Mercado Internacional

Guerra entre Rússia e Ucrânia: entenda como e onde tudo começou
Caso tenhamos que definir uma data de início do processo que levou a atual guerra entre Rússia e Ucrânia, esta seria 2014, quando o presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovych perdeu o poder. A reação russa à troca de presidente na Ucrânia passou pelo domínio sobre a Criméia (região sudeste da Ucrânia), levando ao início de uma persistente rebelião em toda a região leste europeia. O resultado concreto desse conflito civil interno foi o enfraquecimento político da Ucrânia, levando à impossibilidade da sua entrada na União Europeia ou na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Com o fim da Guerra Fria (1989) e o desmantelamento da União Soviética (1991), a OTAN, – organização criada no início da Guerra Fria (1949), com objetivo de impedir a expansão da então União Soviética -, se comprometeu a não avançar em direção ao leste europeu (região na qual está a Ucrânia). No entanto, a partir de 1997 a OTAN voltou a expandir, com a adesão da Hungria, Polônia (vizinha da Ucrânia) e República Tcheca. Nos anos 2000 foi a vez de mais 10 países se juntarem, alguns vizinhos da Rússia, como Estônia, Letônia e Lituânia. Grande parte das nações que se juntaram à OTAN, de 1997 para cá, estiveram sob influência soviética antes.
O presidente russo Vladimir Putin vinha alertando que não permitiria a adesão da Ucrânia à OTAN. A invasão atual ocorreu após o presidente ucraniano dar um ultimato à OTAN com relação a sua entrada na organização. No dia 24/2/2022, após declaração de Putin de que a Rússia não estava segura dada a ameaça contínua da Ucrânia, teve início a invasão. O objetivo declarado foi a desmilitarização ucraniana como forma de proteger populações que seriam perseguidas pelo governo do País.
A guerra entre Rússia e Ucrânia não é uma guerra por domínio de territórios, mas uma disputa por posicionamentos geopolíticos muito maiores. A Ucrânia é apenas o tabuleiro de um jogo de xadrez mais amplo.
A Rússia tem armas atômicas e a possibilidade de uso é real, por mais que não haja clareza sobre as consequências que podem ocorrer caso sejam utilizadas. Essa é uma das principais razões do envolvimento ainda tímido da OTAN e de outras potências na guerra. Até o momento, as medidas adotadas giram em torno da tentativa de isolamento da Rússia por meios diplomáticos e econômicos. O cenário de participação ativa desses atores na guerra atual pode dar margem a uma escalada quase mundial.
A Rússia não dá sinais de que recuará. Se o objetivo antes era impedir que a Ucrânia entrasse na OTAN, agora que a guerra começou, o objetivo passa a ser o de dominar politicamente o país. Ao mesmo tempo, a resistência ucraniana, – subestimada -, os recentes protestos em Moscou e a saída de empresas multinacionais em serviços e produtos antes comercializados no território russo, além das mencionadas sanções vindas governos ocidentais, trazem desafios mais complexos do que o esperado para Rússia.
No cenário de continuidade de sanções econômicas e diplomáticas e não envolvimento direto dos demais países, o fim da guerra ocorrerá quando houver um compromisso formal do governo ucraniano sobre não entrar na OTAN (cenário pouco provável) ou quando o atual governo ucraniano for derrubado e substituído por um governo pró Rússia (cenário mais provável).
Em todos os cenários, as consequências terão efeitos no longo prazo, inclusive nas relações comerciais do Brasil com os dois países – e com o mundo. De um lado, as sanções contra a Rússia devem permanecer. De outro, um eventual governo pró Rússia na Ucrânia, formado pós-invasão, herdará possivelmente as mesmas sanções internacionais. As sanções econômicas e o isolamento financeiro de um país importante como a Rússia, com atuação severa não só de países, mas também de grandes conglomerados empresariais são vieses, cujo impacto a história ainda não viveu para mensurar seus reais impactos.
Ficou interessado nos desdobramentos e consequências que esta guerra pode trazer para o coop? Então acesse a Análise Econômica especial e confira tudo que sua cooperativa precisa saber para ficar atualizada!
*Este post foi escrito em parceria com a consultora estratégica Marina Egydio