Inteligência de Mercado
Entenda o impacto da IA nos negócios das cooperativas
As ferramentas de inteligência artificial generativa estão causando grandes impactos e provocando mudanças agudas no mundo corporativo. Apesar de ainda ter muita evolução pela frente, as soluções com base em IA nos negócios já precisam ser consideradas seriamente pelas cooperativas.
Um levantamento da Bloomberg Intelligence estima que o mercado de inteligência artificial generativa deve alcançar US$ 1,3 trilhão até 2032. Dentro desse cenário, novas soluções ganham vida e a tecnologia ocupa um espaço cada vez maior em diversas áreas dentro das organizações.
A OpenAI foi pioneira desse mercado, com o lançamento do criador de imagens Dall-E e, pouco depois, do ChatGPT, que produz textos. Agora, a companhia anunciou o Sora, que usará a IA para criar vídeos. Nesse ínterim, diversas novas ferramentas de IA surgiram. O Google, por exemplo, lançou o Gemini. O X, antigo Twitter, criou o Grok.
Além disso, uma série de ferramentas usam esses serviços como base para criar novos produtos baseados em IA. Diante disso, a tecnologia se populariza e se democratiza. As oportunidades crescem, os custos caem e, consequentemente, ficam acessíveis para cooperativas de todos os tamanhos.
Neste artigo, portanto, iremos entender melhor como a IA impacta os negócios das cooperativas, suas aplicações em diversas áreas dentro das organizações e histórias de coops que já empregam a tecnologia. Boa leitura!
IA nos negócios automatiza atendimentos
Desde que foi criada, a IA sabe conversar. O primeiro chatbot da história, a ELIZA, foi desenvolvido ainda em 1966. Interagir com as pessoas sempre foi um dos objetivos principais da inteligência artificial.
Dessa forma, a capacidade de interagir com os humanos, potencializada pela nova IA generativa, coloca a inteligência artificial como uma ferramenta importante para automatizar atendimentos. Uma estimativa da Juniper Research aponta que, no mundo, o setor de varejo gastou US$ 12 bilhões com chatbots. Até 2028, essa cifra deve chegar a US$ 72 bilhões.
A popularização da tecnologia permite que muitos negócios usem os chatbots para automatizar atendimentos, de forma a tirar dúvidas e resolver problemas simples sem a necessidade de intervenção humana. Com isso, as pessoas podem dar a devida atenção a casos mais complexos, tornando toda a operação mais produtiva.
Além disso, os chatbots possibilitam a ampliação dos canais de comunicação. As pessoas querem ser atendidas em mensageiros instantâneos, como WhatsApp e Facebook Messenger, e nas redes sociais, como Instagram. Assim sendo, os chatbots aumentam a produtividade do atendimento e a satisfação dos clientes. Conversar com robôs é, cada vez mais, parte frequente no nosso dia a dia. E já há cooperativas tomando a dianteira nisso.
Chatbot da Integrada vence prêmio de inovação
A cooperativa agroindustrial paranaense Integrada desenvolveu o chatbot IRIS-Integrada, que atua no atendimento ao cliente e na pré-venda de seus produtos com apoio da IA. Para isso, o chatbot, que pode ser acessado pelo site da coop ou por WhatsApp, interage com os cooperados e consumidores para proporcionar uma experiência moderna, inteligente, eficiente e divertida.
A ferramenta conta com um banco de dados que dá flexibilidade ao atendimento automatizado. Um cliente que quer comprar rações para seus pets, por exemplo, pode enviar uma foto do animal para a IRIS-Integrada, que vai identificar a espécie, a raça e, então, recomendar a melhor opção de alimentação de forma individualizada.
Desde a implementação do robô, em 2023, a Integrada já teve um aumento de mais de 700% de engajamento do público nos primeiros meses de operação do chatbot. Por volta de 90% das conversas iniciadas com o chatbot são concluídas pela própria IA. Além disso, a IRIS-Integrada já foi reconhecida com o Prêmio de Inovação da Oracle Cloud para a América Latina.
Unimed Natal agiliza atendimento com robôs inteligentes
A Unimed Natal precisa lidar com um volume muito grande de atendimentos todos os dias. Nesse cenário, a cooperativa de saúde decidiu modernizar seu sistema com apoio dos chatbots, em 2022.
Agora, os clientes da Unimed Natal podem agendar, confirmar, cancelar ou reagendar consultas e exames, acompanhar aprovações e status de exames e consultas, negociar dívidas e obter segunda via de boletos, entre outros serviços. Tudo isso de forma automatizada e personalizada por um robô inteligente.
Em 2023, 50% das chamadas de clientes da Unimed Natal já eram totalmente atendidas pelo chatbot. Isso proporcionou melhorias na agilidade, eliminou a fila de espera e permitiu que a cooperativa aumentasse rapidamente a capacidade de atendimento em períodos de alta demanda. Só em 2022, a ferramenta de IA nos negócios da coop gerou uma economia estimada em R$ 500 mil.
IA: ferramenta de suporte às pessoas
Com a popularização das novas ferramentas de IA generativa, surgiu também o medo de que a tecnologia iria substituir os humanos em uma série de funções e empregos. No entanto, o que se vê na prática é uma aliança entre pessoas e máquinas para agilizar processos e automatizar tarefas repetitivas.
