A comunicação efetiva com diferentes gerações consiste em um desafio relevante para as marcas modernas. Cada público traz consigo valores, referências culturais e hábitos de consumo moldados pelo seu contexto histórico.

Para as cooperativas, que têm como essência a proximidade com seus associados, compreender essas diferenças é fundamental para construir vínculos duradouros. Dos Baby Boomers à Geração Z, a diversidade de perfis exige estratégias adaptadas para atrair e engajar cooperados.

Conheça a seguir as principais características de cada geração e descubra práticas que ajudam sua cooperativa a se conectar com públicos de diferentes idades, fortalecendo a pluralidade e a perenização do cooperativismo. Boa leitura!

O perfil das diferentes gerações

Analisar e classificar grupos de pessoas dentro de gerações específicas é uma prática amplamente difundida nos debates contemporâneos. O conceito se popularizou a partir da teoria geracional Strauss-Howe, divulgada por William Strauss e Neil Howe nos anos 1990.

O estudo, centrado nas realidades estadunidense e ocidental, define gerações como um grupo nascido em intervalos de aproximadamente 20 anos que interage com determinados eventos históricos, compartilha características e valores em comum e possui um senso de pertencimento à geração.

O trabalho dos teóricos abrange um período de cerca de seis séculos, porém as gerações mais debatidas são as que habitam o planeta e movimentam a economia atualmente. Conheça a seguir mais detalhes sobre o perfil de cada geração – há informações divergentes entre os anos que demarcam a transição de uma geração para a outra, então priorize contexto ao invés de datas exatas ao pensar sobre o tema.

Baby boomers

Comumente citados como aqueles que nasceram entre 1946 e 1964, os Baby Boomers são a geração que nasceu no período posterior à Segunda Guerra Mundial, um momento de recuperação econômica.

Em geral, esta geração tende a priorizar a estabilidade, tanto no mundo do trabalho quanto em relacionamentos pessoais. As constantes mudanças tecnológicas costumam ser um desafio para os Baby Boomers.

Geração X

Composta pelas pessoas nascidas entre 1965 e 1980, a Geração X vivenciou um período marcado pela Guerra Fria, movimentos sociais e rupturas com paradigmas de gerações anteriores.

Dessa forma, os membros da Geração X normalmente buscam independência e são menos adeptos a uma rotina estruturada que seus predecessores. Eles ainda costumam se adaptar melhor a mudanças.

Millennials

Também conhecidos como Geração Y, os Millennials compreendem aqueles nascidos entre 1981 e 1996. Eles presenciaram os primeiros passos e o início da consolidação da internet, evolução tecnológica essencial para consolidar a globalização pós-Guerra Fria.

Orientados por conquistas, os Millennials buscam sucesso e conhecimento. Entretanto, os resultados não são tudo para eles: esta geração também preza pela conexão entre valores pessoais e profissionais.

Geração Z

Caracterizados como os primeiros nativos digitais, a Geração Z nasceu entre 1997 e 2012. É a primeira geração a crescer com acesso à internet e tecnologias digitais portáteis.

Devido a esse mundo acelerado em que se desenvolveram como pessoas, eles tendem a priorizar flexibilidade no trabalho em detrimento da estabilidade. Eles também buscam por propósito em suas carreiras, e utilizam as redes sociais para expressar seus valores.

Já há duas gerações posteriores à Z: a Alfa e a Beta (os nascidos a partir de 2025). Esses grupos de pessoas ainda não adentraram no mercado de trabalho e estão se desenvolvendo como indivíduos. Portanto, é necessário mais tempo para compreender melhor seus comportamentos e valores.

Evolução tecnológica geração a geração

Com certeza já deu para notar que as tecnologias da comunicação cumprem um papel fundamental para moldar os comportamentos de cada geração. Os diferentes canais criados e aprimorados desde a Segunda Guerra reduziram distâncias, aceleraram processos comunicacionais e construíram um ambiente mais complexo e integrado.

A primeira geração do nosso recorte, os Baby Boomers, cresceu em um contexto onde a comunicação de massa era o padrão. A televisão chegou ao Brasil nos anos 1950, tornando-se ao longo dos anos a principal fonte de informação e entretenimento para a população. O rádio e as mídias impressas (jornal, revista etc.) já eram canais de comunicação consolidados e exerceram grande influência na vida dessa geração.

