Inteligência de Mercado
Como o Plano Safra pode apoiar o Agro 4.0
O Ramo Agropecuário é o setor com o maior número de cooperativas no Brasil, com 1.185 entidades, segundo dados do AnuárioCoop 2023. É também o ramo que mais emprega, reunindo 48% do total de empregados das cooperativas brasileiras.
Diante dessa relevância, é imperativo buscar recursos para que o cooperativismo agropecuário consiga inovar e atingir uma produção mais moderna, tecnológica, sustentável e eficiente.
Para isso, uma importante fonte de recursos é o Plano Safra, programa do Governo Federal lançado para apoiar o setor agropecuário com linhas de crédito e incentivos. Veja de que maneira o Plano Safra apoia o avanço das cooperativas rumo ao Agro 4.0 e saiba mais sobre o recém-anunciado Plano Safra 2024/2025!
O que é o Plano Safra
O plano é composto de diversos programas de modernização, inovação e sustentabilidade e é lançado anualmente com vigência de julho a junho do ano seguinte. Na safra 2023/2024, por exemplo, foram disponibilizados R$ 435,82 bilhões.
O apoio ao pequeno produtor e a implantação de projetos sustentáveis fazem parte das metas do plano, que destinou R$ 71,6 bilhões ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), um aumento de 34% em relação ao valor disponibilizado na safra anterior.
Para o Pronamp (destinado ao médio produtor), foi reservado um montante cerca de 40% maior do que o do exercício anterior, totalizando R$ 61 bilhões, e outros R$ 303,1 bilhões foram destinados aos demais produtores rurais e às cooperativas, valor que representa um aumento de 25% em relação ao ano passado. Vale lembrar que 71,2% dos produtores rurais associados ao cooperativismo são da agricultura familiar.
Plano Safra na agricultura familiar
O cooperativismo dá aos agricultores familiares a oportunidade de serem proprietários de um negócio, com maior poder de comercialização e industrialização. Nesse sentido, o fomento ao público da agricultura familiar por meio do Plano Safra 2023/24 beneficiou as cooperativas não apenas com o aumento do aporte de recursos, mas também com outras políticas específicas para este público.
Foi estimado cerca de R$ 1,9 bilhão para o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que amplia e estimula a proteção aos riscos gerados por eventos climáticos adversos, pragas e doenças sem método eficaz de controle. Além disso, outras políticas que foram anunciadas junto ao Plano Safra da Agricultura Familiar foram:
- Cerca de R$ 960 milhões em recursos para o Programa Garantia-Safra.
- Cerca de R$ 50 milhões para a Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-bio).
- Aproximadamente R$ 200 milhões para Assistência Técnica e Extensão Rural.
- R$ 3 bilhões para compras públicas, que incluem, entre outras coisas, alimentação escolar e compras institucionais.
Plano Safra e o cooperativismo
As cooperativas brasileiras participaram ativamente da elaboração do Plano Safra, com a apresentação das “Propostas do Sistema Cooperativista ao Plano Safra 2023/24”. O setor impactou tanto o planejamento para a agricultura familiar quanto o referente à agricultura e pecuária.
Estes documentos foram destinados aos principais formuladores das políticas públicas, representantes e participantes do setor, em diversos encontros durante o desenvolvimento da política agrícola de crédito rural.
Plano Safra e o Agro 4.0
Outra frente fundamental do Plano Safra para as cooperativas é o incentivo à inovação tecnológica, principalmente num cenário agrícola marcado pela revolução digital: o Agro 4.0. Este termo, nascido a partir dos anos 2010, sinaliza a busca do setor agrícola por soluções tecnológicas para problemas como produtividade, sustentabilidade e conectividade.
Exemplos disso são máquinas agrícolas que contam com inteligência artificial, ferramentas com conexão 5G, softwares para tomada de decisão, sensores, rastreadores e até robôs autônomos. Estes avanços, porém, muitas vezes se encontram travados por carências técnicas, como é o caso da baixa cobertura de banda larga nas zonas rurais do Brasil, ou falta de financiamento.
Outra característica da agricultura 4.0 é o surgimento de startups batizadas de agritechs, que atendem às necessidades da agropecuária com soluções baseadas em tecnologia. Apenas no Brasil, 1.574 startups atuam nesse setor, segundo levantamento realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Plano Safra como aliado da inovação
Neste cenário, o Plano Safra pode ser de importante auxílio para as cooperativas por meio de um dos programas de investimentos previstos: o Inovagro (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária).
