O cenário econômico de 2024 já começa a se desenhar. Mas antes de falar sobre as perspectivas econômicas para este ano, precisamos mencionar o que 2023 representou para a economia brasileira e para as cooperativas.

Conforme a análise econômica feita pelo Sistema OCB, o ano de 2023 apresentou progressos na recuperação contínua pós-pandemia. Segundo o boletim, o Brasil, apesar da melhora observada no cenário global, ainda demanda uma abordagem cautelosa e estratégica. Isso se deve ao seu status de economia emergente, que é influenciada tanto pela demanda chinesa quanto pelas variações nos mercados de commodities.

Pensando em como tudo isso pode afetar o cooperativismo, separamos alguns dados e perspectivas econômicas para 2024. Assim, você pode ficar preparado para tomar decisões e planejar o novo ano na sua cooperativa.

Perspectivas econômicas para a economia mundial

Antes de falarmos sobre o Brasil, precisamos abordar a economia global, já que as alterações econômicas de países como China e Estados Unidos afetam o nosso país. Segundo previsão realizada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o crescimento econômico mundial deve desacelerar de 2,9% em 2023 para 2,7% em 2024.

Questões como conflitos entre países e o pós-pandemia fazem parte das causas da possível queda do crescimento. Junto a isso, déficits e crises internas acabam influenciando a desaceleração econômica dos países e seus parceiros comerciais.

De acordo com o analista econômico Maílson da Nóbrega, a perspectiva econômica de crescimento desacelerado também está relacionado ao pensamento de que a interdependência entre países, principalmente com a China, não é algo positivo. A ideia de se afastar de outras nações pode ser ruim para a economia mundial.

“Hoje estão falando em derisking, em diminuir a exposição a outros países, porque a interdependência virou vulnerabilidade. O resultado é um mundo menos eficiente e, portanto, com crescimento menor”, explicou o economista à revista Veja.

Crescimento Econômico Brasileiro

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024 é uma questão central, aponta a análise econômica do Sistema OCB. Após um desempenho mais forte do que o esperado em 2023, impulsionado em parte por um agronegócio robusto, as previsões indicam uma desaceleração da economia. Projeções realizadas pela consultoria EuroMonitor Brasil apontam um crescimento do PIB real de 1,5% para 2024, após uma expansão de 2,6% em 2023.

Um crescimento do PIB é indicativo de um fortalecimento da atividade econômica, refletindo uma maior produção. Inversamente, uma desaceleração do PIB sinaliza uma contração econômica, o que geralmente impacta negativamente o consumo e o investimento.

Por isso, é muito importante entender como a economia brasileira está se saindo e acompanhar essas mudanças para antecipar oportunidades.

Exportações

Diante desse cenário, é inevitável que as exportações não sejam afetadas. Pelo fato de alguns países que importam do Brasil estarem focando na produção própria, as perspectivas econômicas do volume de exportação são voláteis. Mesmo sendo um grande exportador de commodities, o Brasil pode sofrer com as mudanças mundiais.

Vale pontuar que o relatório da ONU estimou que as exportações ao redor do mundo apresentam uma tendência de crescimento para 2024 em relação ao ano anterior. Dessa forma, é importante para as cooperativas se manterem atentas, já que seus negócios podem ser afetados ao longo do ano.

Perspectivas econômicas para as commodities

O cenário das commodities em 2024 também parece positivo diante das condições adversas globais. Sabrina Della Santa Navarrete, coordenadora do curso de pós-graduação em Negócios Internacionais e Comércio Exterior da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), acredita que o Brasil vai continuar sendo um grande exportador de commodities.

Com a demanda mundial aumentando, a indústria brasileira de alimentos vai continuar exportando grandes quantidades de produtos processados e agrícolas. Além disso, o Brasil segue apostando em políticas de sustentabilidade e na implantação da agenda ESG.

“A preocupação crescente do Brasil com a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social também demonstra aos stakeholders, cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais, que o Brasil tem adotado práticas agrícolas mais sustentáveis e que as empresas brasileiras têm incluído a agenda ESG em suas estratégias de negócio buscando mitigar riscos e criar valor no longo prazo”, explicou Sabrina.

