Mercado Nacional
Participação em feira de artesanato gera frutos positivos
Cooperativas expositoras prospectaram novos mercados nacionais e internacionais
A economia criativa emprega milhões de trabalhadores no Brasil e o artesanato é responsável por parte desse número, ao gerar renda e movimentar a cultura brasileira. Na última semana, a diversidade desses segmentos estiveram presentes na 5ª edição da Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce), realizada em Fortaleza, Ceará. Entre os dias 25 de setembro a 01 de outubro, a feira atraiu cerca de 50 mil participantes em visitas aos 320 estandes disponíveis, com centenas de artesãos, muitos deles representantes de comunidades e cooperativas.
O Sistema OCB participou com o estande institucional denominado Loja Cooperativa, para promover negócios e apoiar o acesso a novos mercados para dez cooperativas de artesanato. Além do Sistema OCB, a feira contou com a participação de outras instituições como o Sebrae, ApexBrasil, e ministérios da Cultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, por meio do Programa de Artesanato Brasileiro (PAB).
A participação na Fenacce faz parte da estratégia da Coordenação de Negócios do Sistema OCB que visa apoiar as pequenas cooperativas para que elas possam vender mais e melhor, de forma sustentável, e ampliando as possibilidades de comercialização no mercado nacional. Com o objetivo de gerar mais aprendizados e oportunidades no evento, a Coordenação de Negócios realizou reuniões coletivas preparatórias com os representantes das cooperativas expositoras, bem como elaborou folders comerciais para os produtos e serviços oferecidos. Eles contam um pouco da história de cada cooperativa e trazem informações sobre a localidade, principais parceiros comerciais, redes sociais e contatos comerciais.
Antes de iniciar a participação na feira, as cooperativas expositoras tiveram um momento de intercooperação e troca de experiências a partir da ação Coop Compra de Coop. A iniciativa buscou promover as coops e fortalecer a troca de boas práticas entre elas. “Foi um momento único para as cooperativas se conhecerem, apresentarem seus negócios, suas histórias e produtos, compartilharem as dificuldades, boas práticas de negócios e oportunidades de parcerias e cooperação”, afirmou o analista de Negócios do Sistema OCB, Jean Fernandes.
Além das inúmeras oportunidades de networking, os resultados com a participação na Loja Cooperativa apresentaram resultados promissores, com vendas que totalizaram R$ 61 mil. Além disso, a feira gerou prospecção de lojistas e fornecedores de varejo para parcerias futuras. Foram cerca de 40 contatos nacionais e 24 internacionais. Para os próximos meses, a estimativa de vendas provenientes da feira supera R$ 130 mil, sendo R$ 62 mil para o mercado interno e R$ 69 mil com vendas internacionais.
Ainda segundo Jean Fernandes, a Fenacce trouxe novas experiências positivas e oportunidades para as cooperativas de artesanato que vão muito além das vendas diretas realizadas durante o evento. “Tivemos a oportunidade de divulgar as histórias e os produtos das cooperativas, promover os negócios e gerar engajamento nas redes sociais, bem como prospectar contatos com clientes nacionais e compradores internacionais. Também tivemos a oportunidade de mapear parcerias com outras instituições, e de explicar para o público visitante o que é o cooperativismo, sua importância, como funciona esse modelo de negócios e o trabalho desenvolvido pelas cooperativas de artesanato com as dezenas de artesãos cooperados em suas comunidades”, declarou.
Depoimentos
As cooperativas expositoras da Loja Cooperativa comercializaram artesanatos diversos, desde cestarias e artesanato de palha, colares e biojoias, até bordados, cerâmicas, esculturas de ferro e geleias artesanais.
Entre os expositores, a cooperativa tocantinense Xambiart comercializou colares, pulseiras, brincos e biojoias. Para a presidente Santana Barreto, a experiência foi extremamente positiva. “Tivemos contatos com fornecedores e compradores que, com certeza, renderá boas parcerias. Acreditamos que a feira vai gerar novos frutos. Estamos muito satisfeitas pois é muito bom vender, mas é melhor ainda prospectar novos clientes para futuras vendas e oportunidades”, ressaltou.
Já para a Nelcione Silva, artesã da cooperativa manauense Coopama, “foi uma oportunidade emocionante e enriquecedora. Expor e comercializar nossos produtos em um evento como esse é essencial para valorizar o artesão e seus produtos. Conhecer outros artesãos/cooperados também contribui de forma efetiva para o nosso crescimento profissional, por meio da troca de saberes, de cultura e para criar uma rede de contatos com quem trabalha com diferentes técnicas e matérias-primas, novas tecnologias e ferramentas de inovação, divulgação e vendas. As feiras de artesanato representam um espaço democrático e vital para os diversos setores da nossa cadeia produtiva”.