Este programa oferece financiamento para incorporação de inovações tecnológicas nas propriedades rurais, visando ao aumento da produtividade, à adoção de boas práticas agropecuárias e de gestão e à inserção competitiva dos produtores rurais no mercado.
Com o Inovagro é possível financiar sistemas de energia alternativa; equipamentos e serviços de pecuária e agricultura de precisão; softwares para gestão, monitoramento ou automação; consultorias para a formação e capacitação técnica e gerencial; entre diversos outros recursos.
Mais Alimentos
O Plano Safra 2023/24 relançou também o Programa Mais Alimentos. O objetivo foi promover a mecanização do campo e fortalecer a indústria nacional de máquinas e equipamentos.
Houve uma redução na taxa de juros de 6% para 5% ao ano no Pronaf Mais Alimentos para a compra de máquinas e implementos agrícolas específicos para a agricultura familiar. O programa, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), contou com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Sustentabilidade no campo
O Plano Safra trouxe ainda novidades na questão ambiental. Para os agricultores que comprovarem práticas sustentáveis de produção, será possível reduzir as taxas de juros de custeio em até 1%. Para isso será preciso apresentar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado em três condições:
- Programa de Regularização Ambiental.
- Sem passivo ambiental.
- Passível de emissão de cota de reserva ambiental.
Por fim, o programa de fomento prevê incentivo à utilização de energia de fontes renováveis, financiamento de alternativas para adubos e fertilizantes – que têm o potencial de reduzir a dependência dos fertilizantes importados – e investimentos em sistemas de exploração extrativista não madeireira, com produtos da sociobiodiversidade e ecologicamente sustentáveis.
O Plano Safra 2024/25
O Governo Federal lançou o Plano Safra 2024/25 totalizando R$ 476 bilhões. São R$ 400,59 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional por meio do Plano Safra Agricultura e Pecuária 2024/2025, e outros R$ 76 bilhões para o Plano Safra da Agricultura Familiar.
Do total de recursos disponibilizados à agricultura empresarial, R$ 293,3 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização. Outros R$ 107,3 bilhões serão para investimentos. Além disso, R$ 108 milhões serão aportados em Cédula de Produto Rural (CPR) por meio de recursos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). As linhas de crédito devem ter taxas de juros entre 7% e 12% ao ano.
O novo Plano Safra integra o planejamento de transformação ecológica do Brasil e reforça a sustentabilidade como prioridade do Agro 4.0, reforçando o compromisso do agronegócio brasileiro com a redução das emissões de carbono.
Demandas do cooperativismo
O Sistema OCB participou da cerimônia de lançamento do Plano Safra 2024/25. Luiz Roberto Baggio, coordenador nacional do Ramo Agropecuário, acredita que o novo plano apresenta avanços para o setor:
“Uma vantagem que consideramos importante foi a ampliação do limite para as cooperativas contratarem recursos para armazenagem. Isso é fundamental porque as cooperativas têm essa vanguarda na armazenagem e o aumento do limite individual ajuda muito”, afirmou.
Durante o processo de construção da proposta, o Sistema OCB apresentou as principais demandas do cooperativismo. A entidade pediu a elevação dos limites de contratação e a redução das taxas de juros para todas as linhas de planejamento agropecuário. Por fim, o Sistema OCB também demandou o fortalecimento das cooperativas de crédito e do BNDES, de forma a capilarizar o Plano Safra em nível nacional.
Conclusão: Plano Safra avança Agro 4.0
O financiamento pode representar uma barreira relevante para que as cooperativas agropecuárias se modernizem e pratiquem o Agro 4.0. Dessa forma, os recursos disponibilizados pelo Plano Safra contribuem para a modernização da produção em prol de um campo mais produtivo e sustentável.
A produção agropecuária vive um momento de transformação digital e tecnológica. As cooperativas agropecuárias brasileiras são grandes expoentes da inovação no campo, impulsionando o Agro 4.0.
Para saber mais, leia o estudo Dinâmicas emergentes do setor agropecuário, disponível aqui no NegóciosCoop. A publicação defende que o setor agropecuário deve adotar uma abordagem ativista, voltada para resultados, para buscar reverter o impacto ambiental causado ao planeta!