O cenário de inflação e juros

Com o crescimento desacelerado e as possíveis crises e déficits influenciando as exportações, pode até parecer que a economia brasileira não vai passar por um bom momento em 2024. Entretanto, as notícias são boas no que se refere a inflação e juros.

O Banco Central ainda apontou que a melhora na inflação pode ser creditada à diminuição das incertezas quando o assunto é a situação fiscal do Brasil. Prova disso é que o IPCA encerrou o ano com variação acumulada de 4,62%, abaixo dos 5,79% registrados em 2022, de acordo com dados do IBGE.

Os juros no cenário brasileiro também estão em queda. Conforme o Boletim Focus, do Banco Central, a perspectiva econômica é que a taxa Selic volte para a casa dos 9% em 2024.

Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os países que aumentaram as taxas de juros durante a pandemia já iniciaram uma política de redução. Por conta disso, é necessário ficar atento em como as perspectivas de mudança no exterior podem afetar o Brasil.

Queda do desemprego no Brasil

Junto a todas as melhoras no cenário econômico brasileiro, o desemprego também está em queda. Segundo dados da PNAD Contínua, a taxa atual é a menor desde 2015.

O Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) também revelou que a geração de empregos formais está cada vez mais elevada. Por conta disso, as contratações aumentaram – e podem continuar aumentando. Esse movimento antecipa um ano de economia mais aquecida e alta no consumo.

Cenário mundial

Entretanto, as perspectivas econômicas do cenário internacional não são das melhores quando o assunto é o desemprego mundial. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), após uma leve recuperação, a taxa de desemprego pode aumentar.

A causa para essa piora é o cenário econômico mundial majoritariamente desacelerado. Segundo o estudo publicado pela OIT, o desemprego vai aumentar de 5,1% para 5,2% em 2024, o que equivale a 2 milhões de pessoas procurando emprego.

Perspectivas econômicas no aumento do consumo

Levando em consideração que a inflação, os juros e a taxa de desemprego têm perspectivas econômicas de decréscimo, a expectativa é que o consumo aumente. Isso porque em dezembro de 2023, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) revelou que o mês de novembro apresentou alta de 1,83% comparada a outubro.

De acordo com a ABRAS, o aumento do consumo nos lares brasileiros foi causado pela queda da inflação, dos juros e do desemprego. Portanto, com as perspectivas positivas para essas taxas, podemos esperar que o consumo em 2024 continue em alta.

Reforma tributária

No final de 2023, a reforma tributária foi aprovada com a inclusão do regime específico de tributação das cooperativas. A definição do tratamento tributário adequado ao cooperativismo é descrito pelo Sistema OCB como a maior conquista do setor cooperativista na última década, explica Márcio Lopes Freitas, presidente do Sistema OCB.

“Essa conquista é a garantia que faltava para dar mais segurança jurídica às atividades das cooperativas e aprimorar ainda mais os resultados que buscam um mundo mais justo, equilibrado e sustentável”, disse o presidente da OCB.

Em suma, o ato cooperativo estabelece um regime tributário específico para as cooperativas, que podem optar por participar ou não dele. O objetivo é que o setor fique mais competitivo.

Dessa forma, a nova legislação deve movimentar o planejamento econômico e tributário do setor cooperativista para o futuro, com perspectivas positivas de competitividade.

Conclusão: é necessário se manter atento

Para que a sua cooperativa continue crescendo, é necessária muita atenção às mudanças no cenário econômico brasileiro e mundial. Apesar das perspectivas econômicas brasileiras serem muito positivas em relação aos anos anteriores, a atenção ao exterior é imprescindível.

Com a queda dos juros, da inflação, do desemprego, e com o aumento do consumo, as cooperativas brasileiras podem aproveitar para prosperarem seus negócios. Entretanto, o crescimento econômico desacelerado ao redor do mundo pode acabar afetando o Brasil.

Pensando no futuro da sua cooperativa e dos seus cooperados em 2024, o NegóciosCoop preparou o boletim Perspectivas e Tendências Econômicas Para 2024. Nele você consegue entender mais sobre as perspectivas econômicas para 2024 e como elas podem afetar sua organização. Vem conferir!