e café, não estão ligados ao desmatamento em qualquer lugar do mundo.

Com isso, é necessário fornecer declarações oficiais mostrando que suas cadeias de suprimentos estão livres de desmatamento, respeitando os direitos dos povos indígenas. O descumprimento pode resultar em multas e proibição de novas exportações. Portanto, essa medida tem o objetivo de preservar florestas e combater as mudanças climáticas.

Diferencial competitivo: falta de agenda ESG é uma barreira crescente

A falta de atenção pelos princípios ESG está se tornando uma barreira cada vez mais significativa para as empresas em termos de competitividade – especialmente quando o assunto é internacionalização, já que o ESG ajuda a construir uma marca forte e respeitada internacionalmente.

À medida que as preocupações com sustentabilidade, responsabilidade social e boa governança se intensificam, as cooperativas que não adotam práticas ESG podem enfrentar desafios significativos no mercado.

Dessa forma, as cooperativas alheias à agenda ESG perdem oportunidades de negócios no mercado internacional. Portanto, incorporar as práticas ESG não apenas atende a demandas crescentes, mas também se torna um diferencial competitivo que pode impulsionar o sucesso a longo prazo.

Certificações ESG são cada vez mais importantes no comércio exterior

Nos últimos anos, as certificações ESG têm ganhado importância no comércio exterior. Essas certificações se tornaram um critério essencial para muitos compradores internacionais ao selecionar parceiros comerciais e fornecedores.

Para as cooperativas que desejam se destacar no comércio exterior, obter certificações ESG pode ser um diferencial competitivo fundamental. Esse é o caso, por exemplo, da CAMTA.

CAMTA: produção sustentável garante certificações e amplia exportações

Fundada em 1929 por imigrantes japoneses, a CAMTA (Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu) começou com a cultura de pimenta-do-reino e depois ampliou para cacau e frutas diversas.

A cooperativa possui um modelo exclusivo de agricultura sustentável que garante produtos de qualidade e com as certificações necessárias para determinados países como França, Japão e Argentina. Seus principais desafios sempre estiveram atrelados à sustentabilidade e a obtenção de certificações que pudessem diferenciá-la do mercado.

E um desses grandes diferenciais é o Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu (SAFTA). Trata-se de um modelo exclusivo de agricultura sustentável, que faz com que o cacau cresça em um ambiente que simula o de uma floresta nativa e ainda seja produzido de forma sustentável.

Como resultado, além das vendas no mercado internacional, a cooperativa busca expandir sua presença no mercado nacional. Ademais, com o início das exportações para Israel em 2020, abriu-se uma oportunidade de mercado no Oriente Médio.

Modelo cooperativista como um diferencial para exportar

O modelo cooperativista tem se destacado como um diferencial significativo em diferentes setores da economia. Afinal, ele traz benefícios tanto para os produtores quanto para os consumidores.

Baseado nos princípios de colaboração, solidariedade, igualdade e participação ativa de todos os envolvidos, o cooperativismo tem muitas similaridades com as práticas ESG. Isso faz com que o cooperativismo seja visto como um diferencial para o mercado – veja a história da Cocamar, por exemplo.

Cocamar: cooperativismo é diferencial na exportação para a UE

A Cocamar foi fundada por produtores de café em 1963, na cidade de Maringá, no Paraná, e conta atualmente com mais de 18 mil produtores associados.

O mercado externo é essencial para o faturamento da Cocamar e, para manter essa competitividade no mercado internacional, a cooperativa tem o desafio de manter a alta qualidade de produto e atendimento, além do abastecimento constante.

Com isso, as certificações são muito importantes para que a Cocamar faça negócios no mercado europeu e chinês, assim, a cooperativa comprova a qualidade e a procedência de sua produção. Para ingressar em novos mercados, a estratégia da Cocamar é marcar presença em países onde o consumo vem crescendo. É o caso da China e da Índia, por exemplo.

Como resultado, a cooperativa tem aumentado sua produção, e o mercado interno não consegue absorver toda a produção. Nesse sentido, a estratégia de exportação tem sido bem-sucedida, proporcionando resultados positivos.

Em 2022, aproximadamente 20% do óleo produzido pela cooperativa foi exportado, enquanto cerca de 50% do milho também teve destino externo. Além disso, a presença da cooperativa na lista Forbes Agro 100 destaca sua relevância no agronegócio brasileiro.

Conclusão: cooperativismo, agenda ESG e exportação

Em suma, a adesão à agenda ESG pode ser uma poderosa aliada para cooperativas que buscam expandir sua atuação no mercado externo por meio da exportação.

A incorporação dos princípios ambientais, sociais e de governança não apenas reflete o compromisso das cooperativas com a sustentabilidade e a responsabilidade social, mas também se torna um diferencial competitivo, estabelecendo uma reputação sólida e confiável.

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