Foi a partir da década de 1990 que ocorreu um fenômeno transformador, que reverbera até hoje: a popularização da internet. A rede mundial de computadores passou a conectar pessoas e disseminar informações em velocidade inédita até então, afetando a vida das pessoas e os ambientes de trabalho. A Geração X, recém-ingressada no mercado de trabalho, e os Millenials precisaram se adaptar ao novo contexto.

A vida digital da Geração Z

Já os membros da Geração Z são denominados como os primeiros nativos digitais justamente porque nasceram nesse mundo conectado. Acessar a internet virou parte do seu cotidiano desde jovens, incluindo em dispositivos móveis, uma novidade para outras gerações.

A popularização das primeiras redes sociais nos anos 2000 e a consolidação de plataformas como Facebook, Instagram e Twitter (atualmente X) nos anos 2010 moldaram sua forma de interagir com pessoas e obter informações, além de possibilitar uma plataforma para o compartilhamento de seus valores individuais.

Assim como as gerações, os diferentes meios de comunicação coexistem e se complementam. A popularização da internet não significa que a TV ou o rádio estão com os dias contados, por exemplo. Mas é fato que as experiências de consumo se transformaram, sendo idealmente mais interativas e conectadas.

Comunicação com todas as idades

De maneira geral, as diferentes gerações têm preferências por canais de comunicação distintos. Enquanto os nativos digitais se sentem confortáveis em contatos 100% virtuais, por exemplo, os Baby Boomers valorizam mais os contatos presenciais e formas de atendimento que não exijam novos aprendizados tecnológicos.

Atendimento com experiências integradas

As diferenças geracionais são mais um motivo pelo qual as cooperativas devem apostar em experiências omnichannel. O conceito já é uma tendência amplamente difundida no marketing: é a estratégia de criar uma experiência do cliente ou cooperado unificada e contínua, independentemente do ponto de contato.

Isso significa uma jornada sem interrupções, onde o indivíduo pode resolver suas demandas em um só lugar ou navegar entre diferentes canais. Mesmo que cada cooperativa tenha um público-alvo específico, é importante proporcionar meios de interação diversificados e aderentes às preferências de cada geração.

Essa estratégia permite que o cooperado comece, por exemplo, um atendimento via autoatendimento digital e continue o processo em um contato presencial no espaço físico da cooperativa, sem perda de informações ou necessidade de repetir dados.

A linguagem ideal para cada público

Uma comunicação eficaz não se resume apenas a escolher os canais corretos: também é preciso adaptar a linguagem ao perfil de cada público. A construção de um relacionamento sólido entre cooperativa e cooperado depende de mensagens que transmitam clareza, proximidade e relevância, levando em conta as características de cada geração ou grupo atendido.

Adotar diferentes tons de voz ao comunicar-se com públicos distintos é uma prática essencial. Enquanto os mais jovens podem preferir uma linguagem mais direta e conectada a referências digitais, gerações anteriores tendem a valorizar abordagens mais formais, que transmitam segurança. Essa diferenciação não significa fragmentar a identidade da cooperativa, mas sim ajustar sua forma de expressão para gerar maior impacto.

Ao mesmo tempo, é possível aproveitar-se das tecnologias para promover atendimento humanizado em escala. Ferramentas digitais, como chatbots inteligentes e centrais de autoatendimento, já são capazes de simular diálogos personalizados e compreender as necessidades dos cooperados. Quando combinadas com o suporte humano em momentos estratégicos, essas soluções garantem eficiência sem perder a proximidade típica do movimento.

Quem interage com o público em larga escala entende a necessidade de investir e desenvolver soluções inovadoras para construir relacionamentos duradouros. De acordo com a mais recente Pesquisa de Inovação no Cooperativismo, divulgada pelo Sistema OCB em 2024, os setores de atendimento ao cliente e marketing e comunicação externa são os que inovam com maior frequência dentro das cooperativas (53%), superando até mesmo a área de tecnologia (48%).

Como engajar diferentes gerações

Em cada ramo do cooperativismo, ser cooperado significa um relacionamento diferente com a organização – enquanto no crédito todo cliente é um cooperado, por exemplo, na agropecuária o termo se refere aos produtores. Entretanto, independente da conexão, espera-se que esse indivíduo se engaje para construir uma cooperativa melhor e mais próspera.

As assembleias são um dos pontos de contato mais tradicionais entre cooperativa e cooperados, uma plataforma para a tomada de decisões sobre o futuro da organização. O caráter democrático do modelo cooperativista só se materializa quando os cooperados estão engajados e utilizam as reuniões para construir ideias em conjunto.

