Terceirizar serviços e produtos está cada vez mais comum no mercado, afinal, quem não gosta de fazer boas parcerias. No entanto, essa não é a única, nem a melhor maneira de crescer e se destacar. Uma alternativa que pode revolucionar sua cooperativa é a verticalização de cadeia.

É possível ter mais autonomia sobre os processos e agregar valor à atividade produtiva. Com isso, os produtos agregam mais valor e têm um potencial de gerar uma receita maior para a cooperativa, gerando bons resultados para os cooperados.

Então, vamos entender um pouco mais sobre a verticalização da cadeia produtiva, quais são suas vantagens e desvantagens, como aplicá-la e ver exemplos de cooperativas que seguiram por esse caminho? Boa leitura!

A verticalização da cadeia produtiva

A verticalização da cadeia produtiva é uma metodologia empresarial que consiste na centralização da produção de uma organização. A ideia é que a instituição controle a maioria das etapas do processo produtivo, reduzindo custos, aumentando a competitividade e a eficiência.

Com o controle total da cadeia, as cooperativas controlam desde a matéria-prima até a distribuição e venda do produto final. Além disso, elas também detêm mais controle sobre a excelência, os custos e os prazos, oferecendo produtos mais em conta e com maior qualidade.

Vantagens e desvantagens

Assim como qualquer metodologia empresarial, a verticalização possui seus pontos fortes e fracos – que devem ser analisados antes da tomada de decisão, é claro. Ao olhar pelo lado positivo, com a verticalização da cadeia, a sua cooperativa tem maior controle do que está sendo produzido.

Por conta disso, encontrar problemas e administrar o volume de produção fica mais fácil e rápido. Consequentemente, as organizações conseguem controlar os estoques e não dependem de terceiros.

No entanto, verticalizar a cadeia de produção também apresenta alguns desafios. A metodologia exige um grande investimento inicial, visto que a cooperativa terá que aumentar sua estrutura e quantidade de novos colaboradores para a área de gestão.

Além disso, há o risco de a cooperativa se concentrar em apenas um setor, deixando outros defasados. A falta de uma gestão eficiente pode causar problemas sérios diante de possíveis mudanças no mercado.

Tipos de verticalização

A metodologia é dividida em dois tipos: a direta e a reversa.

  • Verticalização direta: consiste na aquisição dos canais de distribuição, como os distribuidores e os varejistas. A ideia é que a cooperativa economize em transporte e marketing. Diante dessa mudança, os produtos podem ficar mais baratos para os consumidores.
  • Verticalização reversa: foca na centralização dos fornecedores de estoque e de matéria-prima. A ideia é controlar melhor o estoque de produtos e evitar preços abusivos.

Como e quando aplicar a verticalização da cadeia nas cooperativas

O processo de verticalização da cadeia de produção exige muita cautela, visto que se responsabilizar por mais processos pode ser complicado. Por isso, antes de tudo, é imprescindível que a alta administração da sua cooperativa entenda quais as vantagens e as desvantagens da verticalização da cadeia.

O primeiro passo, após a compreensão dos pontos positivos e negativos, é a identificação de problemas dentro da cooperativa. Os processos críticos devem ser identificados e controlados internamente, já que são responsáveis por garantir a qualidade dos produtos.

Com os problemas identificados, está na hora de pensar na estratégia que será utilizada. É importante decidir se sua cooperativa vai agregar novas organizações, verticalizar processos existentes, ou até mesmo construir novas fábricas. Além disso, os responsáveis também podem decidir entre a verticalização full ou go to market.

  • Full: nessa opção, como o próprio nome diz, a implementação é completa, desde a matéria-prima até a venda do produto. Nesse caso, a cooperativa precisa ter uma boa quantidade de clientes para garantir o retorno financeiro.
  • Go to market: já aqui, o foco está em aplicar a verticalização em diferentes canais de pré-vendas e vendas.

