Fortalecimento de marcas e novas oportunidades de negócios são os principais ganhos

A Semana de Competitividade Coop 2023 rendeu bons frutos para as cooperativas convidadas a expor seus produtos durante o evento, no espaço da Loja Cooperativa. O faturamento superou os R$ 30 mil em vendas diretas e inúmeras oportunidades para novos negócios no futuro. A chance de divulgar e fortalecer suas marcas foi amplamente elogiada pelos participantes.

“Estivemos presentes também no ano passo e os resultados foram muito significativos. Neste segundo momento, estamos consolidando ainda mais nossos produtos e reciclando nossos conhecimentos para conquistarmos novos mercados”, afirmou Luciano Fernandes, presidente da Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi), localizada em Bocaiúva (MG).

Responsável pela produção de méis especiais como os das flores de aroeira, pequi, café e abacateiro, a Coopemapi conta com cerca de 400 cooperados e exporta para vários países, incluindo os Estados Unidos. “Com os treinamentos que recebemos e a possibilidade de expor nossos produtos faturamos atualmente 30% a mais. Aprendemos a agregar valor, aumentar nossa capacidade produtiva, ter mais escala. O cooperativismo nos trouxe tudo o que precisávamos para nos manter e crescer no mercado”, acrescentou Luciano.

Cerrado em estampas

Gleide Marques, sócia-fundadora da Cooperativa Bordana de Goiânia (GO), também destacou os benefícios de participar pela segunda vez do evento. “É uma experiência muito gratificante. A troca de conhecimentos, a interação com outras cooperativas, as chances de intercooperação que temos aqui traz ganhos que a gente nem consegue mensurar” declarou.

A Bordana ainda não exporta seus produtos, mas já faz parte dos planos da cooperativa a conquistas de novos mercados. “Nossos bordados têm uma característica própria porque trabalhamos com motivos do bioma Cerrado e esse é um diferencial importante. Já vendemos para todo o Brasil, mas queremos ir ainda mais longe”, reforçou Gleide, que se sente extremamente orgulhosa com os resultados alcançados pela Bordana. “Sozinhas nunca conseguiríamos tanto”, completou.

Arte em couro

Quem também participou pela segunda vez foi a Arteza, Cooperativa de Trabalho dos Cortidores e Artesãos em Couro de Ribeira de Cabaceiras (PB). “Consideramos muito importante estar aqui. Viemos a primeira vez com a intenção de mostrar nosso produto, de expor mesmo, de divulgar nosso trabalho e a nossa Paraíba. Acabamos vendendo muito bem e desenvolvemos trabalhos com outras cooperativas e organizações. Fizemos vários negócios a partir desse momento e, por isso, poder repetir essa oportunidade é muito especial”, enfatizou o diretor administrativo-financeiro da Arteza, Lucas de Araújo Castro.

A coop existe desde 1998 e conta atualmente com 75 membros ativos que trabalham e desenvolvem alguma atividade relacionada com o couro, mas, segundo Lucas, gostariam de poder contar com mais associados. “Hoje, nosso maior gargalo é mão de obra. E não porque as pessoas não queiram trabalhar e, sim, por não ter mais pessoas para trabalhar. Estamos cravados no interior da Paraíba, no Cariri, zona rural. É a cidade que menos chove no Brasil, mas, com a nossa união, tornamos o couro a principal atividade econômica do município. Evitamos, inclusive, a migração dos nossos jovens”.

Biomas em destaque

A Cooates, Cooperativa de Trabalho Agrícola, Assistência Técnica e Serviços, de Barreiros (PE), participou pela primeira vez de um evento nacional promovido pelo Sistema OCB. Para o gerente-geral, Nerivaldo Dimas Barros da Silva, o convite foi muito especial. “Além de comercializar nosso produto, também estamos trabalhando a divulgação da nossa marca que é bem nova no mercado”, contou.

Formada por 22 cooperados, a Cootes lançou há três meses méis oriundos dos biomas Manguezal, Mata Atlântica e Caatinga. “Somos todos filhos de cortadores de cana. Tivemos a oportunidade de estudar e fundamos a cooperativa em busca de melhores oportunidades de trabalho e renda. Temos hoje uma biofábrica de produtos apícolas e estamos construindo outra de biocosméticos que também vai trabalhar com essências da Mata Atlântica”, descreveu Nerivaldo.

Ainda segundo ele, o cooperativismo transformou efetivamente a vida de todos os envolvidos com o modelo de negócios. “Somos de família pobre. Com a cooperativa, começamos a ter sustentabilidade, a alimentar e fornecer sustentabilidade também para os nossos pais. Eles praticamente saíram da escravidão e hoje vivemos todos muito bem”, concluiu.