Os quadros associativos, principalmente das grandes cooperativas, costumam ser integrados por pessoas de diferentes faixas etárias, dos Baby Boomers à Geração Z. É fundamental conhecer o perfil dos cooperados para compreender suas preferências, quais canais lhes engajam melhor. Porém é possível adotar práticas que tornem as assembleias espaços convidativos para as diferentes gerações.

Durante a pandemia, as cooperativas foram forçadas a transferir suas assembleias dos espaços físicos para as plataformas digitais. Passadas as restrições daquele contexto, deve-se apreender o melhor dos dois mundos para realizar reuniões híbridas e integradas.

Nesse cenário, tanto o cooperado mais tradicional, que não abre mão de interagir com seus pares, quanto o mais moderno, que prefere o dinamismo das videochamadas, devem receber a plataforma necessária para participar ativamente do futuro da cooperativa.

Planejamento geracional no ambiente de trabalho

Em alguns segmentos, como o de saúde, cooperado é o indivíduo que trabalha para a cooperativa. O mundo do trabalho também traz desafios para as organizações que reúnem colaboradores de faixas etárias distintas. De acordo com o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great People & GPTW, 55% dos gestores de recursos humanos relatam dificuldades ao lidar com as expectativas de diferentes gerações – e 76% consideram a Geração Z a mais desafiadora, apontando falta de comprometimento e pessimismo.

Um dos recursos possíveis para integrá-los ao ambiente de trabalho é através de programas de sucessão e atração. Algumas cooperativas já têm se destacado nesse campo, como a Coplacana, que promoveu a criação de um núcleo jovem e revitalizou a participação em suas atividades. A Cresol, por sua vez, ensinou o modelo cooperativista para mais de 1.200 jovens e estimulou o planejamento sucessório em negócios familiares.

Já para as gerações mais antigas, como os baby boomers, o conhecimento acerca das novas tecnologias pode ser um desafio maior que a integração à cultura organizacional. Nesse caso, a resposta é investir em capacitação, a exemplo do que fez a Sicredi Sudoeste MT/PA. A cooperativa de crédito criou o Programa Geração Diamante, projetado para dar oportunidades profissionais a pessoas de 55 anos ou mais.

O case da Sicredi Sudoeste MT/PA almeja o que toda cooperativa deve ambicionar: um ambiente de trabalho diversificado, que promove a interação entre pessoas diferentes e fomenta uma organização pronta para abraçar os desafios de cada geração.

Por que o cooperativismo combina com a Geração Z

A Geração Z pode ser apontada como difícil de gerenciar, ansiosa ou desinteressada em vínculos formais, mas a realidade é que toda organização depende dessa camada da população. Esses jovens já estão no mercado de trabalho, ocuparão cada vez mais postos e, consequentemente, elevarão seu poder de consumo. As organizações que terão sucesso no médio e longo prazo serão aquelas que compreendem os desejos e as necessidades deste público.

Uma das características fundamentais da Geração Z é a busca por propósito, tanto no consumo quanto no trabalho. Os jovens preferem interagir com marcas que carregam valores. Nesse cenário, o cooperativismo surge como a alternativa ideal: um modelo de negócio que carrega valores intrínsecos, visando o bem-estar de seus membros ao invés do lucro.

A prosperidade gerada pelo movimento vai além das próprias fronteiras – as cooperativas têm como princípio abraçar a comunidade e frequentemente agem em prol de causas ligadas à sua identidade. A Geração Z tende a pensar no impacto social de suas ações e, portanto, enxerga esse tipo de postura com bons olhos.

Até mesmo o modelo de gestão cooperativista está alinhado às características da Geração Z. Se os jovens não gostam das estruturas rígidas do trabalho formal, por que não integrar um ambiente de gestão participativa? A possibilidade de atuar ativamente nas decisões de uma cooperativa tem tudo para gerar senso de pertencimento nas novas gerações.

Conclusão: um modelo de negócios para as diferentes gerações

Atender e engajar cooperados de diferentes gerações exige reconhecer as particularidades de cada público, equilibrando tradição e inovação. Ao combinar linguagem adequada, experiências integradas e canais diversos, as cooperativas criam relacionamentos sólidos e sustentáveis, capazes de unir Baby Boomers à Geração Z em torno de um propósito comum.

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