Cooperada da cooperativa potiguar Coopercructac, Edilza Fernandes, também elogiou a participação. “Houve acolhimento, troca de saberes, vivência do cooperativismo. Acho que todos nós ficamos muito felizes com essa oportunidade. Foi um prazer estar no evento e esperamos nos encontrar em vários por aí”, declarou. A cooperativa
O mesmo sentimento foi compartilhado pelas representantes das cooperativas de artesanato do Maranhão e Ceará. Teresa Luz, da cooperativa Luz e Arte, disse que a feira foi uma oportunidade excelente. “Fizemos boas vendas, novas amizades, contatos para negociações futuras”. Já Stefanny, da Coopafesp, relatou a gratidão com apoio dos organizadores e do Sistema OCB. “Gostei muito da organização, da segurança com a participação das cooperadas para não acontecer nada de errado e de todo o suporte que recebemos da unidade nacional”.
Lourdes Lima, representante da Coomajt (PB), que produz artesanato de labirinto, por sua vez, lembrou a importância da abertura de novos mercados. “Viver do artesanato é prazeroso, porém, requer resistência. Receber o suporte necessário para que possamos ser vistas e reconhecidas contribui para o crescimento e desenvolvimento cada vez maior das nossas perspectivas”, concluiu. Lucas Castro, diretor da cooperativa Arteza (PB), também relatou sobre a oportunidade de conhecer e se posicionar no mercado com a feira. “A Fenacce foi muito proveitosa e produtiva. Tivemos contatos com atacadistas, compradores internacionais e clientes finais que são os consumidores que realmente irão usar o nosso produto e nos passar os feedbacks”, relatou.
Rodada Internacional
Como ação de promoção internacional, a ApexBrasil realizou durante a Fenacce uma rodada internacional de negócios com cerca de 58 artesãs, cooperativas, casas de cultura e associações de artesanato de 18 estados brasileiros. A iniciativa contou com dez compradores vindos da Holanda, Reino Unido, Irlanda, Áustria, Estados Unidos, China, Japão e Jordânia.
O Sistema OCB contou com a participação de quatro cooperativas expositoras da Loja Cooperativa selecionadas pela curadoria da ApexBrasil: Dedo de Gente, Bordana, Turiarte e Copamart. Ao todo, foram mais de 25 reuniões com compradores internacionais.
De acordo com Ana Beatriz Santos, cooperada Dedo de Gente (MG), que produz artesanato de ferro, geleias e licores artesanais, “é sempre muito bom poder levar um pouquinho do cooperativismo e do artesanato por esse Brasilzão. Feiras como a Fenacce são essenciais para mostrar aos artesãos que é, sim, possível, viver do artesanato. E também para divulgar melhor os encantos e a diversidades que temos por aqui. Durante a feira surgiram duas possibilidades muito boas de exportação. Na rodada de negócios conseguimos contatar um lojista da Inglaterra, e, durante o evento, fomos convidados a fazer parte de um marketplace que exporta para Portugal”.
Para Celma Grace, diretora da Bordana (GO) que desenvolve artesanato com bordados únicos e exclusivos inspirados nas riquezas do cerrado brasileiro, a participação gera esperança e perspectivas para as cooperativas de artesanato se fortalecerem cada vez mais. “A feira melhora as vendas e traz também mais visibilidade a nível nacional para a cooperativa. E é uma esperança para quem fica lá na base, porque o gargalo das cooperativas não é só a venda, mas também participar de uma feira de nível nacional. Conseguimos prospectar novos clientes, fazer network, conhecer outras cooperativas”, descreveu.
Natália Dias, cooperada da Turiarte (PA), a diversidade de possibilidades foi um dos pontos altos do evento. “Estamos voltando com a bagagem cheia de informações valiosas. Amei passar esses dias com as outras cooperativas. Foi uma diversidade incrível. Culturas diferentes, sotaques diferentes, mas com um único objetivo de viver a cooperação”. Terezinha Ribeiro, presidente da Copamart (AM), foi só agradecimento. “Foi muito gratificante ter participado da Fenacce, vou colocar em prática tudo o que eu aprendi. As expectativas são as melhores, fizemos vários contatos. Gratidão ao Sistema OCB por estar olhando com muito carinho pelas cooperativas de artesanato”.