Exclusividade

A Conap, Cooperativa Nacional de Apicultura, de Nova Lima (MG) também contou pela primeira vez com um estande para expor e vender seus produtos. Ela congrega 80 cooperados e seu principal produto é o própolis verde, considerado único no mundo por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas. “Esse própolis só existe em Minas, em uma pequena fronteira com o estado de São Paulo. Suas propriedades foram descobertas nos anos 90, pela Universidade de Tóquio, no Japão. Por isso, ele é muito apreciado na Ásia”, explicou Cristiano Carvalho, presidente da Conap.

Para ele, a participação na Semana de Competitividade representou uma oportunidade única para conhecer membros de outras cooperativas, fazer contatos, se atualizar com tendências e novas informações sobre o mercado, gestão, estrutura e governança das coops. “Um mais um é sempre maior que dois. O cooperativismo faz diferença na vida de todo mundo que se envolve com ele. É a questão da união, de se chegar junto. É a garantia de vida digna para cooperados e familiares. Participar de momentos assim é sempre muito gratificante”, salientou.

Rendados

Outra representante da Paraíba presente foi a Coomajt, Cooperativa Mista Agro-Artesanal de Juarez Távora. Segundo a cooperada Maria de Lourdes Ferreira de Lima, o convite foi fundamental para divulgar os rendados produzidos por eles. “A gente se sente um pouco isolado. O artesanato é um trabalho difícil de encontrar vendas. Então, quando temos essa oportunidade de ver que as pequenas cooperativas também estão sendo consideradas e recebem a atenção merecida, ficamos muito felizes porque realmente precisamos desse incentivo”.

Para ela, a experiência abriu portas para novos negócios. “Até mesmo entre as cooperativas do nosso estado que participaram do evento conseguimos uma visão diferenciada. Porque muitas delas sequer sabiam da nossa existência ou do trabalho que desenvolvemos. E aqui, tivemos a chance de nos mostrar para representantes de todo o país. Então, só podemos agradecer”, enalteceu.

Castanhas

Com quatro mil cooperados, a Cooperacre, Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre, localizada em Rio Branco, comercializou durante a Semana de Competitividade 2023, tipos variados de castanhas oriundas da Amazônia. A produção, no entanto, envolve também a extração da borracha e o cultivo de frutas e café. “A castanha é nosso carro chefe. Compramos em média 500 mil latas por ano, industrializamos e vendemos para nove países”, relatou José Rodrigues de Araújo, presidente da coop.

A participação no evento, para ele, também foi uma oportunidade única. “Abre muitas portas. Já exportamos, mas queremos ir mais longe, ganhar o mundo inteiro. E, para isso, precisamos nos atualizar, nos organizar. Essa questão do ESG é um bom exemplo. Trabalhamos com esses princípios há muito tempo, mas de forma desorganizada. Então, os conhecimentos que trocamos aqui contribuem ainda mais para mantermos a conservação das florestas e aumentar a qualidade de vida dos nossos produtores”.

Transformação social

A Cooperativa Dedo de Gente, de Curvelo e Araçuaí (MG) tem como essência um objetivo pedagógico e de transformação social de jovens nas regiões onde atua. Para isso, a ferramenta utilizada é o artesanato. Eles produzem arte em ferro, madeira, cartonagem e doces, tudo com viés cultural. “Buscamos inspiração na cultura local. Com isso, além de ter um produto afetivo e que carrega uma identidade, também promovemos o fortalecimento da nossa região. E isso encanta nossos clientes”, descreveu Pedro Henrique Teixeira de Oliveira Marques, diretor de Desenvolvimento da cooperativa.

Para o estande de vendas da Semana de Competitividade, a Dedo de Gente expôs um pouco de cada produto desenvolvido pelos jovens que começam a participar dos trabalhos a partir dos 16 anos. Eles passam primeiro por uma capacitação para, então, começarem a produzir com a maestria necessária para a comercialização das peças e a oportunidade de receberem retorno financeiro. De acordo com Pedro, atualmente, a cooperativa atende 45 jovens.

A valorização que a presença no evento proporcionou é, para Pedro, o maior ganho. “O principal material que vamos levar de volta para nossos jovens é o brilho no olhar dos nossos clientes. Na maior parte do tempo eles estão trabalhando nas oficinas e não veem esse interesse de quem está na ponta. Esse encantamento de quem muitas vezes nem sequer conhece a história que está por trás de uma peça, mas que é visível e muito gratificante. Isso porque, muitas vezes, trabalhamos com jovens que não enxergam em si mesmos perspectivas de vida e, quando eles descobrem que conseguiram encantar alguém, rompem barreiras e a transformação é real”.