Isso acontece porque a IA nos negócios é uma ferramenta que precisa ser controlada para dar bons resultados. A inteligência artificial não é capaz de fazer nada por si só. Tanto é que já tem gente se especializando em engenharia de prompt – ou seja, desenvolvendo técnicas para dar instruções melhores aos serviços de IA.
Bons comandos, afinal, fazem toda a diferença para obter resultados positivos com a IA generativa. Diante disso, saber pilotar essas novas ferramentas desponta como uma das habilidades mais promissoras para os profissionais.
IA copiloto
A inteligência artificial generativa permite que as pessoas consigam colocar diversas ideias em prática com mais facilidade. Um estudo realizado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) indica que a tecnologia aumentou a produtividade dos designers, uma vez que dá agilidade à implementação de novas ideias.
Já para a Gartner, a inteligência artificial generativa se destaca como uma auxiliar muito importante no desenvolvimento de software. A consultoria indica que 75% dos engenheiros de software vão contar com o apoio da IA para construir seus códigos até 2028.
Essa lógica é compartilhada pela McKinsey. A consultoria mensurou que escrever um código de programação contando com ajuda da IA reduz o tempo pela metade. Além disso, a IA nos negócios também acelera a otimização dos códigos já existentes. Não é por acaso que o GitHub já conta com o Copilot para ajudar programadores.
Análise de dados com IA
Estamos vivendo a era da abundância de dados. O big data proporciona uma infinidade de informações que podem dar muitas pistas sobre o futuro dos negócios e, assim, indicar os caminhos que devem ser trilhados pelas cooperativas.
Só que se por um lado essa grande quantidade de dados abre uma gama de novas possibilidades, por outro, a gestão de dados se torna cada vez mais complexa. Nesse cenário, as novas ferramentas de IA nos negócios têm muito a contribuir para a organização e a análise de dados.
A IA é muito boa em identificar padrões e, por isso, surge como aliada para analisar dados e contribuir para diversas tarefas. Veja essas duas cooperativas que aliam IA e dados:
Robô Laura da Unimed Grande Florianópolis monitora pacientes
Com a finalidade de monitorar com maior assertividade o estado de seus pacientes e promover mais segurança, a Unimed Grande Florianópolis implementou a Robô Laura em seu hospital. Baseada em inteligência artificial, a ferramenta atua como um colaborador em alerta permanente e consegue antecipar problemas, agilizando o atendimento.
Em casos de infecção grave, por exemplo, o atendimento precisa ser veloz. Para acelerar o atendimento, é imprescindível acompanhar continuamente os sinais vitais do paciente. Esse papel, então, fica com o Robô Laura, que emite alertas sobre a gravidade da situação dos pacientes.
Integrada analisa áreas agricultáveis
Como vimos, a cooperativa agropecuária Integrada está atenta às inovações de inteligência artificial. Diante de uma alta demanda para identificar solo não cultivado, a Integrada precisou encontrar soluções a fim de agilizar um processo que, se feito com o método tradicional, leva
30 dias para ficar pronto.
Em parceria com o Senai, a cooperativa adotou a IA e desenvolveu o projeto Áreas Agricultáveis, que usa imagens de satélites para identificar áreas com potencial produtivo. Com isso, o processo que levava um mês passou a ser executado em 20 minutos.
Comunicação e produção de conteúdo
A nova onda de inteligência artificial generativa começou justamente com ferramentas de criação de textos e imagens. Diante disso, a IA emerge como uma grande aliada para comunicação e marketing das cooperativas.
O ChatGPT e o Gemini, por exemplo, são ótimas ferramentas de apoio para produzir conteúdo. Eles podem ajudar a resumir informações complexas, indicar fontes de pesquisa, inspirar novas ideias e fazer revisões gramaticais, por exemplo.
É importante frisar, no entanto, que a IA ainda comete muitos erros. Por esse motivo, tudo o que for produzido com apoio da inteligência artificial deve passar por revisões e ajustes humanos.
Comunicação e criatividade
Uma das aplicações é, por exemplo, escrever e-mails de caráter burocrático. Dê as informações necessárias à ferramenta, indique o tom que o texto deve ter e revise-o, em vez de precisar elaborá-lo do zero. Neste artigo, o InovaCoop deu um exemplo prático.
Além disso, a inteligência artificial generativa proporciona a possibilidade de dar asas à imaginação, gerando imagens e textos sobre os assuntos mais diversos e dando novas ideias para campanhas publicitárias, slogans e imagens de conceito para que elas sejam, posteriormente, refinadas por profissionais.
Por fim, já há ferramentas de IA especializadas em produção de narrações, edição de áudio para podcasts, criação de músicas e elaboração de vídeos. Neste guia prático, o InovaCoop listou uma série de soluções interessantes para as cooperativas.
Conclusão: protagonismo para a IA nos negócios
No decorrer de 2024, a inteligência artificial seguirá progredindo, se popularizando e ganhando cada vez mais aplicações práticas para as cooperativas. A velocidade de evolução da IA é enorme e não há sinais de que esse movimento irá desacelerar.
Diante disso, entender as possibilidades e o potencial da inteligência artificial é o primeiro passo para adotá-la com sucesso. A IA nos negócios pode aumentar a agilidade e otimizar diversos processos, aumentando, assim, a competitividade.
Como vimos no decorrer do artigo, uma série de cooperativas já estão colocando a IA em prática e colhendo resultados positivos. Essas histórias mostram como o cooperativismo consegue inovar na vanguarda tecnológica a fim de obter bons resultados nos negócios.