Após a escolha da estratégia, é necessário avaliar as oportunidades disponíveis no mercado, como parcerias, com fornecedores e outras organizações, e investimentos em tecnologia. Sistemas de gestão integrada e a automação de processos são duas soluções tecnológicas interessantes para o processo de verticalização da cadeia produtiva.

E para a verticalização funcionar da maneira desejada, os colaboradores e cooperados também devem passar por uma capacitação. A equipe precisa entender o papel da metodologia na cooperativa e quais as mudanças causadas por ela, e dessa forma, direcionar uma nova dinâmica de trabalho.

Por fim, mas não menos importante, é essencial que os responsáveis pela implementação acompanhem os resultados. Com a avaliação dos processos e a análise do trabalho dos colaboradores, melhorias voltadas à excelência e a competitividade sempre estarão em foco.

O (seu) momento certo

Diante de tantas vantagens da verticalização, uma pergunta surge: “Quando se deve verticalizar a produção?”. Bom, não há resposta correta. A cooperativa deve analisar o momento que está vivendo e se a implantação de uma nova metodologia na cadeia produtiva é necessária.

Pensar em verticalizar é ter em vista o aumento da responsabilidade sobre a fabricação e venda de seus produtos, enquanto se destaca no mercado, aumentando a competitividade. Se a sua cooperativa busca essa mudança, esse é o seu momento.

Verticalização da cadeia produtiva na prática

A verticalização da cadeia produtiva já foi implementada em diversas organizações, inclusive em algumas cooperativas. Ao buscarem o reconhecimento no mercado e o desenvolvimento interno, instituições, como a Cooperfarms, Coopagro, Nater Coop e Coagru, apostaram nessa metodologia.

Cooperfarms

Em maio de 2024, a Cooperfarms, Cooperativa de Produtores Rurais, promoveu um encontro para discutir a necessidade do desenvolvimento e da sustentabilidade da produção na região oeste da Bahia. A conversa focou em explicar a importância da verticalização da cadeia produtiva e da necessidade de inovar.

O ex-secretário de agricultura de Santa Catarina, que estava presente no encontro, enfatizou a importância de focar na verticalização da cadeia produtiva de grãos e na produção animal, ao mesmo tempo. Assim, além de alimentar o mercado, a cooperativa é capaz de investir em inovações tecnológicas e parcerias.

Coopagro

Ao perceber que boa parte dos produtos derivados do leite comercializados eram de fora do Pará, o Sistema OCB/PA promoveu um estudo em janeiro de 2024. A ideia é identificar a viabilidade dos produtores da Coopagro suprirem a necessidade do estado.

Junto à instituição Alimento Seguro, o Sistema OCB/PA estudou a possibilidade de verticalizar a produção leiteira e, assim, reduzir custos, agregar valor ao leite e tornar a cooperativa mais competitiva. Com a verticalização, o lucro da cooperativa passaria a ser de R$ 870 por dia e R$ 5 milhões ao ano.

Coamo

Já a Coamo busca, desde meados de 2011, verticalizar a produção, centralizando o fornecimento de produtos no quadro social da cooperativa. No entanto, a organização não foca apenas no início da cadeia produtiva.

Para exportar seus produtos, a Coamo mantém a tradição de investir em logística e infraestrutura. Em 2021, por exemplo, a cooperativa inaugurou seu segundo terminal portuário.

Conclusão

Fica claro, portanto, que verticalizar a cadeia produtiva de sua cooperativa pode ser uma alternativa para aumentar a competitividade da organização. Mas, esta não é a única maneira de tornar sua coop competitiva e relevante no mercado.

Outras alternativas podem ser implementadas para melhorar os resultados da sua cooperativa. Pensando nisso, o NegóciosCoop desenvolveu o e-book Competitividade: como tornar sua cooperativa competitiva. Nele, você aprende como investir em iniciativas que fomentem o aprimoramento de procedimentos, métodos, ferramentas e capacitação.